De quatro em quatro anos, aliás de dois em dois, eles fazem “mudanças” ou remendos em seu sistema oligárquico oligopolista para que as coisas continuem no seu mesmo lugar. Elas estão chegando como sempre, antes de serem oficializadas por lei, com o açoite do reio cru no lombo dos mais fracos, que se rendem ao canto da sereia, na vã ilusão de melhores dias para se libertar do jugo da opressão.

Claro que estou me referindo às ditas cujas eleições onde os candidatos transgressores das normas já estão em plena campanha, com xingamentos, ódios, bravatas, mentiras, truques, intolerância e até ameaças de golpe, para que elas não aconteçam. Como um vício incurável, os dependentes “químicos” entram de cabeça na onda deles e se dividem na disputa para ver quem escolhe o pior, o mais ladrão, o mais corrupto, impuro e falsário.

Todo bruto esquema é montado com antecedência, e grupos se formam com os bilhões de reais de suas próprias presas para vencer a maratona do poder. Nesse ciclo nojento, infestado de sujeiras, o caçador sempre vence a caça, que é levada para seu altar dos sacrifícios humanos, em rituais dos mais macabros. Tudo não passa de um banquete masoquista onde irmãos odeiam irmãos e até famílias se separam.

Elas têm o nome chamadas urnas “democratas” ao molde tupiniquim, ultrapassado e arcaico onde se apertam os números dos votos que sempre elegem os mesmos cafajestes, porque tudo já é montado e estruturado para que não haja muitas renovações. Manda quem tem mais bala na agulha. As vítimas incultas e ignorantes são facilmente fisgadas e caem direitinho nas manjadas armadilhas ou alçapões da morte.

Depois, é só se fartar da gorda caçada com muitas orgias, comes, bebes e arrotos em suas mansões, longe das ralés desiguais sociais e famintas das degradantes periferias dos esgotos a céu aberto. A quem interessa toda essa campanha maciça para que os meninos manipuláveis de 16 a 18 anos vá ao encontro delas e votem?

Todos aqueles que se consideram inimigos na disputa se tornam castas amigas da mesma irmandade “religiosa”, cada um em nome do seu Deus, com tapinhas nas costas. Concluída a farsa, é só partir para o abraço e conchavos nos momentos certos, para cortar gargantas e decepar as pobres cabeças.

NAS CILADAS DA LUA CHEIA

Há cerca de uns três anos fiz uns versos intitulados “Nas Ciladas da Lua Cheia”, musicada pelo grande compositor e músico Papalo Monteiro que, no sentido figurado fala dos lobos que ficam moucos nessa época das eleições, no Planalto prateado do céu tropical, onde os bandos fazem sua ceia, vinda do arado suado do braço serviçal.

Prossigo falando sobre as hienas que viram renas na lua cheia, para a engorda gulosa do grande dia, enchendo seus trenós em cada aldeia, para mais quatro anos de mordomia.

Os ratos armam ciladas na lua cheia; os malignos vendem gatos por lebre; a mente fraca se encanta com o canto da sereia; e quem paga o pato é a plebe. Depois dessa festa, a chama da fé começa a minguar; o fio da esperança vai-se embora; chora o velho, a senhora e a criança, na falta da justiça, do remédio e do pão, e do direito de viver e sonhar de nunca mais ser boiada de patrão.

Arremato no final, dizendo que, no aboio ou no rasgo da guitarra, vamos embora gente valente. Não fiquei aí na espera do Deus dará. Vamos acabar de vez com a farra dessa corja bicharada em nosso lar, sem mais raposas uivando em nosso luar.