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VEREADORES COBRAM OBRAS DO PREFEITO

Como já era esperando no “toma lá, dá cá” entre os poderes, depois da aprovação do empréstimo de mais de 60 milhões de reais feito pelo executivo à Caixa Econômica, agora os vereadores estão cobrando do prefeito Hérzem Gusmão a contrapartida de suas emendas através de obras em suas zonas eleitorais, tanto nos distritos como nos bairros da cidade.

O bombardeio foi quase geral, ontem (dia 28/02), na sessão da Câmara Municipal de Vitória da Conquista, inclusive com críticas veladas de que o prefeito não tem atendido as indicações e os projetos de lei encaminhados pelos parlamentares. Não pouparam os secretários que, conforme os cobradores pelos serviços, não têm dado importância às solicitações dos vereadores.

A fala de Hermínio Oliveira foi a mais veemente, em tom de desabafo, e pediu que a Casa tome uma atitude para que o prefeito respeite as indicações e os projetos formulados pelo legislativo. Ele foi bem enfático quando destacou que o prefeito não está cumprindo com as emendas de recursos feitas pelos vereadores

Canalhas e carniças

A manifestação dos insatisfeitos só foi quebrada com o pronunciamento do vereador David Salomão, que começou afirmando que o país está de cabeça para baixo, e meteu o sarrafo no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, endossando a convocação do capitão-presidente da República para que o povo se levante nas ruas do país conta essas instituições.

Em seu discurso da Tribuna, chamou os deputados de canalhas e carniças, que estão querendo 30 bilhões de reais do governo federal. Na ocasião, atacou os cantores Kanário e Daniela Mercury – segundo ele, só esta recebeu 700 mil reais de cachê pago pelo – que destrataram abertamente a polícia militar, com termos pejorativos como “bundas moles”, durante o carnaval de Salvador. Lembrou que Daniela mandou o povo “tomar naquele lugar”.

De um modo geral, a sessão de ontem teve como maior alvo o prefeito, inclusive no que tange à precariedade na área da saúde, mas houve um momento de descontração com os parabéns dirigidos à vereadora Lúcia Rocha, em homenagem ao seu aniversário.

O parlamentar Cícero Custódio criticou a precária situação da saúde no município, citando a greve dos médicos na Santa Casa da Misericórdia onde muitos pacientes não estão sendo atendidos, e informando que a prefeitura não está fazendo o devido repasse de verbas. Outro que tratou da questão da saúde, criticando as filas enormes na Central de Marcação e a falta de equipamentos nos postos, foi Waldemir Dias

Coriolano Moraes voltou a acusar o estado de caos no setor do transporte público, e atacou o prefeito que, de acordo com ele, não está executando os projetos que a Câmara tem aprovado e enviado.

Ainda sobre as empresas de ônibus que rodam na cidade, Waldemir Dias declarou não entender os critérios da prefeitura quando libera recursos para a Viação Rosa por quilômetro rodado, enquanto que, para a Cidade Verde, é por passageiros transportados. Disse que a licitação prometida para escolha de uma nova empresa nunca é realizada.

Seu colega Edmilson Oliveira denunciou um acordo esdrúxulo que um preposto do governo municipal fez com um empresário, dispensando as multas em troca de material elétrico para iluminação de um campo no distrito de José Gonçalves. Ele quer que o legislativo forme uma comissão para apurar esse tipo de negociação, segundo ele, ilegal.

 

O CONTO DA CARTEIRA ASSINADA COM O FALSO SALÁRIO MÍNIMO

Como tantas outras no Brasil, a lei do salário mínimo padrão obrigatório, como parâmetro para que todo trabalhador tenha esse mísero ganho no final de cada mês, é uma deslavada mentira. A mídia anuncia que aumentou o número de carteiras assinadas no pais, mas não diz que milhares e milhares de empresas burlam o decreto e não pagam o valor real. É o conto do vigário da carteira que foi institucionalizado.

Aqui mesmo em Vitória da Conquista, principalmente médias e pequenas empresas, conheço várias que assinam a carteira, mas por fora só pagam a metade do mínimo, quando muito, 700 reais. É só fiscalizar, mas isso não existe porque a reforma trabalhista escravizou o pobre trabalhador, e ainda veio o capitão-presidente e acabou com o Ministério do Trabalho.

A CHAMADA “RACHADINHA”

A prática de assinar a carteira (não recolhem o FGTS e outros benefícios) e combinar com o empregado pagar outro valor bem abaixo do fixado está ficando comum. Diante da necessidade, e sabendo que uma enorme fila lá fora aceita estas mesmas condições humilhantes, o candidato não tem outra saída. É a chamada “rachadinha” trabalhista. Não adiante ter capacidade e preparo.

Isso ocorre em todas as profissões, inclusive de professores. A maioria das escolinhas particulares de Conquista assina a carteira do professor, mas avisa logo que só paga 500 ou 700 reais mensais por três ou quatro turnos de aulas por semana. Para ostentar e intimidar o pretendente a aceitar a oferta, o diretor, ou diretora, exibe um monte de currículos em sua mesa.

É muito vergonhoso e triste um professor no Brasil ter que se sujeitar a esse tipo de exploração desprezível, mas outras categorias também estão incluídas nesse pacote de escravidão. As empresas fazem isso porque sabem que não são incomodadas por fiscais do governo. Por outro lado, a mídia só faz mostrar a estatística do IBGE, mas não investiga o outro lado da verdade. Não divulga o outro lado macabro da moeda.

CONTO DO VIGÁRIO

É praticamente trabalhar de graça quem recebe 500 ou 700 reais por mês. Depois que a pessoa tira o dinheiro do transporte (a empresa não paga), no caso de Conquista, se for só um ônibus por dia, o funcionário fica com cerca de 400 a 600 reais, isso se não fizer um lanche na rua. Muitos trabalham com fome para ganhar uns trocados no final do mês.

Nenhum órgão, sindicato ou entidade do trabalhador investiga, fiscaliza e denuncia esta tremenda irregularidade do mercado. Fazem vistas grossas. Todos preferem acreditar na mentira e no conto do vigário do salário mínimo.  Aliás, o brasileiro está sendo massacrado pelas fake news e pelas mentiras publicitárias, sem reagir e sem se indignar. Uma claque de lunáticos e fanáticos invadiu nosso território.

Dias desses fiquei horrorizado quando ouvi de uma psicóloga da área de recursos humanos afirmar que o empregado capaz e dedicado tem o poder de barganhar aumento salarial. Ela está totalmente por fora da atual realidade brasileira. Está sonhando! Estamos sim, num regime de escravidão, onde milhões se sujeitam a ganhar menos de um salário mínimo para não passar fome e, mesmo assim, passando.

OS TERCEIRIZADORES VIGARISTAS

Com a reforma trabalhista e o fim do Ministério do Trabalho, o Brasil virou terra de ninguém onde os coronéis de chibata e arma na mão ditam as ordens. O operário em geral segue de cabeça baixa, recebendo as migalhas, com exceção de algumas classes mais fortes e privilegiadas, como petroleiros, químicos, metalúrgicos, bancários e outras.

Está aí para constatar os fatos a praga da terceirização. Aproveitadores e oportunistas montam firmas sem dinheiro, e até mesmo irregulares, verdadeiras arapucas, para explorar mão-de-obra barata e escrava. Ganham licitações e contratos do poder público e do setor privado na base das tramoias. Depois deitam e rolam descumprindo as “leis”. Atrasam os salários, não pagam décimo terceiro, não recolhem o FGTS e outros benefícios. Os “responsáveis” nunca são punidos.

Muitos abrem um escritório fajuto, sem nenhuma estrutura, pegam a grana do contratante terceirizador e se mandam com o dinheiro do trabalhador. Geralmente não dá em nada, e o empregado fica a ver navios, passando fome e outras necessidades. Estamos no Brasil faroeste das vigarices e das mentiras, como a do salário mínimo da carteira assinada.

Neste país das castas, só os funcionários públicos diretos do executivo, legislativo e judiciário são os privilegiados, muitos com ganhos de até 100 mil reais mensais. Nunca falta dinheiro e não há atrasos no pagamento desses “servidores” dos três poderes, que jamais sofrem cortes de verbas. Eles continuam mamando nas tetas do povo, que come o “pão que o diabo amassou”, com a redução de recursos na educação, na saúde e nos programas sociais em geral, e ainda são vítimas da mentira do salário mínimo.

 

 

QUEM SE LEMBRA DO MADRIGAL?

Passaram-se muitos anos que o único cinema ainda funcionando em Vitória da Conquista, depois de tantos outros (a história deles pode ser encontrada nos livros “Andanças” e a “Imprensa e o Coronelismo”, do jornalista Jeremias Macário), foi fechado, se não me engano, quase 20 anos, ou mais, mas o prédio está lá na rua Ernesto Dantas, sem ser utilizado. Quem ainda se lembra do Cine Madrigal, sempre cheio e exibindo grandes filmes de sucesso? O prédio foi adquirido pela Prefeitura Municipal, no Governo do PT, para dele fazer um centro multicultural. Até hoje nada, e ninguém fala do assunto, principalmente a mídia regional, que pouco noticia fatos do nosso município e da região (prefere matérias repetidas, requentadas, da capital e federal). Aí muitos dirão: É o progresso. Os cinemas hoje estão localizados nos shoppings e só passam filmes empacotados norte-americanos, e outros de péssima qualidade. Um equipamento caro, comprado com o dinheiro do povo, continua lá, praticamente abandonado e sendo destruído pelo tempo. Uma vergonha! Vamos fazer uma matéria jornalística sobre o antigo Cine Madrigal e seu provável destino!

NOS BARES DA VIDA

Poema de autoria do jornalista Jeremias Macário

A inspiração aflora e o casal do lado só namora

O papo rola com a turma do jogar conversa fora

Uns caras da saideira falam de política e fofocas

O poeta rabisca no guardanapo seu fiapo da letra

Canta uma canção de amor a viola cigana menina

Moucos das redes sociais navegam em suas locas

Num bar de Minas bateu asas o Clube da Esquina.

 

Nos bares da vida sempre tem freguês

Uns vão comemorar feliz suas glórias

Outros vão até lá suas mágoas consolar

Se está numa boa se diverte nas histórias

Se bate a crise toma pra esquecer a danada

Escutar o cancioneiro falar da mulher amada

Mesmo sabendo que a conta chega todo mês

 

Nos bares da vida discutem escritores e cordelistas

Olhares indiscretos trocam bilhetes com o garçom

Em Munique sentou num bar o corvo cruel da morte

O comuna Marx brigou com o anarquista Proudhon

Nas tabernas, bárbaros juraram derrubar os romanos

Num bar de Gori, Stalin tirano tramou a queda do czar

Hemingway tomava a santa cana na Bodeguita cubana.

 

Saiu o manifesto Bola-Bola Cinema Novo no Alcazar

No Vermelhinho cruzaram militantes contra a ditadura

O surrealismo francês ternura nasceu no Cyrano de Paris

Artistas baianos curtiram noites no Anjo Azul e Tabaris

Nas etílicas tintas das matérias escolheram seus pincéis

Naquele bar atiraram pistoleiros e jagunços dos coronéis

Nos bares da vida, sempre existiu aquele histórico bar.

 

O CARNAVAL CULTURAL DE CONQUISTA E A EXPLORAÇÃO NOS PREÇOS

Quando se fala em carnaval pensa-se logo em rua onde as pessoas têm mais espaço para se movimentar, brincar e criar blocos. A festa em lugar fechado dá a sensação de se estar num clube. Tem seu lado bom porque nos faz lembrar dos velhos tempos dos bons carnavais, que não mais existem.

Fotos de Vandilza Gonçalves

Neste ano, aconteceu no Espaço Glauber Rocha, no Bairro Brasil, o Carnaval Cultural de Conquista (ano passado foi no Bulevar Shopping). Até aí tudo bem, mas o que assustou os participantes foram os preços cobrados pelas bebidas e comidas lá dentro.

Os barraqueiros cobraram cinco reais por uma latinha de cerveja de 350 ml porque eram obrigados a pegar o produto só na distribuidora dos organizadores do evento, sem falar nos trezentos reais pelo ponto. Muitos preferiram tomar sua bebida na rua por três reais a latinha.

Nos supermercados e nas distribuidoras da cidade, o consumidor consegue comprar uma lata por dois reais e até menos que isso em alguns lugares. Por cinco reais significa mais de 100% de lucro, o que já é muita exploração, mesmo levando em consideração os gastos com as bandas e pessoas de segurança e do som.

Fora a exploração que foi a principal reclamação, o Carnaval Cultural de Conquista ocorreu em clima de paz e tranquilidade, com boas músicas que animaram os foliões, com as bandas de sopro circulando no circuito do Glauber Rocha, com marchinhas dos tempos antigos.

Mesmo com atraso, no domingo o mini trio da banda do cantor e compositor Baducha, com sua jinga de carnavalesco e boas músicas, arrasou e não deixou ninguém parado. Pela sua apresentação no palco, Baducha pode fazer sucesso em qualquer trio elétrico de Salvador, bem melhor que muitas porcarias que desfilam nas avenidas da capital.

Mesmo com alguns problemas, principalmente no quesito exploração, a organização ofereceu uma opção de diversão para quem não pode viajar por falta de grana e terminou ficando em Vitória da Conquista que nestes dias tem pouco movimento nas ruas.

Só para lembrar, Conquista já teve bons carnavais que começaram lá pelos idos de 1927 e teve suas micaretas de sucesso, competindo com Feira de Santana, em finais dos anos 80 e na década de 90. No Governo do PT a festa foi minguando até se acabar. Somente de uns anos para cá surgiu o Carnaval Cultural, com um pouco de raiz nos eventos do passado.

Mais uma vez volto a falar que o país, na situação em que se encontra, com toda essa crise social, econômica e política, não deveria se dar ao luxo de ficar uma semana parada. Os empresários e governantes dizem que a festa dá lucro, o que é uma tremenda mentira. Salvador, por exemplo, tira dos cofres públicos mais de 150 milhões de reais, sem contar os gastos com logística e segurança.

O contribuinte paga um absurdo para os artistas famosos de sempre (todos afortunados com recursos públicos), que apresentam um lixo em termos de músicas, e o povo alienado no asfalto cobre seus “ídolos” de aplausos e elogios. Os arrastas chinelos pipoqueiros fazem tudo o que eles mandam, sem consciência de que estão pagando um preço alto.

Se for fazer um cálculo através do PIB do país, contabilizando as perdas diárias na produção, mais prejuízos no SUS com o aumento de acidentes e outras despesas do Estado na prestação de serviços na organização, o carnaval gera um déficit e serve para deixar o rico mais rico e o pobre mais pobre.

Por outro lado, a nossa mídia, que embolsa muita verba dos patrocinadores, não divulga nem um terço da violência da festa, para não passar uma imagem negativa para os turistas, principalmente os gringos. Multidões vão às ruas e às praças, chegando a mais de um milhão em alguns blocos.

Vá organizar uma manifestação contra os desmandos dos governantes na falta de educação e saúde, principalmente, aparece, quando muito, uns poucos milhares, e olhe lá. Ninguém mais quer saber de política, enquanto os políticos se esbaldam e fazem o que bem querem, defendendo seus próprios interesses. Exploram, oprimem e até roubam nosso suado dinheiro.

A BANALIZAÇÃO DO EMPODERAMENTO

Nos últimos tempos, a palavra empoderamento foi e ainda está sendo a mais comentada, principalmente por mulheres e negros, mas também a mais deturpada e banalizada. Nesse carnaval, então, foi um tal de empoderamento pra lá e pra cá, sem sentido e de maneira leviana.

Muitas mulheres acham que rebolar a bunda e mostrar as pernas em trajes praticamente nus é empoderamento. Deixar o cabelo crespo e fazer outros gestos é empoderamento. Qualquer coisa que se faz diferente, lá vem o tal do empoderamento que sai da boca, sem pensar e refletir.

Tenha consciência política, conquiste seus objetivos, seja ponto de liderança, se instrua, aumente seu nível intelectual, seu conhecimento, seu nível econômico e social, participe ativamente da vida política do país e aí pode dizer que está se empoderando. De um modo geral, vejo um povo submisso e oprimido, muito longe do empoderamento, tão banalizado.

Não é cabelo, bunda, pernas e colocar besteiras de sua vida nas redes sociais que lhe faz de empoderado. Aliás, depois da internet e do celular, as pessoas ficaram mais ridículas, fazendo selfies de si em qualquer lugar e passando para todo mundo ver, como forma de necessidade de se aparecer, de descarregar suas frustrações interiores.

Num país de tão profundas desigualdades sociais, de tanta miséria, falta de justiça para os mais pobres, de tanta homofobia, preconceito, misoginia e racismo, o empoderamento passa longe. Temos um presidente com todos esses predicados negativos, mas, mesmo assim, conta com apoio de milhões e recebe votos das mulheres, negros e homossexuais.

Se toda essa gente de que falo se sentisse empoderada e não votasse nele, não teria sido eleito e nem mais pensaria em reeleição. Não é fazendo seu corpo de objeto que vai lhe dar poder. Muito pelo contrário, lhe aniquila como gente. No Brasil dos paradoxos e de tantas contradições, as pessoas saem por aí falando muita coisa sem refletir e colocar seus 10% da cabeça para raciocinar.

Nos apropriamos muito do termo empoderamento, enquanto o governo que aí está manda uma banana para a nação e profere palavras escandalosas de preconceito contra as mulheres, os negros e índios, e a reação é tímida. Estamos sendo engolidos pela besta fera e nem percebemos.

Multidões abarrotam ruas, praças e avenidas dos carnavais de uma semana, e pouco estão ligando para o que está ocorrendo com o povo, com o seu país de milhões de analfabetos e excluídos. Só pensam no seu eu individual, não importando as catástrofes e tragédias que há pouco tempo aconteceram em Belo Horizonte e em São Paulo.

Vamos lutar por mais dignidade e falar mais de política, sem rancor, intolerância e xingamentos. Precisamos nos unir e não se dividir como ocorreu nos últimos anos. Estamos é nos proibindo de falar em política para evitar briga e morte. O empoderamento ainda passa longe. Não seja banal e fútil com as palavras.

A POLÍCIA PODE, MAS O CIVIL NÃO…

Para sermos diretos no assunto, a polícia militar pode fazer greve mascarada, como aconteceu em Fortaleza, mas o cidadão trabalhador comum não pode. O grevista civil que sai mascarado é considerado de vândalo e bandido, quando não é preso e torturado pela própria polícia.

Temos que conviver com estes paradoxos e contradições, sem contar outros absurdos que existem no Brasil. Mesmo não sendo constitucional, os policiais civis que fazem motins, cometem crimes contra a população oprimida e fazem barricadas destruindo viaturas e dando tiros, terminam depois sendo anistiados.

Depois da reforma trabalhista, com o consequente desmantelamento dos sindicatos, principalmente a maioria das categorias sem poder de barganha, as greves acabaram no país, e o trabalhador teve que baixar a cabeça e aceitar as condições dos patrões. A verdade é que, neste regime de escravidão, com cerca de 13 milhões de desempregados, não existe mais acordos.

Só não enxerga quem não quer e se faz de surdo, mudo e cego, mas as manifestações populares e seus segmentos foram literalmente esmagados pelo capital e o poder governante protetor dos empresários.

Quando Temer, o Mordomo de Drácula (sumiu e não se fala mais nele) consegui, com apoio do Congresso, fazer a reforma trabalhista, os capitalistas, em unanimidade, bateram palmas. Estava claro que começava a era propriamente dita da escravidão.

Para completar os estragos da reforma, veio o capitão-presidente e acabou com o Ministério do Trabalho. Foram totalmente abertas as porteiras da escravidão. Hoje, somente as categorias mais privilegiadas, como de petroleiros, metalúrgicos e bancários (olhe lá!) têm ainda algum cartucho para queimar.

Ninguém dá importância para greve dos professores, inclusive a sociedade que nem está aí para educação. É uma decadência total, e estamos vivendo no Brasil como gados ferrados, sendo levados para os abatedouros.  Sem fiscalização, boa parte dos trabalhadores de baixa renda com carteira assinada não está recebendo o salário mínimo de direito constitucional.

Um grande número de empresas assina a carteira, na base do faz de conta, e paga pouco mais da metade do salário mínimo para o operário que, na situação de pobreza e calamidade, é obrigado a aceitar a migalha, senão outro chega e toma o seu lugar. Não existe mais essa de ganha mais quem tem mais competência, quando desapareceu por completo o poder de barganha. Aí, meu amigo, o mercado faz o que bem quer, sem ser incomodado.

Estamos aceitando de cabeça baixa toda essa opressão. Estão nos empurrando goela abaixo todo monturo do capitalismo selvagem e predador dos tempos anteriores da Revolução Industrial do século XVIII.

Mentem descaradamente quando dizem que a reforma previdenciária vai beneficiar os mais pobres, quando está visível a permanência dos benefícios para as chamadas categorias especiais. Cada grupo defende o seu quinhão individual, e o coletivo mais pobre que se lasque.

O ÁRIDO NORDESTINO

O Nordeste, pela sua própria história de lutas de um povo sofredor sempre relegado pelos governantes, já é uma saga que faz lembrar o cangaço e as mortes severinas. Quando batem as águas vira um todo colorido sertanejo cheio de esperanças. O homem cava a terra, planta e ora na espera de outra chuva para a  colheita. Quando ela não vem, e a terra começa logo a secar, bate a tristeza, mas o nordestino nunca desiste e recomeça o trabalho na fé de que dessa vez tudo dê certo. Quando a coisa fica muito feia, parte em retirada, mas retorna quando o chão volta a molhar. Mesmo na sequidão, a paisagem desolada não deixa de ser “bonita” nas lentes das máquinas fotográficas, como esta captada pelo jornalista Jeremias Macário no norte da Bahia, onde os mandacarus ainda resistem entre o pedregulho e as secas árvores cinzentas,  cercando o povoado de pobres que insistem em continuar a saga vida

TRISTE SAGA DO JUMENTO

Poema e foto de autoria de Jeremias Macário

Vou louvar a triste saga do jumento.

Conta o Sagrado Novo Testamento:

Um burrico fez sua longa jornada

Pelo Oriente deserto de guerra e dor,

Para salvar o divino menino Salvador.

 

Jumento, asno ou jegue deram seu nome;

Fez travessia nas caravelas portuguesas,

Os descendentes dessa raça resistentes,

Como camelos mercadores dos beduínos;

Trilhou estradas dos imperadores latinos;

Veio aqui construir do Brasil as riquezas,

Até virar símbolo dos agrestes nordestinos.

 

Muitos séculos tropeando ao sol do labor;

Na carga feirando mantimentos do senhor;

Enfrentou secas salinas de léguas andanças;

Esperou voltar os retirantes das esperanças;

Nas cangalhas transportou até as mudanças;

E o tempo passou e veio o cavalo de fogo,

Para selar a sua triste sina num abatedor.

 

Maltratado sofreu sede e fome num curral,

Pela ganância do capital dessa gente brutal,

O homem indecente da sua pele fez escalpo

Do inocente jumento que tanto trabalhou,

Para brindar os chineses com o tal de Eijao;

Da carne fazer temperos com água e sal

Comida exótica do nosso jegue tropical.

 

Oh quanta tristeza neste sertão de poeira!

Não vejo jegue descendo e subindo ladeira!

Até a cultura popular está indo embora,

Neste agora deste Nordeste cabra da peste!

 

 

 

MUITA CONVERSA FORA E POUCA EDUCAÇÃO NA SESSÃO DA CÂMARA

As sessões da Câmara de Vereadores de Conquista estão mais parecendo com uma feira de pechincha de verduras em geral. A de ontem (dia 19/02) não foi diferente. A plateia do auditório não para de falar alto e até mesmo os parlamentares em suas bancadas trocam conversas paralelas, enquanto o colega faz seu pronunciamento na tribuna. Quase não se ouve nada.

Os professores da rede estadual de ensino (mais de mil) estiveram ontem na Câmara apresentando suas reivindicações trabalhistas e de outros benefícios ao Governo do Estado. Na oportunidade, solicitaram o apoio da Casa e da sociedade, mas, na verdade, o que houve foi muita conversa fora e pouca educação, quando deveria ter sido o assunto mais comentado.

Mesa diretora em uma das sessões da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. Foto Jeremias Macário

Apenas alguns vereadores tocaram no assunto, e o mais surpreendente saiu da boca do parlamentar David Salomão, que pediu ao presidente da República uma intervenção na Bahia por causa da morte do miliciano Adriano da Nóbrega, segundo ele, um militar honrado que foi executado pela polícia militar como queima de arquivo. Disse que não existe mais ordem no Governo do PT, o que justifica uma intervenção do governo federal. Na ocasião, fez duras críticas ao judiciário que se utiliza do poder para vender sentenças.

Pauta de reivindicações

O professor Genivan Nery, diretor de Comunicação da Associação, usou a Tribuna Livre para falar em nome da categoria, que ao longo dos anos, vem perdendo uma série de conquistas, prejudicando mais ainda o nível de ensino que já é precário na Bahia e no Brasil por falta de prioridade dos governantes.

Na pauta de reivindicações, Genivan citou a questão do reajuste linear de 12,83%, uma vez que o governador Rui Costa deu aumento apenas para o pessoal que está no padrão E – grau IV da tabela, quebrando assim o plano de carreira da categoria que começa com o professor de magistério.

Outra solicitação é a revogação da emenda 26/.2020 que muda os parâmetros de aposentadoria para professores e demais servidores do estado, de forma unilateral, no momento em que os professores estavam em férias. “É bom lembrar que a reforma de Rui Costa é bem pior que a do governo federal”.

Outro tema abordado foi o relacionado à suspensão do novo ensino médio. “A ausência de discussão com os professores está patente com os docentes, especialmente eles que são os responsáveis pela implementação da política pública de educação.

Outro ponto importante abordado diz respeito ao fechamento e a municipalização de escolas, deixando vários professores sem local de trabalho. “Estamos buscando junto ao governo a agilidade no encaminhamento de aposentadorias que estão represadas em suas vagas”.

De acordo com Genivan e membros da Associação dos Professores, a classe está paralisada em suas atividades até amanhã (dia 20/02) e pretende retomar a greve se não houver um diálogo com a Secretaria de Educação do Estado, de forma que suas reivindicações sejam atendidas. Um professor que ensina em Caetanos, cerca de 90 quilômetros de Conquista, afirmou que não conta com ajuda de transporte e outros benefícios a que tem direito.

Apenas os vereadores Coriolano Moraes, Custódio e Nildma Ribeiro deram mais ênfase ao problema da educação, afirmando não ser possível que o professor, a mais importante profissão, continue sendo desprestigiada em seu trabalho fatigante de repassar conhecimento e saber para os jovens estudantes. Segundo Coriolano, a educação deve ser prioridade das políticas dos governos.

Crítica contra o presidente

O parlamentar Custódio focou mais no problema local da educação, denunciando que muitas crianças no município estão sem estudar, e criticou as péssimas condições das escolas, sem contar que outras deixaram de existir em muitos povoados.

Nildma Ribeiro, além de defender as reivindicações dos professores estaduais, expressou seu tom de revolta contra o presidente da República no que se refere às ofensas misóginas dirigidas à jornalista Patrícia Campos Mello, com sentido sexista e de baixo nível. Disse que todas mulheres precisam reagir contra essas provocações preconceituosas.

No mais, os parlamentares criticaram as péssimas condições em que se encontram as estradas vicinais da zona rural, muitas das quais intransitáveis, como destacou Coriolano Moraes. Outros cobraram do poder público a construção de mais obras de asfaltamento, infraestrutura e estruturação dos postos de saúde nos bairros periféricos.





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