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:: 25/jun/2020 . 23:53

UMA NAÇÃO EM CORRERIAS

Este poema de autoria do jornalista Jeremias Macário é inédito e saiu agora do forno. Fala de um povo que foi e ainda é muito discriminado pelos olhos preconceituosos.

Fotos divulgação

Um dia, uma bela “buena dicha”,

Cigana do Rio Campo de Santana,

Leu as raias da minha mão,

Falou do meu passado e futuro,

E de uma nação em correrias,

De um povo livre Calon e dos Rom,

Origens de várias partes do mundo,

Visto como trapaceiro e vagabundo.

 

Reza a lenda que um grupo do Egito,

Não acolheu o Infante em sua tenda,

Quando fugia com sua Família no deserto,

E aí caiu maldição de vagar como nômade,

Viver sua gente em disparadas correrias,

Forasteira peregrina a pagar a sua sina,

Mas tudo foi engano cigano feito mito.

 

Da Grécia Antiga e dos confins da Ásia,

Na Romênia, a nação Rom foi escrava,

Falseou de imigrantes alemães e italianos,

E da Península Ibérica veio o Calon Kalé,

No galé do navio degredado por Portugal,

Para o Rio como bandidos imundos vadios,

Nos mares negreiros do Brasil Colonial.

 

Para sobreviver, negociou com escravos,

Arreios de prata, cavalos e bestas animais,

Cigano Calon do cobre, zinco e do latão,

Caldeireiro engenho da mata canaviais;

Do Nordeste, de Minas a Bahia nos jornais,

Noticiado como sujo, embusteiro sem etnia,

Pela polícia dessa sádica elite sociedade,

Como desordeiro, preguiçoso e ladrão.

 

Das correrias dos sangrentos tiroteios,

As posturas municipais de torturas,

Acusam ciganos de zíngaros imorais,

A “buena” de bruxa astuta prostituta,

Uma nação com suas marcas culturais,

Sem direito à cidadania do ir e do vir.

 

De tez morena, olhar mágico lógico,

Com seu tempo sem relógio dividido,

Não linear, de labirinto reprimido,

Curtindo na rede, a deusa do ócio,

Como um transgressor das normas,

Herege banido dessa moral religiosa,

Vai a cigana Andaluz a bailar formosa,

Nas batidas sonoras das castanholas,

A sonhar com seu reino mitológico.

 

Essa é a história de uma nação em correrias,

De cidade em cidade, província em província,

Artista amante da dança nas noites de boemias

Que com seu jogral encantou toda Corte Real.

 

 

UMA ATITUDE INUSITADA

Albán González – jornalista

Minha avó espanhola costumava chamar a pessoa idosa, ranzinza, de “velho rabugento”. O prefeito Herzem Gusmão, que parece estar sempre irritadiço, principalmente agora que seu grande adversário é uma criatura invisível, que vem atrapalhando seus planos de passar mais quatro anos na prefeitura de Vitória da Conquista, esquecendo que 70 anos é a idade limite para o servidor público se aposentar. Minha avó Áurea teria mandado nosso alcaide vestir o pijama e voltar a fazer o circuito das emissoras de rádio da cidade, o que lhe dá um enorme prazer

Eleito por aqueles que não suportavam mais testemunhar os mensalões e petrolões, patrocinados pelo PT nacional, e como não havia outra opção, a maioria dos conquistenses, principalmente as classes A e B, elegeu Herzem. Prestes a completar seu quarto ano de mandato, o radialista, que no passado empunhou a bandeira vermelha do Partido dos Trabalhadores, teve o apoio dos irmãos Vieira Lima e do ex-presidente Michel Temer, alvos da Lava-Jato. Em vez de trabalhar pela cidade, acusou seus antecessores por ter colocado em suas mãos um “abacaxi”, que pretende continuar a descascar pelos próximos quatro anos.

Indiferente ao aumento dos números de mortos, contaminados e de leitos ocupados, vítimas da Covid – 19, após a reabertura do comércio e dos templos religiosos, no último dia 1º, pressionado por uma parcela do seu eleitorado, constituída por lojistas e evangélicos – as igrejas católicas permanecem fechadas – Herzem trava uma disputa contra o governo estadual, a Justiça, o Ministério Público, organizações mundiais de saúde, pesquisadores e infectologistas, para manter as lojas abertas e a realização de cultos em recintos fechados.

Segundo Herzem, com bases em estudos técnicos, a Covid -19 está sob controle em Conquista, razão pela qual não vê razão para cumprir a Ação Cível Pública, assinada pela promotora Guiomar Oliveira Neto, pedindo a revogação do decreto que determinou a reabertura do comércio e das igrejas evangélicas.

As autoridades municipais fecham os olhos para as aglomerações no Centro, com filas nas portas dos bancos, lotéricas e estabelecimentos comerciais; à chegada de ônibus clandestinos, vindos de São Paulo, trazendo passageiros contaminados pelo vírus; ruas fechadas, passageiros dos ônibus sob a chuva, caos no trânsito, para que o prefeito possa entregar à cidade o novo Terminal da Lauro de Freitas, seu carro-chefe da campanha pela reeleição. Por último, avalizou a queima de fogueiras e de fogos de artifícios, proibidos por médicos e sanitaristas, no segundo feriado de São João, que havia sido antecipado por decreto estadual.

A crise sanitária em Conquista, causada pelo novo coronavírus, seria melhor administrada se Herzem tomasse como exemplo a conduta do seu novo guru, o prefeito de Salvador, ACM Neto, que deu as mãos ao seu adversário político, o governador Rui Costa, numa frente de batalha contra o vírus. Para ambos, a vida humana é mais preciosa. Contudo, o conquistense prefere a guerra de palavras, levar a doença para o terreno da política, ao modelo do seu mito, o presidente Bolsonaro.

 

 

 

 





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