Conterrâneo do cantor e compositor Roberto Carlos, o cronista Rubem Braga nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, em 12 de janeiro de 1913, véspera da I Guerra Mundial. O menino travesso era filho de Francisco Carvalho Braga e Raquel Coelho Braga. Começou seus estudos no colégio de dona Palmira Wanderley.

Sua biografia, história e crítica são contadas em “Literatura Comentada” por Paulo Elias Allane Franchetti e Antônio Alcir Bernardez Pecora. Tempos depois de muita curtição no interior, de férias na fazenda e na praia, Rubem Braga foi morar em Niterói onde terminou os estudos secundários em 1928.

No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, mas em 1931 transfere-se para Belo Horizonte onde concluiu o curso. Trocou a advocacia pelo jornalismo. Seus primeiros ensaios literários foram em “O Itapemirim”, no Grêmio do Colégio.

Em Cachoeiro, manteve uma crônica regular o “Correio Maratimba”, no Correio do Sul, jornal fundado pelo seu irmão Armando.   Em Minas, ainda como estudante, entra em contato com a imprensa e faz suas crônicas na redação do “Diário da Tarde”.

Em 1932, no Governo de Getúlio Vargas, ele já tinha 19 anos e enfrentou uma aventura durante a revolta dos paulistas. Com a Revolução Constitucionalista, Braga é enviado pelos “Diários Associados” para fazer uma reportagem na frente de guerra da “Mantiqueira”, do lado getulista.

Como o jornal era favorável à Revolução, o repórter foi preso em Manacá, sob suspeita de espionagem e enviado de trem para Belo Horizonte onde foi libertado. As notícias referentes às vitórias paulistas eram censuradas e as que expunham insucessos eram barradas pelo jornal.

De Belo Horizonte, Rubem Braga foi para São Paulo e, em fins de 1933 torna-se cronista e repórter do “Diário de São Paulo” onde estavam Alcântara Machado e Mário de Andrade. Segundo um jornalista, “há plantas que nascem e crescem depressa; outras que são tardias e secas”.

A amizade de Rubem com Antônio se assemelha às primeiras, e a com Mário às últimas. Quando Alcântara foi para o Rio de Janeiro, em 1935, convidou o amigo para trabalhar no “Diário da Noite”. Rubem também escreveu para “O Jornal”.

Depois da morte de Alcântara Machado, ainda em 1935, Rubem vai para Recife onde dirige a página policial do “Diário de Pernambuco”. Pela primeira vez consegue publicar uma notícia de suicídio, contrariando a filosofia do jornal. Com o desentendimento, funda a “Folha do Povo”, apoiando a Aliança Nacional Libertadora.

Em setembro vai para Porto Alegre e depois para o Rio onde trabalha no jornal “A Manhã”. Com a reação à tentativa de golpe comunista, o jornal é fechado, e o repórter desempregado. Braga deu a volta por cima. Em 1936, a editora José Olympio edita “O Conde e o Passarinho”, o primeiro livro do jornalista com as melhores crônicas, com boa aceitação.

No mesmo ano retorna a Belo Horizonte e trabalha na “Folha de Minas”. Logo que se casou, voltou ao Rio e depois São Paulo onde fundou a revista “Problemas”. Em 1937, em 10 de novembro é decretado o Estado Novo. Ele acompanha a notícia pelo rádio da casa de Oswaldo de Andrade com o amigo Sérgio Buarque de Holanda.

Em 1938 já está no Rio de Janeiro escrevendo para o jornal “O Imparcial”. Com Samuel Wainer e Azevedo Amaral, funda a revista “Diretrizes”. Perseguido pelo regime Vargas, se refugia no sítio de Carlos Lacerda. Quando Ademar de Barros é nomeado interventor em São Paulo, é para lá que Braga vai. Irrequieto, de lá segue para Porto Alegre, em 1939, onde trabalha no “Correio do Povo” e na “Folha da Tarde”.

Quando começa a II Guerra, Braga entrevista um membro da colônia polonesa que, com júbilo comemora o episódio, entendendo que dessa vez a Polônia teria a oportunidade de esmagar a Alemanha e a Rússia, mas só que ocorreu o contrário. Como comentarista político, chegou a ser preso e enviado de navio para Santos. Acontece que ele consegue desembarcar em Paranaguá, no Paraná, e de lá vai para São Paulo onde trabalha em “O Estado de São Paulo”.

Braga deu uma grande guinada em sua vida e, entre 1941 e 42, passa a vender pedras semipreciosas e a trabalhar em publicidade. Foram épocas de amarguras, ameaças, censuras e temores. Em 1943, Rubem ocupa o cargo de chefe de publicidade do Serviço Especial de Saúde Pública. No ano seguinte publica, em São Paulo, pela Editora Brasiliense, sua segunda coletânea de crônicas “O Morro do Isolamento”.

Nesse ano o Brasil envia tropas para a Itália, para combater os nazistas. Braga foi designado pelo “Diário Carioca”, para fazer a cobertura das atividades da Força Expedicionária Brasileira e seguiu para o front em setembro. Todos acontecimentos foram anotados para suas crônicas de guerra. No final, Rubem volta para o Brasil e publica “A FEB na Itália”, reunindo as melhores crônicas enviadas ao “Diário Carioca”. Com essa obra, Braga se torna um sucesso na nossa literatura moderna.

Em 1946, no “Correio da Manhã” e em “O Estado de São Paulo”, Rubem vai a Buenos Aires cobrir a eleição de Peron. Em 1947 trabalha ao lado de José Lins do Rego no jornal “A Manhã”. Depois, como correspondente de “O Globo”, foi por alguns meses correspondente em Paris.

Rubem escreve seu terceiro livro “Um Pé de Milho”, em 1848. No ano seguinte veio “O Homem Rouco”. Em 1950 retorna a Paris como correspondente do “Correio da Manhã”. Na volta ao Brasil, em 1951, escreve “50 Crônicas Escolhidas”. Em 1952 funda “Comício”. Faz mais uma escala em Paris. A partir de 1953 escreve para a “Manchete”. Em 1954, ano do suicídio de Vargas, o Serviço de Documentação do Ministério da Educação edita o livro de Braga, intitulado “Três Primitivos” (vida e obra de três pintores).

Em 1955, Braga é nomeado chefe do Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil, no Chile, cargo do qual desiste logo cedo. No mesmo ano publica “A Borboleta Amarela”. Em 1956 é enviado aos Estados Unidos pelo “Diário de Notícias” e “Manchete”, para cobrir as eleições do general Eisenhover. Entre 1957 e 60 publica mais três livros “A Cidade e a Roça”, “100 Crônicas Escolhidas” e “Ai de Ti Copacabana”.

Nessa época, torna-se embaixador e vai para Marrocos onde permanece até 1963 quando pede sua exoneração do cargo. Dois anos mais tarde viaja para Índia. Em 1967 funda com Fernando Sabino a Editora “Sabiá” que publicou seu livro “A Traição das Elegantes”. No ano seguinte trabalha no “Diário de Notícias” e “Última Hora”.

Em 1977 escreve “Crônicas Escolhidas” e colabora na coletânea “Para Gostar de Ler”, com Drummond de Andrade, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos. Nesse ano começa a atuar na Rede Globo de Televisão.  Morre em 19 de dezembro de 1990, depois de um câncer, como o maior cronista brasileiro de todos os tempos.