Poema de Jeremias Macário

Suor quente da face escorria

Do sol tostado das cinco horas

No poente da nuvem se ia

Para entrar o breu da noite

Com a conta do açoite do dia.

 

Conspira a noite, açoita o dia,

Pena o corpo e a alma vigia.

 

Conheci o auge do império,

A explosão e o gelo do inverno,

A Odisseia de Homero e a fera,

Em luta dos mares revoltos da era

Com monstros saídos do inferno.

 

Fui beato de reza e da bruxaria

Entre a cruz, a foice e o martelo,

Vaqueiro berrante de uma boiada,

Um coronel cruel de papo amarelo

Dono e rei de todo o açoite do dia.