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:: 3/jul/2021 . 1:37

“REMANSO-UMA COMUNIDADE MÁGICO-RELIGIOSA” (II)

“A CONSCIÊNCIA MINERAL DA MAGIA”

“O diamante chama o seu dono através de luz e som: o garimpeiro ouve batidas nas picarras e vê a luz correr a serra”. … O diamante é visto como ser encantado”…

A obra dos acadêmicos Ronaldo Senna e Itamar Aguiar é dividido em seis  capítulos: A Consciência Mineral da Magia, Garimpagem do Diamante de Minis Gerais à Bahia, Garimpagem e a Cultura Diamantina na Bahia, O Jarê, o Garimpeiro e os Diamantes em Lençóis, Comunidade de Remanso e Marimbus, Joia Viva da Natureza.

Em “A Consciência Mineral da Magia”, os professores colocam o homem garimpeiro como um deslumbrado pela magia do diamante, com sua cultura e ritos que procura sair das trevas para se encontrar com a luz que é a pedra preciosa, a qual irá transformá-lo. Falam da dualidade benefício/malefício.

“O diamante em seu estado bruto, natural, puro, tende, normalmente, a ser visto como portador maior do encantamento – nas suas mais diversas manifestações – que aquele que já se encontra lapidado, com mais equilíbrio e brilho”.

“O homem é um ser que se criou a si mesmo ao criar a linguagem” (Paz, 1990,p. 34) … O homem constrói sua própria natureza…( Berger, 2001, p 72).  Nesse capítulo, os autores destacam que “a sacralidade faz o homem sair do seu casulo, interagir com a sobrenatureza necessária e responder as perguntas mais exultantes que a si mesmo sempre fez: Quem sou eu, de onde vim e por que estou aqui”?

“Não há luz sem trevas, enquanto o inverso não é verdadeiro”… (Durand, 1989, p, 49). Quanto a esse enunciado, os escritores ressaltam que tanto o conhecimento como a sabedoria, são vistos comumente como a luz que se projeta sobre as trevas; A luz do conhecimento e do saber que aclara e realça os elementos das trevas e da ignorância”.

Ronaldo e Itamar fazem uma descrição do poder do mito, do encantamento da pedra que encanta o homem. Reza a mitologia, que cada pedra preciosa tem o seu dono único. Ele, o homem, crê nessa magia e, por isso, muitos garimpeiros recorrem ao Jarê, ao orixá que vai lhe conduzir, lhe orientar para que o diamante seja só seu.

Os escritores de Remanso, antes de falar diretamente sobre a comunidade afro-brasileira, e não propriamente quilombola como muitos a consideram, descrevem sobre o poder do diamante que risca e corta. “Sim: Aquilo que risca e corta possui, em sua natureza, o poder de escolha do objeto ou do outro (daquele) a ser atingido”.

“…O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada através de perspectivas múltiplas e complementares”. ( Eliade, 1972, p, 11). Sobre o encanto do diamante, os acadêmicos citam a crença que concebe a união espiritual do diamante com os astros. “Para cada estrela no céu existe um diamante na terra e, nenhum garimpeiro conseguirá apanhá-lo se a força de seus astros não permitirem o bambúrrio”…

Na história do imaginário, Ronaldo e Itamar lembram frases populares como, um é pouco, dois é bom e três é demais. Cavalo ganhou uma vez, sorte; duas, coincidências; cavalo ganhou três vezes: Aposte no cavalo – dito chinês. De acordo com um velho garimpeiro, o diamante tem três “Ds” – diamante, dia e dono. Os autores relatam sobre a chegada das dragas quando, então, os garimpeiros perdem suas obrigações rituais, perdem a magia e deixam de procurar o Curador Jarê.

 





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