Fico aqui a pensar com meus botões. O que os refugiados venezuelanos vêm fazer em terras brasileiras, numa situação tão crítica de milhões de desempregados, inflação alta, milhões passando fome e, acima de tudo, com um facínora no governo? A única explicação é o desespero ou falta de conhecimento sobre o nosso país.

Dividir o pão da pobreza só aumenta mais ainda a miséria. É como cobrir um para deixar o outro descoberto. Não se trata de questão de xenofobia ou ser contrário à entrada de refugiados no Brasil. Eles entram de forma clandestina pela fronteira do Norte e, simplesmente, viram moradores de rua se somando aos brasileiros. São cenas degradantes.

As prefeituras locais não têm recursos para acolhê-los de forma digna. Soldados do exército e funcionários fazem o cadastramento da esperança e tocam os refugiados em lotes para outros estados. Alguns conseguem uns bicos e outros são explorados como escravos ou caem na prostituição, no caso das mulheres. Ainda tem aqueles que ficam a vagar nas sinaleiras como pedintes com um cartaz, “ajude, tô com fome”.

Aqui em Vitória da Conquista, por exemplo, muitos deles são vistos por aí nos semáforos e esquinas rogando por uns trocados. Praticamente, a totalidade desses refugiados tem baixo nível de instrução e já chega aqui com uma mão na frente e outra atrás. Que tipo de trabalho eles conseguem num mercado que não tem condições de abrigar os 15 milhões de desempregados brasileiros?

Vamos ser racionais. No momento atual, o Brasil seria um dos últimos lugares do mundo propício a receber refugiados. Se estivesse numa boa, os daqui não estariam furando o cerco das fronteiras para irem para os Estados Unidos e até países da Europa por outras vias.

Ver esses venezuelanos chegando aos montes no Brasil é mais sofrimento humano. É mais aflição social e mais miséria para se administrar. As campanhas de doações já não estão dando conta para socorrer os que estão aqui sem o pão para comer. A fila da pobreza parece não ter fim.

Eles saem de lá com o sonho de uma vida melhor, justamente em um Brasil dividido pelo ódio e a intolerância. Num Brasil onde a extrema-direita fanática religiosa é símbolo da negação da ciência e prega a xenofobia, a homofobia e o racismo. Um Brasil onde o capitão-presidente quer rasgar a Constituição e fazer uma só dele na base do arbítrio e da tirania. É o mesmo que sair de um curral para entrar em outro ainda pior. Não sabem o que vão encontrar pela frente em suas vidas. Não adianta tentar fugir da realidade e querer tapar o céu com uma peneira.