:: 6/mar/2020 . 2:04
O SONO DA BORBOLETA
Enebriada pelo cheiro calmante da cidreira, a borboleta tira sua soneca e pousa para as lentes, num flagrante poético do encontro do tempo com a natureza, quando ela é bem cuidada e respeitada. A planta que serve para fazer um chá para quem sofre de insônia nessa vida depressiva do corre-corre humano e desesperador pelo capital, cedeu também seu espaço e sua erva para o ser que vive e embeleza o meio ambiente, e até leva esperança para quem está aflito e desanimado com o que acontece nesse nosso país de tantas injustiças sociais. Elas sempre sobrevoam meu quintal de dezenas de plantas que são aconchego para as aves que me saudam com alegria e cantares. É mais um flagrante do jornalista Jeremias Macário.
NINGUÉM QUER SABER DA LIÇÃO
Poema de autoria do jornalista Jeremias Macário
Estamos embarcando,
Rumo à última estação,
Numa viagem sem volta,
Na troca do ser pelo ter,
No insano guloso consumo,
No viço do cio pelo insumo,
E ninguém quer saber da lição,
Prefere ter mais armas na mão.
Vai o sol e vem o escuro;
O vento tufão gira mundo;
As florestas viram monturo;
Os mares lixeiras atômicas;
Megalônicas cidades da fome,
Das covas zumbi e o lobisomem,
E ninguém que saber da lição,
Prefere ter mais armas na mão.
Nascentes morrem nas cabeceiras;
Derretem dos polares as geleiras;
Desaparecem o urso e o salmão;
Das águas os monstros tsunamis;
Rios cimentados estouram canais,
E a selva de pedra vira um caos,
No calor de mais de 60 graus,
E ninguém que saber da lição,
Prefere ter mais armas na mão.
Tem gente que não acredita,
Nos sinais do aquecimento global;
E cada um aumenta as chaminés;
Mentem nas mesas do clima,
Com mais gases e torpedos no ar;
Adoram seus deuses como Ramsés,
Que não passam de estátuas do mal,
E ninguém quer aprender a lição
Prefere ter mais armas na mão.
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