:: 1/maio/2024 . 22:21
O 1o DE MAIO E OS SINDICATOS
Marcha dos evangélicos, corridas de atletismo, churrascos, curtição nas praias, shows musicais, homenagens ao piloto Ayrton Senna e outras atividades festivas no Dia do Trabalho.
Para quem não conhece o Brasil, até parece que aqui é um paraíso de plena harmonia entre o capital e o trabalho onde não existe exploração dos patrões e nem escravismo. Nunca vi em toda minha história um país tão alienado, enquanto em várias partes do mundo ocorreram manifestações de protesto!
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) soltou uma nota tímida falando de justiça social pela dignificação do trabalhador dentro da linha conservadora do cristianismo, bem diferente daqueles tempos da Teologia da Libertação onde condenava abertamente o capitalismo selvagem que só pensa no lucro.
Vejo aqui em grupos das redes sociais gente passando para dar um feliz 1º de Maio, Dia do Trabalho, mas nos tempos atuais do capitalismo cada vez mais predador, não temos muito a comemorar. Tudo isso me faz lembrar dos velhos tempos em que o 1º de Maio era uma demonstração de força dos sindicatos e dos movimentos sociais no Brasil, sem falar pelo mundo a fora, com marchas e até embates com as forças policiais.
Ainda vemos alguma coisa pálida da parte dos grandes sindicatos, como dos metalúrgicos, petroleiros, bancários e petroquímicos. Até as centrais, como a CUT e CGT, as mais fortes, se renderam ao peleguismo, sem contar às mordomias de seus dirigentes quando ainda vigorava o imposto sindical e milhões de filiados que acreditavam nas lutas pelas melhorias dos trabalhadores.
Hoje, vemos os sindicatos, principalmente os pequenos, engolidos pelo capital, que impõe suas negociações frente ao enfraquecimento das entidades e ao desemprego que chegou a mais de doze milhões de desesperados. Dizem que hoje são oito milhões (não acredito muito nessas estatísticas) oficiais.
Até o Ministério do Trabalho baixou sua guarda no âmbito das fiscalizações frente a uma reforma trabalhista – feita pelos patrões e Michel Temer, o drácula – que escravizou a mão-de-obra, limitando os acordos, com o trabalho dos intermitentes, os free-lancer e deixando o empregado desprotegido frente ao empregador que faz sua oferta do “pegar ou largar”.
Hoje é cada um por si (os pequenos sindicatos não têm representação) quando nos anos 50 e 60 até os estudantes, aposentados e outras classes liberais se juntavam aos trabalhadores nas praças para apoiar suas reinvindicações e ampliar seus direitos. O trabalho análogo à escravidão está por toda parte, não somente nas carvoarias, nas colheitas dos campos, em certas áreas da construção civil e nos garimpos de mineração.
Veio a ditadura civil-militar-burguesa e amordaçou os movimentos. Com a redemocratização, o peleguismo voltou (Governos do PT) como nos tempos de Getúlio Vargas (segundo mandado) com festas, sorteios de presentes e shows de cantores sertanejos, de arrocha e sofrência nas praças e avenidas.
Hoje, o que vemos e temos são algumas greves pontuais de professores e outras pequenas categorias que logo se sucumbem por falta de adesão da própria sociedade individualista que só pensa no direito do ir e do vir. As manifestações não arrastam mais multidões como ainda ocorre na França, na Coréia do Sul, Estados Unidos, Inglaterra e até aqui entre nossos hermanos da Argentina, do Chile e outros vizinhos.
Portanto, num país onde o predomínio é a informalidade do empreendedor autônomo por necessidade, e não por vocação própria, não vejo muito a comemorar e desejar um feliz Dia do Trabalho, se quem domina é o capitalismo que dita as regras e trata o operário como escravo.
Sem essa de colaboradores. Isso é um papo furado, conversa para boi dormir. Não passa de uma questão de linguística para dizer que todos estão irmanados numa mesma causa e são iguais. Para comprovar isso estão aí as profundas desigualdades sociais e regionais, mais ainda acentuadas no Norte e Nordeste, a região que sempre foi escrava do sul e do sudeste.
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