ESTAMIRA DO ALÉM
Poema do jornalista Jeremias Macário
Lá no além do além,
da energia que gira,
jamais intimista
do físico cientista,
está o espaço paralelo
do metafísico elo,
mundo de Estamira.
No além do além,
da súbita imaginação,
numa repentina fração,
Estamira rasga sua dor,
doída e sofrida,
de lucidez e loucura,
entorpecente secura.
A fala de Estamira,
transborda toda ira,
em seus restos de carne;
treme, contorce e morde,
para amaldiçoar
a perversidade humana,
de mente suja insana.
De dentes cravados,
vampiros do sistema,
fazem do sangue o tema,
e neles Estamira mira,
suas palavras de fogo,
com suas fibras de aço
contra todo o jogo,
dos homens malvados,
que invadiram seu espaço.
Estamira vive,
viajando pelos astros,
luminosos de gás,
de corpos verminosos,
falando de guerra e paz,
com mágicas de agonia
em toda noite e todo dia.
Lá se vai Estamira,
ao som da sua lira,
no seu ritmo acusatório,
perfurando o além,
nesse mundo sanatório,
onde não existe futuro,
no paredão de escuro.
Estamira não tem Deus,
no seu filosófico além,
e nem diz mais amém,
essa bruxa do lixo,
que fuça como bicho,
vendo sair o demônio
da camada de ozônio.
Das asas dos urubus,
do além da história,
Estamira divaga e delira,
na sujeira da escória,
dos canibais animais.
Estamira é lógica utópica,
sem sentido, sem ótica,
complexo do universo,
do além de ninguém,
que enfrenta o perverso,
e faz pouco do desdém