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:: 24/nov/2017 . 0:01

A CONQUISTA DOS DONOS DA CULTURA

A princípio, já sei, antecipadamente, que não serei apenas criticado, mesmo porque discordar faz parte da natureza humana e do debate democrático aberto a todos. Entretanto, muitos irão soltar impropérios e flechas venenosas com conotações depreciativas contra minha pessoa, do tipo rancoroso, imbecil, provocador e frustrado.

Com minha idade avançada, já não me importo mais com as pedradas. Sou cidadão conquistense vivendo aqui há quase 27 anos. Procurei durante este tempo estudar as origens e a história desta terra, bem como, observar a prepotência vaidosa intelectual de muitos que se consideram donos da cultura e que se portam como deuses intocáveis. Existe muita presunção na cabeça de muita gente.

O resultado disso é que tudo que se faz, ou se estar por fazer aqui em torno da cultura, tem que girar ao redor desses sacerdotes ilustres que comandam os rituais litúrgicos. Sem o aval deles, qualquer expressão ou trabalho artístico não consegue se sobressair e alcançar maior divulgação interna e externa. Para abrir passagem e ser prestigiado tem que pedir a benção deles.

Antes de adentrar na questão concernente ao título de cunho opinativo, permitam-me uma pausa para uma observação. No último dia 21 (terça-feira), na Livraria Nobel, quando do lançamento da obra “A Guerra das Coronelas Sá Lourença e Isabelinha no Sertão da Ressaca – Vitória da Conquista”, do autor José Walter Pires, fiquei sem entender o porquê da secretária da Cultura não ter sido convidada a fazer parte da mesa das celebridades. Foi uma gafe, ou foi coisa proposital, premeditada? Afinal de contas, ela estava ali presente prestigiando um evento da sua pasta, representando toda a cultura do município. Eu só queria entender!

Bem, voltando ao nosso tema provocativo e polêmico, a par de duas universidades, uma estadual e outra federal, de várias faculdades particulares de ensinos presenciais e à distância, a cultura de Vitória da Conquista não tem um projeto consolidado de realizações. Sem verbas próprias e uma diretriz traçada, vivemos de atividades pontuais soltas no espaço. A sensação é que muita coisa acontece sem um calendário programático. O que foi realizado num ano pode deixar de ser no outro.

O setor privado, ainda com sua mentalidade provinciana, dificilmente investe na cultura e no esporte porque acha que não compensa. Quando dá alguma coisa faz como forma de ajuda, esquecendo que o doador também está sendo beneficiado com a divulgação da sua imagem perante o público. Isso acontece, por exemplo, com o futebol da cidade. Quando o time está vencendo aparece alguma ajuda, mas se perde, não tem apoio. O atleta sofre para conseguir um patrocínio e desenvolver seu trabalho.

Com nosso complexo de superioridade (tem muita gente que não se considera nordestino) ainda nos alimentamos da fama de fora de que Vitória da Conquista é uma cidade cultural de alto nível, talvez por conta de um passado efervescente e por nomes como Elomar, Glauber Rocha, Camilo de Jesus Lima (Caetité) e tantos outros, Com todas suas ambiguidades, arrogâncias, pedantismos, prós e contras, cada um com seu grande valor artístico de reconhecimento nacional e internacional, ainda um dia vou me atrever a falar aqui dos titãs da nossa cultura (Elomar e Glauber).

Pela sua grandiosidade, Conquista poderia ter uma atividade cultural intensa, bem mais diversificada e rica, só deixando a dever com a da capital. Não é isso que temos. Não por falta de talentos, mas pela ausência de um plano piloto que contemple a todos, sem as amarras e sem precisar do amém dos donos da cultura.

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