São treze anos de história cultural que nasceu do encontro entre os amigos Jeremias Macário, Mannu Di Souza e José Carlos D´Almeida que tiveram a ideia de criar o grupo “Vinho Vinil”. Isto ocorreu em 2010 num bate-papo descontraído entre uns comes e bebes festivo. Para comemorar esses treze anos, decidimos realizar um documentário como forma de registrar sua história.

Como a própria denominação já diz, o objetivo era unir as duas coisas, mas com o propósito principal de valorizar o velho vinil. A ordem era não se ouvir músicas de outras mídias, tocar viola e nem tomar outra bebida que não fosse o vinho.

Não demorou muito e outras pessoas foram se juntando ao grupo. Em pouco tempo, o “Vinho Vinil” se transformou num sarau, com cantorias variadas, declamação de poemas, contação de causos e a liberação de se tomar outras bebidas, mas o vinho permaneceu como carro-chefe.

O “Vinho Vinil” tomou outras proporções e formatos se tornando “Sarau a Estrada”, realizado no Espaço Cultural que leva o mesmo nome, sempre com um tema central na abertura. Durante sua existência, os participantes acreditam que seja o sarau mais longevo em Vitória da Conquista.

Mesmo no período da pandemia da Covid-19 (2020/22), quando as pessoas foram obrigadas a se isolar para não serem contaminadas, o Sarau A Estrada continuou a funcionar de forma virtual através de lives e produzindo vídeos de textos poéticos autorais, nas pessoas de Jeremias Macário, Vandilza Gonçalves e D´Almeida.

Como resultado, foram gravados dois curtas-metragens (“Coronavid” e “Brasil, Nunca Mais”) de mais de 20 minutos cada, sendo que um deles foi contemplado num edital da Prefeitura Municipal de Conquista. Esses vídeos foram distribuídos em redes socais e entre o grupo do sarau.

Durante esses anos, além do lançamento de um CD com músicas e poemas autorais, bem como uma apresentação no Teatro Carlos Jheovah, debatemos questões culturais, políticas e sociais abordando diversos temas, como educação, carnaval, cultura conquistense, os movimentos políticos de 1968, folclore nordestino, literatura, escritores do Nordeste, história da música popular brasileira, escravidão, o povo cigano, Gregório de Mattos, Castro Alves, cordel, cinema, Glauber Rocha, dentre tantos outros. Como o sarau é eminentemente cultural, evitamos colocar em discussão política partidária.

Com a participação de estudantes, jovens, artistas em geral, intelectuais, professores e demais interessados, o Sarau A Estrada tem hoje sua própria história e identidade, sob o comando de uma comissão organizadora.

Nesses treze anos de fundação ocorreram muitos fatos interessantes e curiosos, como lançamento de um filme e livros, os quais merecem uma crônica ou um artigo literário. Muitos, inclusive, já sugeriram o seu tombamento municipal por se tratar de um evento de utilidade pública.

Nas lentes das máquinas fotográficas e dos celulares, nos debates de diversos temas, no bate-papo fraternal e acalorado, nas contações de causos, nos casos de pessoas que aqui pernoitaram, nas pessoas que já partiram para o outro lado, nas declamações de poemas, nas cantorias dos violeiros, nos amores encantados e nas trocas de ideias, o “Sarau A Estrada” é conhecimento, saber e aprendizagem. Como já foi dito, o evento é realizado no Espaço Cultural A Estrada de dois em dois meses de forma colaborativa e democrática.