Essa de desenvolvimento sustentável é linguagem capitalista para enrolar os tolos e ir jogando a sujeira debaixo do tapete. Reciclagem do lixo é mais uma invencionice e uma ilusão de que estamos limpando o mundo. Essa reciclagem em novos produtos, sejam lá os objetos que forem, um dia vão ter que retornar para o lixo. Ninguém vai guardar, por exemplo, roupas ou copos reciclados para sempre.

• Rio do Antônio continua a pedir socorro – foto José Silva

Dia 5 de junho de cada ano, “ambientalistas”, órgãos do governo e a sociedade em geral falam em comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Comemorar o quê? O planeta está sujo e as pessoas, atraídas por novos produtos supérfluos, querem cada vez mais consumir. O capital tudo faz para que a indústria produza mais e mais.

Todos defendem o meio ambiente, mas só alguns têm consciência e mudam seus hábitos, como o simples ato costumeiro de jogar papel nas ruas, sem falar no lixo atirado em rios e riachos. O poder público também prega a defesa do meio ambiente, mas não faz sua parte e pouco investe em saneamento básico.

Nesse rol de culpados pela sujeira e o entupimento do mundo, a mídia é a mais hipócrita. A mesma mídia que dá manchetes e ocupa espaços para discorrer sobre as normas e regulamentações em favor do meio ambiente, é a mesma que mais incentiva o consumismo para auferir lucros em suas publicidades e anúncios.

O mesmo indivíduo que joga um coco na estrada da janela de um carro, como flagrei noutro dia, se diz defensor do meio ambiente. Dá para acreditar nessa gerente que pra ficar bem na fita defende o meio ambiente? Enquanto isso, continuamos contaminando nossos rios com esgotos, lixo e agrotóxicos.

Esse papo de substituir o plástico pela madeira é o mesmo daquela história de cobrir um santo e deixar o outro descoberto, ou do cobertor curto que cobre a cabeça e deixa os pés de fora. Reduzir o consumismo e desconstruir são palavrões para o sistema capitalista ganancioso e predador. Todo mundo quer um celular novo a cada temporada de inovações tecnológicas.

Dizem os especialistas que após início da década de 60 até os tempos atuais, a quantidade de gases poluentes lançados na atmosfera cresceu 10 vezes. Plantar árvores e reciclar lixo, como afirmou um colunista, não significam que o meio ambiente está sendo cuidado.

Não precisamos ir muito longe para nos dar conta que a terra está cada vez mais poluída. Um dos exemplos perto de nós é o Rio Verruga, que nasce no Poço Escuro, em Vitória da Conquista. Com o tempo, o rio virou um esgoto a céu aberto. Na região temos o Rio do Antônio, Brumado e Rio das Contas. O primeiro já deixou de ser permanente para ser temporário.

Portanto, nada a comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente. Há 20 ou 30 anos lembro que os ambientalistas eram vistos como “caras malas e chatos”, mas hoje todos se dizem defensores da natureza, mas só na aparência. A sociedade, tutelada pelo estado, é só hipocrisia e de faixada que faz de conta que preserva o meio ambiente.