O HOMEM QUE CHORA
Versos inéditos do jornalista e escritor Jeremias Macário
O homem em seu interior chora,
E lá fora bate o vento atrás do monte,
Até no horizonte onde secou toda fonte.
Nuvens anunciam tempestade de chuva,
Foguetes voam nesse espaço de engaço,
Da terra que produz da mandioca a uva,
Mas morre de fome a criança sem nome.
No infinito solitário da eternidade,
Náuseas desse falso existir solidário,
O homem perdeu seu sonho e o amor,
E só lhe restou a dor da tirana saudade,
Na espera de um verde no calendário.
Repente, repentistas desse Nordeste,
Cantam esse chão cauboy faroeste,
Do retirante a vagar com sua viola,
A solar a canção do homem que chora,
Nas noites frias a pedir uma esmola.
Sou a voz desse homem que chora,
Que perdeu a fé até em Nossa Senhora,
Sou a voz desse homem que chora,
Por justiça social que virou pedra de sal.