QUEM FOR A ESTE ESTADO BRASILEIRO, PRINCIPALMENTE COMO TURISTA, NÃO DEIXE DE VISITAR A VELHA PIRENÓPOLIS, FUNDADA POR GARIMPEIROS À PROCURA DE OURO NO SÉCULO XVIII. CONHEÇA SUAS LENDAS E MITOS.

Viajar sem compromissos de trabalho para conhecer a cultura e a história de outras aldeias é sempre saudável para a alma e para o corpo. Nem tanto assim quando se faz a negócio, mas pode-se conciliar o útil ao agradável.  Reserve um cantinho em sua agenda. Tem rico avarento que não sabe o que é isso e termina não curtindo a vida. É o que chamo de uma simples passagem sem notoriedade.

De um modo geral, as viagens são cheias de causos e casos que terminam virando livros (Diários de Viagens) e só se completam quando existem aventuras, contratempos e imprevistos para se contar. Ah, em minha trajetória tenho muitas para narrar em nível nacional e internacional. Muitos micos e mancadas! Quando encontro obstáculos, procuro seguir em frente e nunca retroceder e isso serve para o nosso cotidiano como aprendizagem.

Pois é, encarei as dificuldades com minha esposa e resolvemos sair de Conquista para Goiás até Anápolis em nosso “corsinha” ano 2008, que nunca nos deixou na mão, mas, como diz o ditado, sempre existe a primeira vez. Saímos de Vitória da Conquista logo cedo na última sexta-feira, dia 15/03, bem animados e ansiosos para abraçarmos as novidades. Pegar a estrada é sempre uma renovação!

Ia tudo bem e já planejando o local de pernoitar (em Rosário, divisa da Bahia com Goiás) para seguirmos até o nosso destino final. Acontece que entre Caetité e Igaporã, o motor do carro esquentou – ainda bem que, ao trancos e barrancos chegamos na cidade – e a primeira providência foi procurar uma oficina. Ainda era umas 11 horas da manhã. Ainda tinha muito chão para cortar.

Cheios de bagagens (dez no total) decidimos seguir em frente e pegamos um ônibus por volta das 18h30min da “Bahia Central” (Companhia da Novo Horizonte) até Brasília. Falei que nunca iria utilizar esta empresa por causa da sua folha corrida complicada em termos de acidentes. Queimei a língua!

Imaginem uma noite de sofrimento num carro desconfortável de poltronas duras e nos solavancos de lá e pra cá, sem conseguir dormir! Lembrei da viagem que fiz de trem da fronteira da França para Lisboa, em Portugal. Uma noite de estrangeirada onde um casal de jovens perturbava e ainda veio a polícia me acordar na madrugada para revistar meu passaporte.

Tive que controlar meu psicológico para no final chegar a Anápolis (meu filho foi me pegar em Brasília) no outro dia às 11 horas. Chegamos aos cacos, mas fui logo tomando uma gelada para esfriar a cuca. Com todos exageros possíveis, foi uma viagem hercúlea, mas valeu a pena.

Venci mares e terras, monstros e anjos. Foi como se tivéssemos vencido uma batalha. Agora é só comemorar a vitória, pensei com meus botões. À noite, tomamos um vinho e ainda tive que “amargar” a desclassificação do Fluminense para o urubu do Flamengo. Coisas da vida e do futebol.

No entanto, o melhor estava por vir quando no domingo, já mais descansado, fomos à velha cidade de Pirenópolis. Alguma coisa semelhante com uma cidade dos Pirineus, na Europa, de clima agradável (neste tempo muito calor e chuva), montanhas com matas exuberantes, antigos casarões, cachoeiras em abundância e um dedo de prosa de histórias interessantes com um velho repórter da Manchete, agora comerciante de um estabelecimento de cachaças.

Conversamos até sobre as loucuras do fotógrafo Gervásio, as tiradas e as arbitrariedades do coronel governador Antônio Carlos Magalhães, a ditadura civil militar de 1964 e como os jornalistas tinham que se virar para levar uma boa matéria para a redação de uma forma que não fosse preso. O pessoal (Vandilza, meu filho Caio, sua esposa Larrisa e o menino Samuel) me apressava, mas o papo não terminava entre uma conversa e uma cachacinha da boa.

Muita coincidência! Talvez fatos do destino para começar a enriquecer minha viagem, fazer esquecer o outro dia e renovar as energias para curtir a cultura e o patrimônio arquitetônico colonial da nossa Pirenópolis goiana, terra muito conhecida no Brasil pelos grandes nomes da música sertaneja.

Em seu destaque, como em toda cidade histórica, conhecemos a Igreja do Rosário, fundada por portugueses, e tive o prazer de papear com aquela gente cordial e hospitaleira que sabe receber bem o turista. Por si só, as fotos que cliquei da minha Nikon dizem tudo.

Pirenópolis foi um dos primeiros municípios de Goiás. Foi criado com o nome de Minas de Nossa Senhora do Rosário Meia Ponte pelo minerador português Manoel Rodrigues Tomar, ou Tomás, de acordo com alguns historiadores.

A cidade foi fundada como um pequeno arraial, em 1727, por Manoel Rodrigues, chefe de um grupo de garimpeiros. Ela é hoje apelidada carinhosamente de “Piri” pelos turistas. Sobressaiu-se como o berço da imprensa em Goiás através do seu primeiro jornal denominado de Matutina Meiapontense.

Em Pirenópolis acontece todos os anos, 45 dias após a Páscoa, a popular festa do Divino Espírito Santo envolvendo cavalos montados (famosas cavalhadas). Sua economia é baseada no turismo, no artesanato e na extração de pedras que leva o seu nome. A cidade foi tombada como patrimônio nacional, em 1989.