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:: 25/ago/2018 . 0:39

A FIDELIDADE DE UM POLÍTICO

Albán González – jornalista

O brasileiro comum tem o direito de escolher os seus candidatos, sem necessidade de justificar seu voto, mesmo que seja dado de forma leviana e inconsciente, colocando tiriricas, escadinhas e fernandinhos nos gabinetes governamentais e casas legislativas. Àqueles que só são lembrados em época de eleições não lhes é dado o  direito, expresso na Constituição de 1988, de exercer plenamente a cidadania. Negam-lhe a faculdade de ter acesso à educação, saúde, lazer, segurança, emprego e moradia.

Essa prática nociva, que contamina nossas instituições, não deve ser referendada pelo brasileiro que ocupa um cargo público; que se coloca na condição de líder de uma comunidade.

Refiro-me a um episódio ocorrido no último dia 18, aqui, em Vitória da Conquista. Participando de um encontro do seu partido, o MDB, Herzem Gusmão reiterou seu apoio incondicional, na condição de chefe do Executivo local, ao emedebista Lúcio Vieira Lima, candidato, mais uma vez, à Câmara dos Deputados.

Nas fotos, o prefeito segura um cartaz, onde dois dedos (polegar e indicador) fazem um “L”, imitando, coincidentemente, acredito, a mesma letra do alfabeto usada pelo Movimento Lula Livre.  Os dois sobrenomes do candidato são omitidos, por motivos óbvios.

Como escrevi na abertura deste comentário, o cidadão Herzem Gusmão tem plena liberdade para escolher seus candidatos nas eleições de outubro. Mas, como a principal personalidade hoje deste município, elevado a um cargo de gestor pela maioria dos seus moradores, surpreende-me ver o nobre alcaide “tomar o bonde errado”, indicando para seus conterrâneos o nome de um Vieira Lima.

Essa decisão extemporânea de Herzem vai de encontro aos interesses de alguns dos políticos locais, que já lançaram seus nomes à Câmara Federal. Alguns deles, ao que me parece, integram a bancada de sustentação ao prefeito na Câmara de Vereadores.

Será que Herzem não tem acompanhado o noticiário político-policial da imprensa nacional?  Vou avivar-lhe a memória: no dia 5 de setembro de 2017 a Polícia Federal encontrou num apartamento em Salvador a soma de R$ 51 milhões – as fotos das nove malas e caixas se tornaram a marca da corrupção no país. No material periciado havia impressões digitais dos irmãos Geddel e Lúcio.

Sem imunidade, Geddel foi “morar” no Presídio da Papuda, no Distrito Federal. Já o mano Lúcio, “blindado” pelo mandato, tem conseguido evitar seu julgamento pelo Conselho de Ética da Câmara, por suposta quebra do decoro parlamentar. Além de não haver interesse dos membros do colegiado, que se acham fora de Brasília, em busca da reeleição, Lúcio não tem sido encontrado – houve cinco tentativas – para receber a notificação.

A família Vieira Lima (a mãe Marluce e os filhos) tornou-se ré no Supremo Tribunal Federal (STF), depois de analisada a denúncia feita pela Procuradoria Geral da República (PGR). O trio responde às acusações de lavagem de dinheiro e associação criminosa, além do emprego de dois assessores parlamentares em serviços domésticos,  no apartamento de Marluce, no bairro do Chame-Chame, em Salvador.

Nos primeiros dias do seu governo Herzem Gusmão escolheu seus padrinhos políticos, os Vieira Lima e o presidente Michel Temer. Depois que a PF descobriu o “bunker”, no bairro da Graça, o nome de Geddel não foi mais mencionado pelo prefeito. Anunciada em várias ocasiões, a visita presidencial a Vitória da Conquista ficou apenas na promessa, mas o prefeito permanece entre os 10% dos brasileiros que apoiam Temer.

Nas hostes do MDB baiano tem candidatos que não querem ver os Vieira Lima nos seus palanques eleitorais. Um deles é João Reis Santana Filho, que se irritou ao ser questionado num debate na Rádio Sociedade da Bahia sobre sua relação com Geddel e Lúcio. “Nada tenho a ver com as malas. É problema deles. Sou ficha limpa. Fui ministro de Lula. Saí incólume. Lula está preso e eu estou solto”, respondeu o candidato emedebista ao governo baiano.

A fidelidade (qualidade rara entre os políticos) de Herzem é pouco comum nos dias atuais, reconhecida pelo próprio Lúcio, ao declarar recentemente que “somente Herzem me deu crédito”, no momento em que as portas se fecham para ele. A resposta do eleitorado conquistense ao seu prefeito se dará no dia 7 de outubro após o fechamento das urnas.

 

 

 

CÂMARA ABORDA QUESTÕES DOS TRANSPORTES E FAZ HOMENAGENS

Os funcionários da Viação Vitória, que teve seus ônibus interditados há mais de um mês e se encontra em estado falimentar, bem que quiseram ter acesso à tribuna livre da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista na sessão de ontem (dia 24/08), para falar de suas situações sem receber salários há meses, mas vão ter que esperar para a próxima plenária de quarta-feira (dia 29/08).

O vereador Dudé, líder do governo na Casa, chegou a bater boca com um empregado da empresa que insistia em falar, mas foi vencido pelo argumento do parlamentar que abriu questão de ordem, pois como reza o regulamento, existe uma fila de espera pela tribuna livre. A plenária aprovou sua posição de não abrir precedentes, mas houve um acordo para a concessão do espaço sobre o assunto na próxima sessão.

Como todos já devem saber, os funcionários da “Vitória” estão atravessando sérias dificuldades financeiras há mais de quatro meses, e não existe uma solução. São mais de 500 famílias que hoje dependem de doações da comunidade para se alimentar, sem contar atrasos em suas contas, como aluguel, carnês, cartões de crédito, pagamento de água e luz e outras dívidas no comércio.

Todos vereadores se prontificaram a ajudar, inclusive com seus próprios recursos, pois o quadro é caótico e de sofrimento. Os vereadores do PT bradaram contra o poder público municipal que ainda não tomou uma posição firme, de modo a aliviar os problemas dos empregados parados. Eles fizeram um pelo à Justiça no sentido de que os ônibus da empresa sejam penhorados para pagar as indenizações trabalhistas.

Dentro deste mesmo setor, que atualmente vive uma grande crise na cidade, muitos parlamentares se alternaram na tribuna para defender uma urgente regulamentação do transporte alternativo, principalmente dos motoristas de aplicativo. A oposição criticou a lentidão da Prefeitura Municipal em resolver as irregularidades das vans, muitas rodando de forma clandestina, repudiando a ausências de representantes do executivo nas discussões.

Outros assuntos foram abordados na sessão como a precariedade do Ceasa Atacadão, desprovido de qualquer nível de higiene para os consumidores, sem falar na total desorganização do local que virou espaço predileto dos ladrões de veículos. A vereadora Lúcia Rocha aproveitou seu tempo para falar da necessidade de revitalização do rio Verruga e da Lagoa das Bateias, hoje depósito de esgotos e sujeiras provenientes dos bairros vizinhos.

Com seu discurso político de duras críticas ao governo estadual do PT, o vereador Salomão aproveitou para chamar o candidato a senador Jaques Wagner de ladrão, citando as denúncias contra ele nas obras da Fonte Nova, na Copa de 2014.

Na ocasião, a Câmara prestou uma homenagem de moção de aplausos aos 90 anos da Polícia Rodoviária Federal, na presença de muitos componentes da corporação que receberam diploma de agradecimento pelos trabalhos prestados na região. O vereador Álvaro Pithon também homenageou o trabalho das forças armadas no país.





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