:: 13/maio/2024 . 22:54
O DIÁLOGO INTERROMPIDO
Da forma um tanto agressiva como os movimentos negros, feministas, LGBTs e mais colocam a questão e o tema em debate, como se fosse uma guerra aberta declarada contra todos os outros, ao invés de unir, no sentido de que todos sejam iguais e merecem respeito e consideração, está cada vez mais dividindo, criando ódio, intolerância e separação.
Alguém, a esta altura deve estar a perguntar aonde eu quero chegar? Primeiro, eu peço liberdade para passar e expressar meu ponto de vista. Segundo, que não seja logo sentenciado e linchado pela caravana enfurecida. Terceiro, que o diálogo em nosso país, nos últimos anos, foi interrompido, e muita gente boa evita falar sobre determinados assuntos para não ser logo taxado de racista, machista, misoginista, homofobista ou outros istas. Não é impondo que se conquista uma sociedade igualitária e justa.
Uma coisa é a pessoa, e são muitas, declarar e praticar o racismo, o machismo ou homofobismo, outra é dar sua opinião como esses problemas vêm sendo postos com rancor e revanchismo. Muitas falas dão um tom acintoso, como se dissesse agora é a vez de nos vingar e partir para violência. Com minha idade, já tomei muitas porradas na vida e não é mais uma que vá fazer diferença.
A escravidão de 350 anos nas Américas e no Brasil, principalmente, foi abominável, mas a humanidade atual não é culpada para ser colocada no tronco, nem ser crucificada. Nas novelas atuais, a Rede Globo (sempre teve DNA burguês), para conquistar sua audiência como defensora das minorias, está se aproveitando disso e enveredando pelo ridículo equivocado, injetando mais veneno.
Os grupos LGBTs têm todo direito de sair às ruas, praças e avenidas e realizarem suas marchas, mas não precisam agredir religiões e se expor de maneira escandalosa. Sabemos que o Brasil é um país conservador religioso e não vai se mudar isso de uma hora para outra jogando pedras e flechas para todos os lados. As coisas podem ser muito bem colocadas de forma respeitosa.
E, por falar em respeito, entendo que todos devem ser respeitados, não somente o idoso, a criança, a mulher, o negro, o homossexual, o portador de necessidades especiais. Assim como o homem não deve e não pode ser agressivo conta a mulher, a recíproca é verdadeira.
A mulher também não tem o direto de pôr o dedo em riste contra o homem. Tanto quanto os homens, conheço mulheres autoritárias e manipuladoras que acham que podem ser assim porque sua categoria foi há anos subjugada e submissa. Não é assim que a banda toca. É um pensamento enviesado e torto.
Em minha opinião, o respeito vale para todos. Não estou aqui entrando na abordagem dos homens que batem e matam mulheres por ciúmes ou outros motivos. Isso é altamente condenável e deve ser combatido. Estou me referindo a atitudes e comportamentos desses movimentos que, no lugar de abrir o diálogo, só fazem interromper.
Não se deve destilar ódio do passado para aqueles que vivem no presente. Nessa toada, ao invés de curar e fechar as cicatrizes, a raiva só faz abrir mais as feridas. Tem gente que já traz, ou guarda consigo ao lado, uma bolsa de veneno para jogar na primeira discussão que lhe desagrade e não esteja dentro do seu politicamente correto.
Infelizmente, o diálogo está interrompido e atravancado. Existe um patrulhamento ferrado onde milhares evitam falar para não ser mal interpretado e rotulado como racista, machista e outras coisa horríveis.
Hoje não se pode ter um debate aberto mais acirrado com certas categorias que foram injustiçadas ao longo dos séculos, senão você será processado no rol da questão de gênero. Você está impedido, por exemplo, de dar sua posição sobre as cotas, como se fosse uma coisa absoluta e intocável.
Esse caminho da revanche, do julgamento precipitado e do dividir vão nos levar a algum lugar de reconciliação? Não existe essa de fala, de arte, de literatura e consciência diferenciadas, de acordo com a cor da pele ou de gênero.
Existem expressões culturais diferentes, como nos ritmos musicais. Respeito quem tem o ponto de vista ao contrário, mas sem essa de agressões e rótulos. Não sou gado para ser ferrado. No lugar da esperança, criamos o medo um do outro. No lugar do diálogo, optamos pelo monólogo. No lugar do debate saudável, a agressão e o ódio.
Na minha cabeça e leitura, as pessoas têm o direito de discordar dos programas “assistencialistas” do Bolsa Família e outras políticas públicas, da união do casamento entre gays, mas não podem sair por aí espalhando sua raiva canina. O outro lado, também não. Todos têm o direito de criticar os governantes, com responsabilidade, sem lançar mentiras e ofensas infundadas.
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