TEMOS MAIS DE 50 MILHÕES DE PÁRIAS: A MAIOR VERGONHA BRASILEIRA

Para começar, não sou contra ao pacto para socorrer e dar comida para a pobreza extrema que passa fome, mas todos sabem que não é a solução. Há 30 anos houve a campanha do “Betinho”, e a situação de lá para cá só fez piorar. A briga, nua e crua, é partir para uma luta de manifestações e cobranças por políticas públicas que melhorem as condições e a autoestima do nosso povo.

Só não enxerga essa realidade quem é cego, mudo e surdo. Cego porque prefere não ver, mudo porque fica em silêncio profundo e surdo porque não quer ouvir. A questão é matemática. As mordomias e a corrupção dos poderes, mais a ausência de um líder sem medo de enfrentar esse Congresso calhorda e canalha, mais a     falta de educação, é igual a fome. As fórmulas estão erradas e a equação nunca bate.

O PT passou 20 anos no poder e não resolveu o problema. Veio um satanás seguidor da morte, com seus impropérios nazifascistas de desagregação humana exclusiva e piorou ainda mais o quadro. Nos últimos anos só nos dão pestilências, ódio e intolerância. Eles são os verdadeiros culpados por tudo que está acontecendo de ruim.

O que o nosso pobre-rico país precisa é de uma liderança forte, desprendida do poder, que se coloque ao lado da vontade popular, de modo que o Congresso fique sem ação e uma carta na manga para depor o presidente. Sempre tem acontecido o contrário: É o presidente que se rende e se torna refém. Essa é uma praga que temos que extirpar do nosso organismo.

Por que não jogar esse legislativo contra o povo? Basta ter seriedade, honestidade e vontade política, unindo a população num mutirão de programas sociais que insiram essa gente no mercado de trabalho. Por que não abrir frentes de serviços de obras na área pública, aproveitando esse contingente desempregado não especializado para ganhar seu próprio dinheiro, ao invés das esmolas de doações e auxílios da miséria?

Mais uma vez, nada contrário ao pacto porque, como se diz, a fome tem pressa, mas cadê nossos estudantes, trabalhadores, intelectuais, artistas, ongs e entidades sindicais nas ruas para protestar e exigir mudanças urgentes nessa política eleitoreira de perpetuação do poder? Essa elite arcaica, burguesa e oligarca precisa ser pressionada e banida através de boicotes, porque ela não admite repartir e ver a classe inferior subir em suas condições de vida.

Até quando vão perdurar esses pactos da fome, essas campanhas de doações e esses auxílios, até para taxistas e caminhoneiros, quando se sabe muito bem que a realidade já nos ensinou que não são essas medidas comodistas que vão colocar nosso Brasil no rumo do desenvolvimento e da distribuição de renda? “Errar é humano, persistir no erro é pura burrice”, e é isso que estamos a fazer por séculos e séculos.

Dezenas de governos se passaram e o nosso país só fez envelhecer, cheio de doenças crônicas por todo seu corpo doido, sempre entre a UTI e a enfermaria, com pequenas altas médicas que logo sofre recaídas e volta ao mesmo estado de saúde frágil, com seu sistema imunológico debilitado e aos frangalhos.

Historicamente temos um povo sem revolução, sem a “ira” da indignação, individualista e submisso de cabeça baixa pela sua própria cultura, ao contrário de outras nações que reagem com suas revoltas, inclusive com exemplos de vizinhos e hermanos ao nosso lado, que partem unidos na busca de melhoras sociais.

A nossa alienação e indiferença nos levaram a sermos detentores da mais profunda desigualdade social, de piores índices na educação e no tratamento da saúde, de sermos considerados um dos mais violentos com registros de matanças e massacres em massa, sem contar as constantes violações dos direitos humanos e desrespeito às diferenças de gêneros e a cor da pele.

Sem os requisitos da indignação e revolta, não são esses pactos ocasionais para alimentar a fome que vão nos dar dignidade e levantar nosso orgulho de sermos brasileiros. Não vão devolver nossas esperanças e nem revigorar a fé. Por estas e outras é que os estrangeiros passaram a ter pena de nós.

Com esses populistas oportunistas de plantão que estão aí só de olho no poder, o medo vai continuar, mesmo com esses pactos paliativos que entram em modo, arrebanham a adesão eufórica de multidões, sem pensar e refletir, de modo a usar mais a razão que o emocional. Estamos numa encruzilhada perigosa de um semáforo, onde o avançar sem o raciocinar pode nos levar aos acidentes da morte.