Esse enredo ainda não teve um final conclusivo, e não terá, que seria a apuração rigorosa dos fatos que já resultaram na morte de oitos ciganos de uma mesma família (um menor não está na conta).

Pelas informações da Polícia Civil, eles e o pai, de 58 anos, que se encontra preso, participaram, no último dia 13 de julho, no distrito de José Gonçalves, em Vitória da Conquista, do duplo assassinato do tenente Luciano Libarino Neves e do soldado Robson Brito de Matos.

Enquanto a tragédia, com requintes de violência, escorraçou os ciganos de Conquista, suas “excelências” foram diplomadas com elogios pela atuação, como o 1º cl Cleonildo Silva Lima, lotado no 3º Pel/Anagé pela diligência que culminou na apreensão de três armas de fogo e auto de resistência de três ciganos que, de acordo com a própria corporação, fizeram parte dos assassinatos, no dia 13 de julho.

A diplomação não fala explicitamente em mortes, cujos cadáveres foram vilipendiados (profanados) no Hospital de Anagé). A condecoração lembra coisa de período de guerra contra um inimigo externo. Será o caso dos ciganos? Devemos comemorar operações que resultam em mortes de seres humanos? Ou eles não são?

Nessa “guerra” de violências, doze pessoas da etnia cigana fugiram de um abrigo do Programa de Proteção a Vítimas de Testemunhas (Provita/SP) porque descobriram que o dono da casa alugada para protegê-las seria de um policial militar, segundo informações do presidente do Instituto dos Ciganos do Brasil (ICB), Rogério Ribeiro. É o mesmo que colocar a raposa no galinheiro. Se é verdade, que proteção é essa?

Entre essas pessoas está a matriarca de 52 anos que teve oito filhos mortos em confronto com as guarnições da polícia militar, conforme notas divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Outros dois filhos estão foragidos. Com a mulher estão ainda quatro noras viúvas e sete crianças (seis netos e uma filha). Sabe-se que uma outra filha também se encontra em local ignorado, com três filhos.

Segundo Rogério, o grupo que fugiu apavorado do abrigo foi resgatado em uma rodoviária, com ajuda de outras famílias ciganas, e encaminhado a outro local mais seguro. Disse que essas pessoas precisam de ajuda, pois saíram de Conquista sem nada levar, como nos velhos tempos das correrias ciganas.

Ainda muito abalada, a matriarca da família divulgou um áudio onde implora que os filhos foragidos se entreguem à Polícia Civil. Ela se dirige, principalmente, ao mais jovem, afirmando que está sofrendo muito com a morte de seus oito filhos e teme pela vida dos demais.

Em matéria no jornal “A Tarde”, edição de ontem (dia 5/08), a assessoria da Polícia Civil confirmou que o procedimento com relação ao duplo homicídio dos policiais militares foi concluído na semana passada pela DH-Conquista, e está sendo encaminhado para a Justiça. Diz a nota que os detalhes do caso não estão sendo divulgados nesta fase das investigações.