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:: 18/jun/2020 . 23:45

SAUDADES DO NOSSO SÃO JOÃO!

Oh quantas saudades do nosso São João, uma festa tradicional e cultural do Nordeste! Em toda sua história, desde que foi introduzida no Brasil há séculos, com suas quadrilhas, maracatus, músicas, comidas e bebidas típicas, é a primeira vez que sua data vai passar em vazio por causa desse mortal coronavírus que já matou quase 50 mil no Brasil. Nos últimos anos, os festejos perderam suas características, mas os amantes da cultura sempre se posicionaram contra as deturpações dos tempos, principalmente no aspecto musical com as misturas de lambadas, axé, pagodes, arrochas e outros ritmos que nada têm a ver com o São João, tão decantado na sanfona do rei Luiz Gonzaga e seus seguidores. Neste ano, a data vai passar sem as fogueiras, os fogos e o forró-pé-de-serra. Que a festa volte com toda força no próximo ano, livre dessa pandemia, para comemorarmos o mês mais alegre e festeiro dos santos Antônio, São João e São Pedro.Todos os anos curto o São João em minha querida Piritiba, revendo amigos e parentes, mas 2020 vai ser mesmo em casa, sem muita graça. A história tem disso. Mesmo assim, Viva o São João, a melhor festa brasileira!

LEMBRANÇAS DO TREM

Poema de autoria do jornalista Jeremias Macário

Foi-se o tempo de menino,

Espiando o telegrafista,

Com batidas de artista,

Mandar tocar o sino,

Como se fosse um hino,

Pra lembrar aos viajantes,

Que em poucos instantes,

Vai ter máquina na pista.

 

Lá vem o trem a se arrastar,

Nas serras diamantinas,

Como cobra a deslizar,

Por entre as colinas.

 

Lá vem o trem roncando,

Com suas patas de ferro,

Levando usinas de sonhos,

Nas cabeças dessa gente,

Soltando o seu berro,

E avançando imponente.

 

Lá vem o trem groteiro,

Pelas esquinas do sertão,

No seu traço rotineiro,

Picado lento e ligeiro,

Parando nas estações,

Como fazia o tropeiro.

 

Lá vem o trem das matinas,

De janelas sem cortinas,

No seu balanço manso,

Apitando pra avisar,

Que logo vai parar,

Na Estação de Paiaiá.

 

Lá vem o trem penitente,

Puxando a sua corrente,

Nos trilhos do dormente,

Como um rezador,

Que vai curando a dor

Da alma do doente.

 

Lá vem o trem lembrança,

Dos dias que era criança,

Matando minha saudade,

De no embalo pongar,

E mais adiante se soltar,

Pra na linha caminhar,

Vendo o meu trem sumir

No horizonte de lá,

E noutra cidade chegar.

 

Em sua última viagem,

O trem partiu para o além,

E levou a minha bagagem,

Ficando só na mente,

A marca daquela fumaça,

Na minha cinzenta vidraça.

 

Lembrança da valente,

Piritiba de toda gente;

Do sábado de feirante;

Do poema cortante;

Do poeta Aragão,

Que mistura pavio,

Mandioca com feijão,

E ainda nos dá razão,

Pra xingar de delinquente,

O governo indecente,

Que deixou esse vazio,

Do nascente ao poente.

 

A PANDEMIA DA VIOLÊNCIA POLICIAL

AS CENAS DE ESPANCAMENTOS E TORTURAS SÃO CHOCANTES

Vamos apurar os fatos e punir os culpados no rigor da lei – respondem os coronéis-comandantes diante das imagens incontestáveis de espancamentos, e até de mortes contra civis brasileiros, não importando se são suspeitos bandidos ou inocentes cidadãos de bem. Faltam dizer que vamos investigar, mas que não vai dar em nada, quando muito um afastamento temporário dos fardados brutamontes das ruas.

Sabem do que estou falando nestes tempos tão sofridos do coronavírus que ceifa vidas e deixa milhares com medo, pânico e passando fome. Refiro-me à pandemia da violência policial que estampa cenas também de horror e barbárie dos passados autoritários e tirânicos de ditaduras e atrocidades. Desses policiais dos cassetetes e de armas em mão. Não sabemos de onde vem tanta frustração e recalque para destilarem tamanha raiva e sadismo.

Aqui mesmo em Vitória da Conquista já aconteceram tantos casos semelhantes de extermínio, mortes por despreparo policial e agressões em pessoas durantes abordagens que terminaram sendo arquivados e esquecidos pelas autoridades que deveriam ter dado uma satisfação à comunidade, como, por exemplo, do menino Maicon que foi morto por uma ação atabalhoada da polícia militar.

TANTA RAIVA E VIOLÊNCIA!

Nos dizem os oficiais comandantes que eles foram treinados para lidar com equilíbrio e tratar bem o cidadão que paga seus salários. Então, por que chegam a descarregar tanta violência, principalmente nas pessoas mais pobres e negras das periferias? Há séculos que a polícia militar tem essa imagem de truculência, e sempre é reforçada com mais tanques, bombas e armamentos pesados, para combater a própria violência da bandidagem.

No entanto, a violência só faz aumentar e nada muda. De um lado, a polícia baixando o sarrafo no povo e, do outro, o marginal criminoso assaltando e também matando. A violência não cessa, a não ser nas estatísticas do sádico capitão-presidente que disse ter feito, em seu governo, acabar com os índices da criminalidade no país. Com certeza, ele mandou apagar os dados no mapa das informações da violência, como ocorria na ditadura civil-militar de 1964.

Se criam batalhões especiais, mais carros, mais fuzis, metralhadoras, granadas e até foguetes para combater a violência, o número de roubos, o tráfico de drogas, a extorsão, os homicídios, a violação dos direitos humanos deveriam cair, mas só fazem aumentar no país. Então, alguma coisa está muito errada neste método ultrapassado de policiamento. Algo precisa ser mudado e revisto.

Reformulação nem pensar

Errar é humano, mas persistir no erro é muita burrice, como fala o ditado popular. Vá falar em reformulação da polícia militar que lá vem os comandantes e as autoridades federais a soltar palavrões e a defender que tudo fique como está, que não se pode fazer mudanças numa corporação centenária, como se fosse um mito sagrado intocável.

Preferem manter os interesses corporativos, treinamentos retrógrados, ultrapassados e fardados de baixo nível sem condições de exercer a função de segurança da população, enquanto se assiste todos os dias na televisão cenas degradantes e medievais de torturas, porradas, sangramentos, botinadas, pernadas, cacetadas e até tiros pelas costas contra nossos brasileiros, e isso, sem punição rigorosa aos transgressores e criminosos da lei, que deveriam estar ali para defende-la e obedecê-la.

Quase todos os países reformulam e estão sempre reformulando e repensando suas polícias e guardas, que não são militares, menos o Brasil que registra um dos maiores índices de violência e abusos de direitos humanos do mundo, praticados pelas suas corporações. Aqui, não temos protestos e manifestações de ruas condenando a brutalidade, só pedidos isolados de justiça, muitas dores, choros e lágrimas que nunca passam.

Além desse mortal coronavírus, o brasileiro tem que conviver com várias outras pandemias, como da violência policial desregrada, do desemprego, da saúde, da fome que mata lentamente e tem como remédio único o alimento, da dengue, da injustiça social, da falta de saneamento básico, da ignorância e tantas outras que deixam um rastro de pobreza, doenças e misérias nessa terra arrasada.





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