:: 6/maio/2024 . 23:05
AS FORTES ENCHENTES NO RIO GRANDE DO SUL E UM BRASIL DESPEDAÇADO
Asfaltos e pontes sonrrisais, barragens de barro, cidades construídas em terrenos inapropriados, falta de uma proteção consistente em locais de risco e destruição ao longo dos anos do meio ambiente contribuíram em muito para essa tragédia das enchentes de grandes proporções, nunca vista no Rio Grande do Sul.
Chamam todo esse drama de mudanças climáticas bruscas, ou interferência do El Nino, mas, na verdade, é a ação do aquecimento global que a humanidade não quer ver. A situação já está chegando ao ponto crítico que está atingindo os mais ricos dos centros de maior poder aquisitivo, os quais imaginavam que ficariam incólumes.
É hilária, triste, deprimente e primitiva a imagem de homens da defesa civil, se não me engano, colocando sacos de areia e tentando conter a força da água do Rio Guaíba na capital que teve uma boa parte inundada, inclusive todo centro histórico.
As comportas também não resistiram e, nessas horas, não há muita coisa a se fazer, só esperar e contabilizar os prejuízos e as centenas de mortos e desaparecidos. Todo país acompanha as cenas estarrecedoras, cuja responsabilidade maior é do próprio ser humano.
Entre as entrevistas, vi uma mulher culpar a natureza. A humanidade ainda não caiu a ficha de que a terra está em ebulição em decorrência de séculos de depredação do meio ambiente e de que já estamos vivendo em pleno aquecimento global, sem mais retorno porque o consumismo só faz aumentar.
O culpado por tudo isso, minha senhora, é o homem. A natureza apenas está dando a sua resposta pelas agressões sofridas há séculos. Sempre repito e comento que o Brasil era visto antigamente como um paraíso do mundo, sem terremotos, vulcões, tempestades, tufões, tornados e ciclones. Muitos desses fenômenos já estão aqui entre nós, especialmente no sul.
Em minha modesta opinião, digo que temos um Brasil, despedaçado, despreparado, sem estrutura e sem planejamento. Tudo é feito no improviso. Some a tudo isso a corrupção em todos setores, instituições e órgãos governamentais. Alguém aí acredita que depois de tudo haverá mudanças no comportamento preventivo?
Na maioria, as obras são superfaturadas e construídas com materiais de segunda ou quinta categoria. Bastam os rios subirem seus volumes de água para arrastarem pontes e abrirem crateras nos asfaltos, alagando tudo pela frente, principalmente casas feitas em locais inapropriados. Criam-se os gabinetes de crises, as estratégias de socorro e depois tudo volta ao normal como se nada tivesse acontecido.
Na capital gaúcha, por exemplo, nunca se preocuparam em levantar barreiras concretáveis mais altas para evitar uma invasão das águas das chuvas mais torrenciais como acabam de ocorrer. Depois é só limpar os estragos e tudo continua na mesma como se essa tragédia seja a única da história.
Quando acontecem essas catástrofes, como esta agora do Rio Grande do Sul, os governos estadual e federal, sem contar as doações das populações, gastam milhões e bilhões de reais que deveriam ter sido evitados se lá na frente tivessem feito as devidas prevenções, mas o Brasil não é de planejar, prefere a corrupção.
O povo mais pobre é o mais castigado, que fica desalojado e na dependência das campanhas de caridade, mas a intensidade dessas mudanças climáticas (secas, ciclones, tornados e outros fenômenos), provocadas pela ação perversa do ser humano, já está também chegando aos ricos, que devastam o meio ambiente, florestas e margens de rios para edificarem suas mansões.
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