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RESISTÊNCIA NA AMÉRICA LATINA E UM PAÍS A SE ISOLAR NO CONTINENTE

Com uma ideologia ultraconservadora de surtos agressivo, onde todo o contraditório virou um monstro de esquerda comunista, em sua estreita visão, o governo do capitão-presidente caminha para um isolamento do Brasil na América Latina, especialmente na região Sul. As resistências de convulsões sociais no Chile, no Equador, na Colômbia, Paraguai, na Bolívia; e as eleições na Argentina, onde a linha peronista saiu vencedora, e logo mais no Uruguai, sem contar o acirramento com a Venezuela, estão levando a esse isolar-se.

De tanto criticar o Maduro de ditador do socialismo e destilar sua raiva contra Cuba, o Brasil pode se transformar numa Venezuela ao contrário, num regime autoritário de extrema-direita. Agora mesmo, o capitão se acha um leão conservador da pátria, acossado por hienas e ataca as instituições (Supremo Tribunal Federal -STF, a imprensa, os partidos de oposição e até a ONU).

A família (pai e os três filhos) detesta a democracia, e isso vem sendo revelado desde a década de 1990. É uma maluquice, ou uma psicopatia pela volta da ditadura? Muita gente não tem levado a sério o que está acontecendo, e até acha graça dos impropérios e afrontas à democracia e à liberdade de expressão. Antes, ninguém acreditava que ele seria eleito com o seu discurso conservador e de discriminação às minorias.

A favor da tortura e retrocessos

Ele e os filhos já se posicionaram a favor da tortura e até da arcaica prática do pau-de-arara, e que tem que matar 30 mil. Em 1990, o clã chegou a afirmar que se fosse eleito presidente da República mandaria fechar o Congresso Nacional e daria um golpe. O filho Eduardo falou, há pouco tempo, que para fechar o STF bastaria um soldado e um cabo. Com relação aos movimentos no Chile, disse, na Tribuna da Câmara, que se essas manifestações chegarem ao Brasil, a história irá se repetir, referindo-se ao golpe ditatorial de 1964.

Cabe aqui assinalar, dentro deste quadro de distanciamento, a diplomacia desastrosa com os governos do continente sul-americano, bem como da Europa (caso do fogo na Amazônia). Em nossa recente história, saímos de um ciclo conflituoso ruim, de escândalos vergonhosos, do raivoso “nós contra eles”, para um outro pior de retrocessos e fechamentos no âmbito interno e externo (censuras às artes), onde o nosso país intolerante, ora dar um passo para frente e dois para trás.

O mais perigoso aqui é estourar uma convulsão social do nível do Chile onde mais de um milhão de pessoas foram às ruas protestar, no início pelo aumento nas tarifas do metrô, mas logo se alastrando para reivindicações salariais e outros benefícios, visando reduzir a desigualdade na distribuição de renda que lá ainda é grande, mesmo se tratando de um país estável em sua economia.

Uma realidade dividida

Ouve-se comentários por aí que o Brasil corre o risco de também acontecer uma convulsão social. Não que não exista clima propício para tanto, como as injustiças e as profundas desigualdades sociais (as maiores do mundo), com a educação e a saúde em farrapos, mas, trata-se de uma realidade diferente no que concerne o nosso povo.

Primeiro é um país dividido, onde há uma aferrada disputa ideológica entre as partes (vermelhos e amarelos), com manifestações alternadas de xingamentos e ódios entre si, sem um sentido coletivo, unidos e de bem-estar para todos, em defesa de uma pátria melhor. Segundo, o Brasil tem um povo culturalmente submisso que carrega a pecha colonial do complexo de inferioridade, ou de vira-lata, como dizia Nelson Rodrigues. Difícil de se indignar e se revoltar em rebeliões, fazendo uma revolução de verdade.

Terceiro, caso isso ocorra, como já foi visto acima nas palavras dos “bozonaristas”, existe um grande perigo de enfrentamento nas ruas entre civis e forças armadas (o país está praticamente sendo comandado por generais no poder e uma grande ala conservadora), culminando até num golpe militar, se bem que o Brasil ficaria numa posição mundialmente mais crítica do que já vive lá fora. O isolamento seria ainda mais profundo.

Como já está, com estes embates rústicos e grosseiros para um presidente destemperado no tratamento, num viés fascista, o isolamento do Brasil na América do Sul não seria uma verdadeira ruína apenas para a economia (a Argentina é um dos maiores parceiros comerciais do nosso país, inclusive com superávits na balança exportação x importação), como também nos relacionamentos interpessoais e culturais.

Desde o início do ano (10 meses) a imagem do Brasil lá fora, não somente na América Latina, principalmente com relação aos cuidados com o meio ambiente e os direitos humanos (xenofobia, homofobia, racismo, violência militar), nunca esteve tão chamuscada ou queimada em toda sua história, sendo alvo de chacotas e piadas.

A única saída para o Brasil, se o quadro de retrocessos permanecer e a incompetência se acentuar, é procurar intercâmbios somente com países ditatoriais de direita, com exceção dos Estados Unidos, de Trump (ameaçado ser cassado), que muito pouco têm a oferecer. Não acredito nesses bilhões dos árabes, que não se dão com Israel, e mudam rapidamente de direção. Vamos preferir ser um povo isolado do resto, com esse papo de soberania e pátria amada que, na verdade, está sendo maltratada e pisoteada, e que não sabe cuidar bem de seus filhos?

CONTINUA O IMPASSE DO EMPRÉSTIMO

Com o atraso de uma hora (a sessão especial sobre os servidores municipais terminou em mista), a Câmara de Vereadores continua no impasse em votar o pedido de empréstimo de 100 milhões de reais da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista à Caixa Econômica Federal.

A oposição permanece obstruindo a votação, sob alegação da falta de detalhamento do projeto, sobre os locais onde a verba será aplicada e que o município poderá ficar mais ainda endividado porque já deve 45 milhões e não pagou a primeira parcela. Na verdade, os vereadores estão negociando e pressionando a liberação das emendas que o executivo não pagou.

Responsabilidade

Como não teve sessão especial porque foi uma decisão tomada praticamente de última hora, os trabalhos foram abertos pelo presidente da Casa, Luciano Gomes, que deu a palavra para o parlamentar Danilo Kiribamba. Ele pediu ao poder público a reforma das praças do Verde e da Murilo Mármore.  O vereador, do PCdoB, disse que a oposição trabalha com responsabilidade, referindo-se à votação do empréstimo.

Os vereadores, de um modo geral, falam de inauguração de obras nos bairros e na zona rural como se fossem prefeitos, como o parlamentar Bibia que citou creches e asfaltamento de ruas. Edmilson Pereira, do PSB, elogiou o trabalho dos servidores públicos, mesmo ausentes na sessão. Na ocasião, reclamou que o prefeito Hérzem Gusmão não está cumprindo com as emendas fixadas para os vereadores.

Quem também bradou contra o prefeito, que não está pagando as emendas parlamentares, foi o vereador David Salomão, com duras críticas. “O prefeito faz o que bem quer e não segue a lei, cumprindo com suas obrigações” –  afirmou, acrescentando que agora quer 100 milhões de reais, sem condições de pagamento à Caixa, inclusive a primeira parcela de um milhão dos 45 milhões tomados. Salomão ainda destacou que até agora o prefeito não conseguiu nada em Brasília.

LAMA, CHAMAS E ÓLEO

Não quero ser nenhuma ave agourenta, e torço para que não ocorra outro fato ainda pior, mas antes do término de 2019, podemos assegurar que o meio ambiente no Brasil, neste ano, foi altamente ferido por três piores desastres ecológicos dos últimos anos, atingindo em cheio o Norte e o Nordeste. No início do ano tivemos a lama da Barragem de Brumadinho (Minas Gerais) com mais de 200 mortes, em junho e julho as chamas na Amazônia, e agora o óleo nas praias nordestinas.

Coincidência, ou não, tudo isso justamente num governo que começou a desmontar toda uma estrutura, mesmo com suas deficiências, de preservação da natureza, e dar uma senha de desprezo pelas leis ambientais constituídas, como liberação de mais agrotóxicos proibidos, intenção de limitar as reservas indígenas da Amazônia (exploração mineral e agrícola) e até querer transformar Angra dos Reis numa Cancun mexicana, sem contar a indicação de gente despreparada para cargos importantes em órgãos do setor.

O pior de tudo é que todos estes terríveis acidentes foram provocados diretamente pelo homem, e não pela ação de revolta da própria natureza que há séculos vem sendo castigada e depredada pelo ser humano, como as sujeiras do lixo, o gás carbônico jogado no ar, o desmatamento indiscriminado, poluição dos rios e outra série de agressões contra o nosso território chamado Brasil.

Tragédias anunciadas

O caso do rompimento da Barragem de Brumadinho, como em Mariana, já era uma tragédia anunciada, e outras mais estão ai para acontecer por falta de fiscalização, cumprimento das leis e a impunidade contra os responsáveis. Logo que ocorre, as investigações são obscuras e contraditórias, e a Justiça muito lenta nas ações. Praticamente não se pagam as multas.

Como no incêndio na Boate Kis, no Rio Grande do Sul, os técnicos e órgãos do governo correm para fiscalizar os outros estabelecimentos na questão da prevenção de segurança e uso de equipamentos recomendados, mas logo relaxam a vigilância. Quanto as barragens de rejeitos minerais, fizeram o mesmo, mas, há muito tempo que não se falam nisso, nem a mídia faz cobranças. É uma tragédia roubando a cena da outra.

No meio do ano, a Amazônia começou a pegar fogo, também uma tragédia anunciada por causa dos desmatamentos feitos com antecedência e com o propósito de incendiar as terras. O governo do despreparado e ultraconservador capitão-presidente “Bozó” culpou as Ongs, quando, na verdade, foram os fazendeiros ruralistas, colocando a economia acima do meio ambiente, mesmo que seja à custa da sua própria destruição.

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O POVO PEDE PASSAGEM E MAIS ESPAÇO

Por muitos anos, para alimentar a indústria automobilística, as ruas e avenidas das cidades brasileiras, principalmente as médias e grandes, foram entupidas de veículos, através de uma política financeira vesga dos governantes, em detrimento do bem-estar do ser humano, que passou a ser sufocado pela fumaça dos carros e com a falta de espaço até nas calçadas.

Calçadão da Catedral

Há muito tempo, o povo vem pedindo passagem nas ruas e clamando por mais espaço, especialmente nos grandes centros onde estão concentradas as maiores atividades comerciais. O surgimento dos shoppings center foi um atrativo para as pessoas ficarem mais à vontade e se sentirem mais seguras, longe dos labirintos dos vaivéns dos automóveis. Na verdade, as cidades ficaram desumanas para se andar e passear nelas.

O calçadão da Catedral

Lima Guerra (Beco da Tesoura)

No Brasil, somente agora alguns governos passaram a perceber que os veículos têm que ceder espaço para as pessoas nas cidades, e isso pode ser feito através dos calçadões, tornando a vida mais humana, descontraída e prazerosa. Vitória da Conquista, por exemplo, ainda tem um centro nervoso congestionado de veículos, mas alguns calçadões vêm aliviando essa situação de caos.

Quando a prefeitura resolveu abrir um calçadão em frente da Catedral e da Praça Tancredo Neves, recebeu muitas críticas egoístas daqueles que, infelizmente, ainda têm a mentalidade de priorizar o carro no lugar do humano, não sabendo que ele também é um pedestre, e circulam na cidade mais de 130 mil veículos, tomando, inclusive, as calçadas. Outro calçadão que beneficiou a população foi construído perto do Fórum, na travessa entre as ruas Góes Calmon e a Lions Clube.

Praça Barão do Rio Branco

Fora esses recentemente abertos, só existem, no centro, os calçadões da Ramiro Santos para a Praça Nove de Novembro e a Alameda Lima Guerra (antigo Beco da Tesoura), sendo que o poder público, através da sua Secretaria de Mobilidade Urbana, cometeu o erro de liberar a outra travessa paralela, onde estão localizados o Sebo e a Lotérica, para a passagem de veículos, quando deveria ter feito outro calçadão.

Todo o centro

Travessa Ramiro Santos – fotos de Jeremias Macário

Não sou especialista em trânsito, e nem precisa ser, para entender que as cidades se transformaram num amontoado de carros de gente estressada, tornando-se mais desumanas e difícil de se transitar nelas. Conquista é uma delas e necessita ser desafogada, livre de tantos veículos, sem estacionamentos para atender a grande demanda, principalmente no centro.

Diante do quadro caótico, em minha opinião, todo centro da cidade deveria ser transformado num grande calçadão, inclusive a Praça Barão do Rio Branco e a rua Ernesto Dantas, com uma urbanização e arborização onde a pessoa se sinta bem para caminhar livremente, sem a perturbação de automóveis.

Creio que todos ganhariam em termos de humanização, inclusive os lojistas que ainda, nos tempos atuais, pedem mais carros em frente de suas portas, como se isso ajudasse a ganhar mais clientes. É um grande engano quem pensa assim. O consumidor quer mais conforto e sossego, mas ainda tem muita gente individualista e conformista que só quer parar seu carro em frente do estabelecimento onde trabalha ou do órgão onde vai resolver seu problema.

 

VERDE QUE TE QUERO

O verde da Praça Tancredo Neves encanta a todos que passam por ali. É de encher os olhos e acalma os mais apressados e estressados. Deixa os namorados mais poéticos, como o florido branco desta árvore captada pelas lentes do jornalista Jeremias Macário. Mesmo assim, Vitória da Conquista carece de muito mais verde para acalmar nossas almas.

A MAGIA DAS MÃOS

Poema de Jeremias Macário

Mãos caseiras e finas;

mãos rachadas das lidas,

das armas frias assassinas,

e das inocentes meninas.

 

Mãos que fazem carícias,

que dão adeus e acenam;

de despedida e encontro,

podem ser de malícias.

 

Mãos marcadas e limpas;

de mensagens benditas,

são também carregadas

de ações vis e malditas.

 

Mãos que assinam papéis,

tratados de guerra e paz,

preferem ficar sem dedos

do que entregar os anéis.

 

Mãos da santa rezadeira;

mãos que doem no aperto,

sinal de angústia no peito,

da negra sem eira nem beira.

 

Mãos que clamam aos céus

por uma chuva de São José

no chão estorricado de Javé;

mãos que não perdem a fé.

 

Mãos de lindas camponesas,

de analfabetas manipuladas;

de gente simples e honradas,

escravas das casas baronesas.

 

Mãos que ensinam como rezar,

são as mesmas que se vingam,

e até batem em suas crianças,

nos momentos aflitos do lar.

 

Mãos que arrancam a dor;

enxugam lágrimas do rosto;

mãos de invernos passados,

enrugadas da avó e do avô.

 

Mãos de destino tão incerto,

que fazem da ilusão a magia;

falam na linguagem de gestos,

e nas andanças de cada dia.

 

Mãos que gritam socorro,

são lidas pelas as ciganas;

feitas de água, ar e de fogo;

são abençoadas e mundanas.

 

Nas mãos existem energias

de raios negativos e positivos;

cheias de histórias e de guias;

de crenças, artes e rebeldias.

 

As mãos dizem quem você é,

de personalidade reta e forte;

fraca só para coçar o sujo pé;

e de quem labuta até a mort

SESSÃO ESPECIAL SOBRE “OUTUBRO ROSA”

O coral do Centro de Convivência do Idoso, com as músicas “Maria, Maria”, “Mulher Brasileira” e “Amigos para Sempre”, abriu, ontem (dia 23/10), os trabalhos da sessão especial da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, que tratou da campanha do “Outubro Rosa”, mês dedicado a alertar as mulheres para a questão do câncer de mama.

No início, o presidente da Casa, Luciano Gomes, convocou os convidados a comporem a mesa, e logo passou à presidência da sessão para a parlamentar Viviane Sampaio, que conduziu as atividades do dia. O coral de idosos foi bastante aplaudido com as músicas que falam do empoderamento das mulheres e dos amigos para sempre. Foi uma sessão muito comovente e proveitosa, principalmente em termos de conhecimento e conteúdo.

Campanha

A primeira a falar foi a vereadora Lúcia Rocha que lembrou da sua lei recomendando à Prefeitura Municipal a realizar a campanha do “Outubro Rosa” no município, e disse que o poder público tem desenvolvido ações de prevenção contra o câncer de mama nas mulheres, como o convênio com o Hospital Samur na realização de diagnósticos. No entanto, frisou que “precisamos encontrar formas mais evoluídas para combater a doença”.

A vereadora ainda destacou que a luta tem que continuar através de políticas públicas permanentes, porque se trata de uma doença perigosa, mas com alto índice de cura. A mastologista Monaliza Ferraz explicou sobre os métodos de prevenção precoce com os exames de mamografia e ultrassom, a partir dos 40 anos, e aconselhou que as mulheres tenham hábitos saudáveis, não somente na alimentação, como na vida de um modo geral.

De acordo com ela, se a mulher tiver estes cuidados, o índice de cura pode chegar a 95% dos casos detectados. A enfermeira da Secretaria de Saúde, Érica Teixeira, afirmou que, em referência ao câncer nas mulheres, o de mama é o segundo com maior incidência. Também falou sobre as estratégias de prevenção, e que a prefeitura tem realizado diversas ações, como o “Dia D” do “Outubro Rosa” neste final de semana em 40 localidades, inclusive na zona rural.

Maria das Graças Silva deu seu testemunho como vítima do câncer de mama detectado há três, e como vem se cuidado através dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Também recomendou que a mulher procure se cuidar logo cedo, para ter a sua cura confirmada.

Quem também estiveram presentes à sessão, fazendo parte da mesa, foram a prefeita em exercício, Irma Lemos, e a diretora da “Casa do Amor”, Maria do Carmo, que acolhe diversos pacientes de câncer de outros municípios da região. Elas fizeram um apelo para que as mulheres se previnam, e que cada uma procure conhecer melhor seu próprio corpo.

TROCA DE AUTÓGRAFOS ENTRE JORNALISTA E FOTÓGRAFO EVANDRO TEIXEIRA

A visita inesperada do renomado fotógrafo nacional e internacional, Evandro Teixeira, na tarde do último domingo (dia 20/10), no “Espaço Cultural a Estrada”, aconteceu de forma descontraída pela sua simplicidade, mas terminou sendo memorável pela troca de autógrafos entre o jornalista e escritor Jeremias Macário e o profissional das lentes que já registrou vários acontecimentos da humanidade, não só no Brasil como em outros países.

O fotógrafo que esteve em Vitória da Conquista, participando do XIII Colóquio Nacional e VI Colóquio Internacional sobre “Distopia, Barbárie e Contraofensivas no Mundo Contemporâneo”, realizados pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Ueb, foi convidado a conhecer o Espaço Cultural pelo artista escultor Edmilson Santana, responsável pela instalação de uma exposição sobre o tema, no Museu Pedagógico Padre Palmeira, inclusive da mostra fotográfica de Evandro Teixeira, relacionada com a ditadura civil-militar de 1964.

Recebido por Macário, sua esposa Vandilza e familiares, a visita rápida de Evandro que, infelizmente, já estava de partida para o Rio de Janeiro, foi uma surpresa agradável e rendeu bons frutos, e o começo de uma forte amizade. Na ocasião, o jornalista autografou seus livros “Uma Conquista Cassada –cerco e fuzil na cidade do frio” e o seu mais novo “Andanças” para o famoso visitante.

Em contrapartida, Evandro deixou sua dedicatória em sua obra “Passeata dos 100 Mil”, da L Textual, que contém célebres fotos de 1968, em plena ditadura, quando o repórter fotográfico trabalhava para o Jornal do Brasil. Foi um momento de muita emoção receber o carismático fotógrafo no nosso Espaço Cultural que, além da ditadura no Brasil, retratou o velório do poeta chileno Pablo Neruda, Prêmio Nobel de Literatura, e realizou coberturas históricas sobre povos excluídos no mundo, como dos curdos, zapatas e palestinos.

DISTOPIA, BARBÁRIE E RESISTÊNCIAS NAS INSTALAÇÕES DE EDMILSON SANTANA

A instalação de quatro exposições de nível nacional e internacional do escultor conquistense, Edmilson Santana, no Museu Pedagógico Padre Palmeira, expressou e resumiu tudo do que foi discutido no XIII Colóquio Nacional e VI Colóquio Internacional, realizado nas dependências da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb, na semana passada, com o tema principal “Distopia, Barbárie e Contraofensivas no Mundo Contemporâneo”.

Seu trabalho, que deve ficar pouco tempo no local (uma pena), que faz uma forte crítica sobre a educação no Brasil “Ducação” como está lá exposto e também nos dizeres “Fexado pra Balansso”, e cadeiras escolares quebradas, amarradas por cordas no teto, mostram como o ensino está sendo “pisoteado e machucado” por anos de governantes relapsos, corruptos, inconsequentes e incompetentes. Ao visitar, deixe, livremente, seu recado no grande mural da liberdade.

UM “SOCO” EM NOSSA SOCIEDADE

A mostra causa um impacto logo na entrada e tem uma sinergia muito forte. É um “soco” bem dado em nossa sociedade que só visa o consumismo, como bem desabafou o artista. Pela sua ousadia e criatividade, merece ser visitada, principalmente, por jovens estudantes, professores, artistas, intelectuais e por todo cidadão, pela sua mensagem política e social de distopia, barbárie e contraofensivas.

Edmilson tocou no âmago sensível da educação, que homenageia ainda os educadores Anísio Teixeira e Paulo Freire, mas também apresentou as distorções e anormalidades da nossa contemporaneidade, como a mídia das Fake News, especialmente nas redes sociais, entupidas de raivas e intolerâncias. Mostra o passado das máquinas de datilografia. O visitante ainda tem o privilégio de ouvir e refletir a narração de uma mensagem poética e crítica, gravada no texto do artista-compositor Arnaldo Antunes.

O escultor, com sua peculiar sensibilidade artística, escancarou as feridas abertas da ditadura através das fotos imortais do fotógrafo Evandro Teixeira, que se fez presente aos colóquios e ao Museu, quando falou da sua trajetória de coberturas jornalísticas no Brasil (Jornal do Brasil), no Chile, na morte do poeta Pablo Neruda, e em várias partes do mundo, retratando povos excluídos, sem uma pátria própria, como os curdos, zapatas e palestinos.

CONTRAOFENSIVAS

As imagens de Edmilson, que nasceu em Itapetinga, mas veio para Vitória da Conquista ainda criança nos braços da sua mãe, dizem tudo e valem a pena serem visitadas, porque estamos ficando inerte e precisamos nos indignar e reagir contra as barbáries e os retrocessos, como as ditaduras e as tiranias que roubam de nós a liberdade de expressão e a democracia. Muitos povos, inclusive da América Latina, já estão fazendo suas contraofensivas, não aceitando a ultraconservadora fascista que quer impor a barbárie social, como está figurada nas instalações de Edmilson Santana.

Ainda dentro do tema dos colóquios, a montagem do escultor Santana apresenta em sua arte uma exposição de contraofensivas da humanidade contra a estupidez. Destaca a realização da 3ª Internacional Comunista que está completando 100 anos, onde os trabalhadores do mundo foram convocados para se unir em oposição ao capitalismo explorador e ganancioso dos patrões.

Seu trabalho mostra também a reação dos estudantes e dos brasileiros contra o regime ditatorial na célebre “Marcha dos 100 MIL”, em 1968, fotografada por Evandro Teixeira, com quem tive uma rápida conversa em visita à minha casa. Suas fotos hoje têm o reconhecimento nacional e internacional, e Edmilson soube bem captar a mensagem através das botas militares de extensos cadarços, complementando as imagens do que foi aquele regime opressor de mais de 20 anos em nosso país.

OS COLÓQUIOS

Sua mostra retratou justamente a forma de resistência na história dos povos, que também passam pela utopia (o sonho de suas realizações), a distopia (as anormalidades dos órgãos), e a resistência encorajadora para alcançar os objetivos pretendidos, na base da luta, como bem explicou o professor Cláudio Felix, organizador dos colóquios, realizados na Uesb e no Museu Padre Palmeira, que debateram Educação em Tempos de Barbárie e Distopias –um olhar para o suicídio, drogas e gêneros.

Esse capítulo e os  colóquios tiveram mesas redondas, conferências e temáticas sobre religião, repressão e resistência na formação social e política no Brasil; educação pública brasileira; as evidências da ditadura militar; o debate atual sobre a desconstrução e construção das identidades do gênero e feminismo; história, trabalho, educação e cultura camponesa – modos de luta pela terra; democracia, violência e anti-intelectualíssimo; infância e educação infantil; preto de cabelo feio: vivenciando o racismo; diálogos conexos – linguagem, arte e cultura como resistência à barbárie contemporânea, dentre outras discussões, captadas e interpretadas nas instalações impactantes do escultor Edmilson Santana.

For de resistência à ditadura civil-militar na foto de Evandro Teixeira – instalação de Edmilson Santana

Instalação de Edmilson Santana, no Museu Pedagógico Padre Palmeira

“PRESENTE DE GREGO”

Carlos Albán González – jornalista

Era o dia 18 de maio de 2011. No luxuoso e prazeroso Hotel Transamérica, em Comandatuba, na Bahia, estavam reunidos alguns dos maiores pesos pesados do empresariado nacional, convidados pela Odebrecht para ouvir uma palestra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a política econômica dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Ninguém poderia imaginar que naquele instante estava sendo “embrulhado” um “presente de grego” de um torcedor de futebol ao seu clube de coração.

Entre goles de uísque importado 12 anos, Lula, que havia completado oito anos na Presidência da República, levou para uma sala reservada do hotel Emílio e Marcelo (pai e filho) Odebrecht. Sem rodeios, na presença de Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, pediu que o gigantesco conglomerado construísse, na distante região de Itaquera, em S. Paulo, um estádio para o seu clube, o Corinthians.

Aquele encontro no litoral baiano aproximava os interesses das duas partes: Lula pretendia ampliar o leque de apoio ao seu partido, visando futuras eleições, abraçando a numerosa torcida do seu “Curintia”, na dicção do petista; a Odebrecht olhava com bons olhos o volume de construções anunciadas pelo governo de Dilma Rousseff, o que incluía as Olimpíadas de 2016.

Mas Lula tinha outros planos, que começaram a ser costurados um ano antes, com a visita do francês Jérôme Valcke, secretário da FIFA, ao Brasil, para inspecionar os estádios que receberiam os jogos do Mundial. Influenciado pelo petista e pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não escondia sua antipatia ao São Paulo F. C., Valcke, que, depois da Copa, acusado de corrupção, foi banido do futebol, vetou o “Cícero Pompeu de Toledo”, o Morumbi, na época, o estádio mais moderno do país, com capacidade para mais de 100 mil pessoas, localizado numa região de fácil acesso da capital paulista.

Estava decretado: o estádio dos paulistas na Copa seria o “Itaquerão”, cujo orçamento inicial de R$ 450 milhões aumentou, no transcurso da obra, executada às pressas (um “poleiro” provisório foi colocado para a partida inaugural, em 14 de junho, a fim de atender uma das exigências da FIFA), para R$ 1,2 bilhão, dinheiro emprestado pelo BNDES e Caixa Econômica Federal (CEF).

No dia 31 de agosto de 2016, a Câmara dos Deputados afastou a petista Dilma Rousseff da Presidência da República. Começava um processo de transição na filosofia política do Brasil, concluído no dia 1º deste ano com a posse do palmeirense Jair Bolsonaro.

Os corinthianos, evidentemente, não esperavam essa drástica mudança  nos gabinetes do governo, em Brasília, incluindo seu torcedor mais famoso, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do clube, o espanhol-andaluz e deputado federal (PT-SP) Andrés Sánchez. De um dia para o outro o Corinthians se viu responsável por uma dívida bilionária, reputada pela revista “Exame” como “o maior golpe do dinheiro publico do país”.

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