:: 22/maio/2024 . 23:39
O OUTRO LADO DAS COTAS
Estou aqui no campo, no sossego de uma fazendinha de um amigo em Itambé e, entre uma conversa e outra, entrou a questão das cotas para negros, mulheres, homossexuais e outras categorias, especialmente quando se trata de concorrência de projetos de editais, como da Lei Paulo Gustavo onde muitos trabalhos ficaram na suplência ou de fora por conta dessa norma que já veio lá de cima.
Estou aqui ouvindo o canto dos pássaros e quem estiver me acompanhando na imaginação já deve, a esta altura, estar me julgando de racista, misógino, homofóbico ou até de direita retrógrada. Não me importo com pechas negativas sobre minha pessoa porque tenho consciência de que todos nós temos o direito de expor seu ponto de vista, sem censuras.
Cada um tem também o direito de fazer o seu julgamento, mas que seja com argumento e não agressividades pessoais de baixo calão e açodadamente emocional e passional, sem o uso de raciocínio lógico.
Em meu entendimento, considero um absurdo um parecerista ou jurado selecionar projetos a partir da extensão das cotas e não pela sua qualificação e conteúdo cultural-artístico, levando ainda em consideração o seu benefício para a comunidade em geral.
Nos Estados Unidos, salvo engano, o sistema de cotas perdurou por um período de dez anos e depois foi abolido pela política do governo. Como o Brasil sempre procurou imitar programas implantados por aquele país, a ideia era que o tempo de duração fosse o mesmo.
No entanto, este não é o cerne da questão propriamente dito. Independente de raça e gênero (raça é uma só, a humana) todos têm a mesma capacidade, embora os níveis de inteligência sejam diferentes, de disputar a concorrência de um projeto, sem essa de cotas que mais parece com reserva de mercado.
Temos que levar em pauta ainda que no Brasil de hoje com a ampliação dos acessos a outras políticas públicas para as chamadas minorias, não cabe mais essa continuidade das cotas que passaram a ser geradoras de preconceito, ódio e intolerância entre as pessoas.
Na disputa política eleitoreira por cargos eletivos, por exemplo, quando da distribuição dos recursos do fundo, tem gente que recebe mais dinheiro que outro pelo direito às cotas. Conheço candidato que entra com três cotas em dinheiro contra o outro que recebe bem menos para concorrer ao mesmo cargo. Isso é uma concorrência desleal e não é justo.
Prego a igualdade para todos, na palavra de Martin Lutter King, sem a distinção de raça ou gênero, mesmo porque todos têm capacidades, sem essa de reparação, porque no presente ninguém é culpado pelo passado que aconteceu de opressão. Por outro lado, em nossa história, os mais massacrados foram os índios.
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