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:: 3/jun/2022 . 1:13

SÃO SALVADOR DA CIDADE BAIXA

Foto de Jeremias Macário

Uma imagem da Cidade Baixa da capital São Salvador onde estão localizados o Mercado Modelo, o Museu do Som, o imponente Elevador Lacerda, a Marinha e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Saudades das festas de largo. Bem nessa encosta da montanha, as ondas das águas do mar batiam no entorno da velha “serra do índio tupinambá”, quando aqui chegou o primeiro governador Thomé de Souza. Com o tempo, o mar foi sendo empurrado para mais distante, dando lugar a moradias, e depois prédios comerciais, bancos, um porto mais moderno, empresas de exportação e importação, lojas, bares e restaurantes, a Associação Comercial e outras instituições, como a sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia. Até os anos 80, o local representava o centro comercial e financeiro da capital, mas tudo isso depois foi deslocado para as bandas da hoje Avenida Bonocô, Iguatemi e Centro Administrativo, na Paralela, destruindo boa parte da Mata Atlântica.  É o progresso desumanizando a vida e impactando o meio ambiente. Lembro muito bem dessa efervescência capitalista quando era repórter de economia do jornal “A Tarde”, e era ali onde estava minha principal matéria-prima das reportagens jornalísticas do dia a dia. Conheci, praticamente, cada edifício, andar por andar onde estavam instaladas minhas fontes. Numa época, entre os anos 90 e 2000, a chamada Cidade Baixa virou uma cidade fantasma, só tomando novo impulso de atividades nos últimos anos, mas ainda de forma tímida. Mesmo assim, ali ainda reside a história da Baia de Todos os Santos da São Salvador.

BA-HIA

Versos de autoria do jornalista Jeremias Macário

Ba-hia, rainha do mar,

Baia de Todos os Santos,

Do índio tupinambá,

Das mitologias dos orixás,

Aprendi a fazer essa prosa,

No Seminário de Amargosa,

Ba-hia escrita com “H”.

 

Ba-hia dos cancioneiros,

Abençoada pela natureza,

Gil, Caetano, Novos Baianos,

Raul “Maluco Beleza”,

Do Rio e São Paulo, pioneiros,

Do Águia de Haia para o mundo,

Ba-hia encanto do canto profundo.

 

Ba-hia de São Salvador,

Mistérios e dos Terreiros,

Com seu manto de igrejas,

Senhor do Bonfim ou Oxalá,

Nos guie e nos protejas,

Raízes jejes, nagôs e iorubá.

 

Ba-hia do sertanejo catingueiro,

Resistente menino de pés no chão,

Filho do cacto e do mandacaru,

Nordestino, estrangeiro no sul.

 

Ba-hia de se perder de vista,

Nas histórias de Jorge Amado,

Dos coronéis de Itabuna e Ilhéus,

Tem cacau, café e o sol de Jequié,

Memórias de Vitória da Conquista,

Anísio Teixeira de Caetité,

Filmes de faroeste agreste,

Glauber, Elomar menestrel,

Repentistas versando nas feiras,

E grãos do oeste Barreiras.

 

Ba-hia do gado de Itapetinga e Caatiba,

Tem a Chapada Diamantina;

Foi lá que namorei uma menina,

No Piemonte de Piritiba,

Com ela fui me banhar,

Nas águas do São Francisco,

Virei pescador ribeiro,

Nas fartas frutas de Juazeiro.





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