(Chico Ribeiro Neto)

Tem gente que tem traquejo e prazer em montar ou consertar coisas. Conta-se que Paulinho da Viola, além de excelente compositor, faz e conserta móveis e gosta de arrumar carros velhos.

Tenho um amigo que tem uns 40 rádios em casa, de tudo que é tamanho. Quando tá chateado, vai lá e desmonta um rádio só pra montar de novo. Se depender disso tô lenhado. Não monto nem quebra-cabeça infantil. Nem no cavalo eu acerto montar e desmontar. Já caí  de uma égua tão tranquila que se chamava “Mocinha”.

Não me dê nada para montar, sofá ou armário. Até o prego que bato na parede fica torto. Admiro meu amigo Noronha, um artista da carpintaria. Basta olhar uma vez para uma cama na loja que ele chega em casa e faz uma igualzinha.

No interior se dizia que uma mesa ou cômoda mal feita, armengada, quando ficava bamba, virou jiga-joga, tá sempre balançando prum lado.

Uma vez, na TV Itapoan, havia um comercial de sofá-cama. Ainda não tinha videoteipe e os comerciais eram ao vivo. Dizia a garota-propaganda: “Esse sofá abre-se com uma leve pressão dos dedos aqui”. Ela tentou e nada. Deu um sorriso amarelo e tentou de novo. Nada. Ela tentou umas 4 ou 5 vezes até que deu um safanão no sofá que virou uma cama. “Viram como é fácil, senhores telespectadores?”

Quando a gente se mudava tinha que levar os parafusos da cama num saquinho separado. Esses parafusos não podiam sumir de jeito nenhum. Problema também é quando a cama desaba no meio de um ato amoroso. Aí só resta sorrir.

Outro amigo comprou uma furadeira e resolveu  instalar um armário de cozinha. Cheio de arte, fez o primeiro furo e jorrou água na cara dele. Ele furou a coluna de água do prédio. Aposentou a furadeira.

A única coisa que sei montar são os sonhos, e alguns ainda acabam ficando jiga-joga.

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