:: 26/dez/2019 . 22:44
COISAS DO SERTÃO
Os garranchos secos cinzentos num traçado com os cactos transmitem uma imagem poética da terra árida nordestina, numa paisagem singular e única do nosso bioma. São coisas do nosso sertão forte como o homem que nele habita com dureza, sempre esperando a chuva cair para plantar sua lavoura. É bonito e, ao mesmo tempo, triste, porque o nosso sertanejo sofre e ainda acredita nas promessas dos políticos e governantes, de que um dia as coisas vão melhorar. Reza a Deus sempre, numa reza penosa, e nunca perde a fé e a esperança. “Coisas do Sertão” foi captada pelas lentes do jornalista Jeremias Macário.
NA ESTRADA
Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário, inserido no livro “ANDANÇAS”
que pode ser encontrado na Livraria Nobel e na Banca Central
Na estrada cigana galante
Anavalhada, livre e longa
De uma vida curta e pouca
Sou sereno, frio e vento
Sol a pino de cara ardente
Poeira lá do horizonte
E ando com tanta gente
De senso santo e louca
Que comove e engana
Na procura daquela fonte
Que mata sede do andante.
É uma via do mal e do bem
De sina divina e satânica
Em toda extensão da pista
Com aviso em cada esquina
Riscos da liberdade proibida
Esculpidos por um artista
Com entrada, meio e saída.
Gira e muda como enigma
O sentido finito da vida
Com face suave e tirânica
Sem decifrar o rosto do além.
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