A liberdade de expressão de um artista num show musical, quanto mais quando não conta com recursos públicos, não pode ser cerceada, como aconteceu neste final de semana no Festival Lollapaloza com Pabllo Vittar e Marina que se colocaram a favor do ex-presidente Lula.

A manifestação não pode ser encarada ou classificada como propaganda politico-eleitoral, conforme interpretou um ministro do Superior Tribunal Eleitoral, que determinou a proibição e ainda estipulou multa de 50 mil reais para cada vez que a ordem fosse desobedecida.

Trata-se de mais uma decisão inusitada, como sempre tem acontecido neste pais, que nos últimos anos vive sob ameaça de uma ditadura. Quando uma empresa contrata um artista, ela não pode dizer o que ele deve ou não falar. O partido do PL acionou a corte sob o argumento de que a posição dos artistas caracterizou uma propaganda política. E se fosse ao contrário?

Não estou aqui defendendo partido “A” ou “B”, ou nome de quem quer que seja, mas sim a favor da liberdade de expressão. Num palco, o artista fala o que quiser, desde que com responsabilidade, que não ultrapasse o limite do respeito ao outro, ou use o microfone para atentar contra a democracia.

A empresa do Festival alegou que não pode agir como censora privada, controlando e proibindo o conteúdo de falas de artistas. O cantor Marcelo D2 recorreu ao Supremo Tribunal Federal. Na sexta-feira, durante sua apresentação, Pabllo gritou “Fora Bolsonaro”.

O artista ainda desceu até a plateia e ergueu uma bandeira com a imagem de Lula. A cantora britânica Marina xingou o capitão-presidente Bolsonaro e o russo Vladimir Putin.

O movimento “Cala Boca já Morreu” também se posicionou contrário à decisão do ministro do TSE. São essas e outras coisa neste Brasil que aos poucos vão minando nossa democracia, daí a necessidade de todos estarem vigilantes contra esses absurdos.