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UMA INVASÃO DE BÁRBAROS EM NOVA YORQUE E NA ONU

Mais um tremendo estrago na imagem do nosso Brasil, com um monte de falácias, distorções nas informações, mentiras, negacionismo da ciência e contaminação da Covid-19, deixando o mundo estarrecido. Assim foi a segunda invasão de bárbaros em Nova Yorque e na ONU (a primeira foi em 2019).

Sinceramente, é um desgaste de tempo se for elencar as barbaridades, pois já foram estampadas por toda a nossa aldeia chamada terra que hoje está conectada entre todos os cantos através das redes sociais da internet. Entendo que a esta altura até os seguidores, os chamados fantasmas que saíram dos macabros armários, do capitão-presidente ficaram estarrecidos, mas nunca vão dar o braço a torcer.

Foi um torrencial de contradições que superaram as ideias e os pensamentos mais atrasados e retrógrados da Idade Média. Quem é este cara que fala de família e tem uma desajustada e corrupta, especializada em “rachadinhas”, sem contar o alinhamento com os milicianos matadores do Rio de Janeiro?

Que é este que fala em liberdade e democracia, e mobiliza seus apoiadores nas ruas para pregar a volta da ditadura, com o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal? Quem é este que desmoraliza nossa medicina dizendo que o Conselho Federal da categoria recomenda o tratamento preventivo do vírus com a adoção do medicamento cloroquina?

Quem é este que com sua turma invade Nova Yorque e a ONU, sem máscaras, para contestar as recomendações científicas mundiais de combate à pandemia? Quem é este que comanda uma caravana de doidivanas onde um médico ministro da Saúde joga seu juramento no lixo e ainda faz gestos obscenos contra uma manifestação pacífica de oposição?

Ele, o ministro, deveria se envergonhar pela sua idade e pela sua posição, mais ainda por ter sido contaminado por mera negligência médica. Que ministro da Saúde nos temos! Que vergonha! Perdoai, Senhor, porque eles não sabem o que fazem e o que dizem! Quem é este que fala em nome de Deus e atenta contra a vida de milhões de brasileiros que choram as perdas de quase 600 mil almas porque as vacinas chegaram atrasadas?

Como defender o indefensável diante de tantos paradoxos e barbaridades, com dados falsos, truncados e deturpados, tentando enganar investidores, como se fossem totalmente desinformados da atual situação econômica e social do nosso país? Será que os grandes empresários de hoje ficaram loucos ao ponto de rasgar dinheiro? Quem é este que ultraja a nossa nação? Como reconstruir toda essa imagem enxovalhada no exterior? Como recuperar o nosso meio ambiente devastado pelos desmatamentos e queimadas?

Depois de todas essas cenas de comedores de pizzas e churrascos nas ruas, com máscaras nos pescoços, como me orgulhar do meu país?  São esses os nossos diletos representantes, ou seres estranhos de outro planeta? Quem são esses bárbaros que tanto repetem as palavras pátria, família e tradição, e tanto fazem para nos negar o conhecimento e o saber?

O SERTANEJO AINDA NÃO CONSEGUIU CONVIVER COM OS EFEITOS DA SECA

Fotos do jornalista Jeremias Macário

No nosso roteiro para ver de perto os efeitos da seca sobre o sertanejo, os quais perduram há séculos no cenário brasileiro porque os políticos sempre se aproveitaram dela para se eleger, como “indústria do voto”, nos deparamos (eu e o fotógrafo Zè Silva) logo na entrada do distrito de José Gonçalves com seu Tranquilino Almeida Pereira, e a primeira coisa que ele reclamou foi da falta de água pela Embasa.

Os moradores ficam dias sem o precioso líquido para o consumo e utilização doméstica, enquanto logo cedo carros-pipas cortam o agreste para atender algumas casas e povoados. Seu Tranquilino estava realizando alguns serviços com diarista. Tocamos em direção a Caetanos, pegando a poeira da estrada de chão.

História de lutas

Não demorou muito e encontramos com seu Isaias Santos numa carroça que nos contou sua longa história de lutas contra as estiagens que nos últimos anos são mais constantes por causa do próprio aquecimento global. Quanto aos carros-primas, ele denunciou que alguns recebem e outros não, não sabendo explicar ao certo se essa prática tinha algum viés político eleitoreiro. No entanto, no meio da conversa ratificou que isso sempre existiu.

Em todos encontros que tivemos com o homem do campo, ficou evidente que as perdas das lavouras foram totais. O rebanho que ainda restou está sendo alimentado com um pouco de palma que ainda vigou e palhas da cana-de açúcar colhidas das margens da Lagoa do Batista, a única que ainda não secou totalmente. Acontece que nem todos dispõem mais desses recursos.

No povoado de Tanque Velho, Gilmar Barbosa Damaceno, de 38 anos, levantava a poeira com sua foice fazendo a limpeza da cerca. Por sorte arranjou um trabalho como diarista (não por muito tempo) para completar o auxílio de 600 reais que a mulher recebe do governo federal.  Debaixo do sol escaldante, ele recebe apenas minguados 50 reais pelo árduo serviço.

Gilmar é uma espécie de caseiro que, com a mulher e o filho, mora na casa do sítio de um amigo de Vitória da Conquista. Em troca ele aluga o pasto para donos de gado, isto quando o verde se renova com as chuvas, mas há quase um ano que elas não caem do céu.

Na mesma situação, próximo da Lagoa do Batista, encontramos Wilson Alves Souza, de 32, que possui nove hectares de terra, seu pai de 75 anos, Dioclides e o primo Genivaldo Gonçalves Silva, de 51. Como não tinham nada a fazer durante a seca, estavam realizando um aceiro na cerca. Todos dependem de uma diária para sobreviver, isto quando acham. Seu Dioclides ainda se vira com a pequena aposentadoria que ganha.

De acordo com eles, com a situação cada vez mais piorando, e sem expectativas, os jovens caíram fora e tomaram a direção da cidade na tentativa de arranjar algum trabalho. Como o nível de estudo é baixo, a grande maioria vive mesmo da informalização e bicos que arrumam, de vez em quando.

Ainda em Lagoa do Batista conversamos com dona Lucinete Santos Silva, de 48 anos, e seu marido Gescino Oliveira Silva, de 64 anos. Eles têm três filhos, de 10, 22 e 25 (os dois últimos foram morar na cidade) porque a roça não proporciona alternativas de vida.

Seu Gescino estava numa moto transportando cana para dar ao gado que já passa fome por falta de pastagem. Dona Lucinete ainda se vale de uma cisterna no quintal com um pouco de água que ainda sobrou.  Os animais têm que percorrer alguns quilômetros para beber na Lagoa.

Passamos pelo povoado da Roseira, e em todo o nosso percurso não encontramos ninguém montado em um jumento (coisa rara de se encontrar) para se loco0mover ou transportar os produtos. No lugar do jegue, quando ainda se via há alguns anos em nossas reportagens, agora quem manda no sertão é o “cavalo de aço”, ou a moto levantando poeira como os veículos de quatro rodas.

A seca é a mesma que castiga, implacavelmente, o sertanejo e faz dele um retirante quando não mais tem água para beber e o alimento para matar a fome. A novidade maior é a tecnologia que, através de um celular, aparece na mão de cada agricultor para se comunicar com os parentes e amigos, ou acompanhar as redes sociais, cheias de mentiras e fake news.

 

TANQUES E BARREIROS VAZIOS PELA SECA QUE CASTIGA VITÓRIA DA CONQUISTA

Fotos de José Silva

Eu com minha máquina e Zé Silva com suas potentes lentes de alcance ganhamos a estrada na semana passada rumo ao agreste conquistense para relembrar aqueles velhos tempos de repórter quando caímos no sertão para registrar a penúria do homem do campo diante das estiagens prolongadas que destruíam lavouras e traziam fome e morte.

Há cerca de oito meses que não chove em Vitória da Conquista e região, e as consequências disso são logo visíveis nos tanques e barreiros vazios de terras rachadas, marcas de mais uma seca que há séculos é fonte de notícias para a mídia impressa e eletrônica. É um tempo de sofrimento que ainda abre passagem para os carros-pipas que cortam as estradas de chão, deixando para trás nuvens de poeiras.

Ela sempre deixa um rastro de perdas, não somente de culturas de subsistência como a mandioca, o milho, o feijão, a abóbora e outros produtos, como mata de sede e fome os rebanhos dos sertanejos. Ela também escorraça o agricultor da sua terra que se retira para outras bandas pela sua própria sobrevivência. Os jovens fogem dela para as cidades e passam a viver de bicos nas periferias.

Foi esse triste quadro que eu, jornalista há 50 anos, e o meu parceiro de labuta nas reportagens, o fotógrafo Zé Silva, testemunhamos no distrito de José Gonçalves e povoados do município de Vitória da Conquista. Há muitos anos que não compartilhávamos dessa experiência de escutar o berro do boi descarregado na caatinga à procura de uma cacimba para beber água.

Sentir o sol escaldante e o pó da poeira dos pés à cabeça foi como reviver tudo aquilo novamente quando realizávamos coberturas jornalísticas para o jornal “A Tarde”. Trazíamos em nosso embornal, ou alforje, um monte de informações não muito boas, mas que vendiam jornais no outro dia.

Ouvir e conversar com os roceiros sobre as agruras da seca, dos plantios perdidos e a falta de apoio dos poderes públicos foram atos que nos deram a certeza de que quase nada mudou para melhor nesse país dos políticos que só aparecem de quatro em quatro anos.

Vamos mais adiante em nosso blog continuar esse relato entrando em mais detalhes através dos papos com nossos entrevistados e das próprias imagens do repórter fotográfico Zè Silva, que sempre foi bom nisso e sabe captar minúcias que outros não conseguem ver. Suas lentes se ajustam muito bem aos fatos, combinando imagem, luz e foco.

A CULTURA ÁRABE-ISLÂMICA E OS DIREITOS DA MULHER POR CHEBEL E FATEMA

No livro “Intelectuais das Áfricas”, o filósofo argelino Malek Chebel se debruçou nas questões da cultura árabe-islâmica, enquanto a socióloga ativista marroquina tratou dos problemas da submissão e dos direitos das mulheres mulçumanas, com base na legislação e na religião do islã.

O pensamento de Chebel (1953-2016) é interpretado pelo historiador Murilo Sebe Bom Meihy quando escreve que o trabalho do filósofo merece destaque por retirar o monopólio do conhecimento científico das mãos dos analistas europeus, e por romper a dura supremacia dos teólogos e pensadores do Oriente Médio clássico em relação aos temas e debates sobre o islã.

Murilo destaca ainda que, “no contexto de reconstrução nacional após a independência, uma geração de jovens, incluindo Chebel, tentava sobreviver no interior de uma conjuntura política centralizadora dominada pelos líderes da emancipação, e marcada pelo flerte com o pan-arabismo, o socialismo terceiro mundista da Guerra Fria, e a crença em uma revolução social, política e cultural que não se limitasse às fronteiras da Argélia recém-criada.

De acordo com o historiador, autor de dezenas de livros, a obra de Chebel pode ser dividida em três áreas, tais como, os estudos mediterrâneos, a quebra da imagem do islã como uma ameaça para o Ocidente e a relação entre cultura e sexualidade no islã. Entre suas obras primas, Murilo cita L´esclavage em Terre d´Islam, de 2007.

Na questão sobre as formas de servidão, Murilo diz que o filósofo redireciona a bússola cultural africana para o Oriente, conectando o espaço mediterrâneo do islã ao infame caminho da escravidão que parte do Magrebe (Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Mauritânia) para o Golfo Pérsico, não antes de deixar um rastro de sofrimento envolvendo negros, brancos, europeus, africanos, crentes e infiéis.

Nesse sentido, Chebel constrói uma geografia da escravidão quando se relaciona ao território da África. Afirma em sua obra que partes específicas da rota comercial dos escravos tinham uma função bem determinada no interior da cultura escravista desenvolvida nas terras do islã. Assinala que o Egito era o cérebro do tráfico de escravos.

A QUESTÃO DO FEMINISMO

Sobre Fatema Mernissi, a abordagem coube a Isabelle Christine de Castro, doutora em História Social. Ela afirma que Fatema desenvolveu em suas obras a questão do feminismo. “Dedicou-se em sua vida (faleceu em 2015) a demonstrar a necessidade de combater o discurso de uma elite sobre uma propalada inferioridade feminina que, ao contrário do que é disseminado, não teria apoio nas escrituras religiosas”.

Assinalou que Fatema deixou bem claro em seus livros a força da mulher magrebina, mulçumana e africana com seu próprio exemplo ao desafiar o patriarcalismo global. A socióloga argumentava que, mesmo que a religião conceda privilégios aos homens, não há indicações inquestionáveis nos textos religiosos que justifiquem uma posição de subordinação às mulheres.

Isabelle enfatiza que a marroquina sempre questionou premissas tradicionais em busca de demonstrar que a igualdade de gênero não é apenas uma necessidade social, mas uma demanda da religião que se instalou na região há cerca de 14 séculos.

“Mernissi (nasceu na cidade de Fez no ano de 1940) fez parte de uma geração de marroquinas que se beneficiou da abertura promovida para a educação feminina, pouco antes da independência do Marrocos, em 1956. Ela fez doutorado em sociologia, em 1973. Ao contrário de outras mulheres ativistas, como a médica egípcia Nawal el Saadawi, a marroquina não se afastou da religião para combater a privação de direitos que muitas sociedades mulçumanas impõem à metade de seus cidadãos. Ela sempre tentou combater a subordinação feminina usando como arma os ensinamentos ligados ao islã”.

Igual a ela, muitas ousaram desafiar o mundo patriarcal, especialmente no campo da política. “Fatema optou por desafiar o establishment religioso em seus próprios termos, ao acusá-lo de promover uma interpretação equivocada dos fundamentos do islã relativos aos direitos da família. Criticou a falta de políticas estatais para atacar as desigualdades e denunciou o impacto delas sobre as mulheres. Preferiu criticar as bases do discurso religioso”.

Nesse capítulo dedicado à socióloga pela historiadora Isabelle, vamos ainda falar sobre o véu, o harém e as fronteiras e a revolução da informação.          

O SONHO PERDIDO E UMA ESQUERDA QUE TODOS DESEJAMOS PARA O BRASIL

John Lenon há 50 anos fez uma canção do sonho imaginado pela humanidade, de todos de braços dados irmanados lado a lado, sem ódio, individualismos, divisões e sem fronteiras, com justiça social para todos. Como disse D. Hélder Câmara, sem senhor, sem escravos. Esse sonho também ainda é o desejo dos brasileiros que um dia acreditaram que isso seria possível.

Você veio até nós e prometeu honestidade, seriedade e igualdade para todos, mas nos traiu se coligando com corruptos e com essa elite suja que não aceita repartir seu banquete com os mais pobres. Passou a ser pai dos ricos e mãe dos pobres. Da cachacinha passou para o uísque escocês e tomou gosto pelas mordomias.

Quando quebrou as juras de amor, você alimentou um facínora da extrema direita fanática que só nos trouxe medo e destruição das nossas poucas conquistas. No lugar do sonho e da esperança, nos deu um monstro do lago misterioso. Abriu espaço para evangélicos radicais conservadores retrógrados negacionistas da ciência que ainda creem que a terra é plana.

Não queremos mais essa esquerda que, apesar de ter roubado nosso sonho e cometido tantos erros nas péssimas alianças traçadas, tudo pelo poder, nunca fez um mea culpa. Você permaneceu pedante, cioso de sua superioridade, como se fosse dono absoluto da verdade, como aquele que acha que tem um rei na barriga.

Você não cede e acha que ainda pode voltar a ser o “salvador da pátria”, mas, como diz o ditado, quem bate esquece e quem apanha não. Uma grande parte da população já está calejada de suas promessas, e uma outra arrependida de também ter contribuído para a criação da sociopatia do retrocesso. Essa última, um dia marchou nas ruas com bandeiras e camisas verde amarelo para afastar a esquerda que meteu o pé na jaca e nos separou na base do “nós contra eles”.

Agora você guarda ressentimentos e quer seguir novamente sozinho. Não aceita se afastar do processo eleitoral a bem do Brasil, e nem caminhar lado a lado para exterminar o maior inimigo que, mais uma vez, poderá ser o mais beneficiado por essa atitude egocêntrica do poder. Até quando vamos ter que continuar nessa agonia, nessa aflição de morte?

Vamos começar tudo de novo, para ficarmos no mesmo fundo do poço? Em nome da pátria, seja mais humilde e dê passagem para outro cavalheiro, porque seu tempo já se foi e nos decepcionou com suas trapalhadas e roubalheiras. Nosso país não merece carregar mais essa forquilha da forca em seu pescoço que a impede de seguir em frente. Não merece ser mais enxovalhado lá fora a viver isolado da civilização.

O sonho que nós todos almejamos é de uma esquerda progressista iluminista que nunca mais se coligue com maus elementos oportunistas e aproveitadores da ingenuidade e das boas intenções do povo. Uma esquerda que jamais roube e que não aceite que outros façam isso. Uma esquerda que devolva nossos sonhos de dias melhores, com mais empregos, educação e saúde para todos. Uma esquerda que construa uma imagem positiva do Brasil no exterior. Uma esquerda do tipo Pepe Mojica com seu fusquinha.

Nem é preciso privilegiar uns e outros com cotas individuais e benefícios por causa da cor e do gênero. Não é preciso encher as burras de dinheiro das faculdades particulares em detrimento do sucateamento das universidades públicas. Elas foram criadas com o suor da nação e necessitam de mais recursos para investimentos em tecnologia, ciência e pesquisa. Uma escola básica e uma universidade para todos, com qualidade.

Queremos uma esquerda iluminista que traga de volta nossos cientistas que embarcaram para outros países porque foram renegados pela sua própria pátria. Não só a formação de técnicos para atender ao faminto mercado capitalista, mas também homens e mulheres com saber humanista e conhecimento da nossa história a fim de que os mesmos erros não sejam repetidos.

Nada de racismo, de homofobia e misoginia. Nada de distinção uns com os outros que nos cause mais sofrimentos. É só dar oportunidade igual para todos com políticas públicas voltadas para o social. Bastam de divisões porque todos têm capacidade e inteligência para crescer quando se tem os mesmos direitos. Sem essa de branco, pardo e preto, de hetero ou homo, de gay ou não gay, de ser mulher ou ser homem.

Desejamos uma esquerda que zere a derrubada e a queimada de nossas florestas e que preserve nossos biomas da invasão gananciosa dos homens do agro que só visam exportar e embolsar lucros. Uma esquerda que pare de vez com o extermínio de nossos índios e acabe com os garimpos que matam nossos rios com mercúrio.

Não queremos uma esquerda do toma lá e dá cá, com um “Centrão” de ladrões que há anos, como verdadeiros vampiros, sugam o sangue dos brasileiros e se refestelam das nossas riquezas produzidas pelos mais pobres. Queremos uma esquerda que acabe de vez com essa reforma trabalhista escravocrata. Uma esquerda que devolva o nosso sonho.

O CALDO E O PASTEL

Fotos do jornalista Jeremias Macário

Como e bom e gostoso um caldo de cana e um pastel (com moderação por causa da fritura) numa feira livre que faz lembrar o velho hábito dos nossos ancestrais! A feira é um comércio milenar desde os tempos mais antigos onde os povos iam trocar seus produtos quando não havia inventado a moeda. Era uma forma também socialista de sobrevivência do homem do campo e das cidades. Mas, vamos deixar de lado essa história, porque estamos falando da Feirinha do Bairro Brasil, na qual sempre estou lá aos domingos e me deleito com aquela gente simples diferente da dos supermercados, mais caros e com menos calor humano. A feira também me faz lembrar dos meus pais e seus compadres e comadres/amigos e amigas que aos sábados e domingos marcavam encontro para prosear depois das vendas e das compras. Ainda tem a cara de um ambiente familiar, por mais que seja nas médias e grandes cidades como Vitória da Conquista. Um caldo e um pastel são sempre boas combinações para muita gente, mas há também que adora uma buchada, um mocotó, um sarapatel ou uma rabada com uma gelada ou uma pinga da pura. De qualquer forma, feira sempre tem sua face poética e literária. Feira é cultura onde se encontra cantadores, trovadores, cordelistas e repentistas. Viva a feira e seus caldo de cana com pastel!

PORTA ABERTA

Poema inédito de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Por muito tempo,

Nessa vida desumana,

Entre a lida sagrada/profana,

Juntos rimos e choramos,

Na alegria e no sofrer,

Com a porta aberta pra você.

 

Nos separamos em vias diferentes,

Com a jura de nunca mais nos ver,

No cego rancor de intolerantes,

Cheios de dor com o que restou.

 

O ódio dessa gente nos repartiu,

Fui egoísta como colonizador,

E troquei o ser pelo ter.

 

Hoje com os conceitos a rever,

Minha porta está aberta pra você.

 

Meu peito não guarda mais mágoa,

Lavei a alma no Rio do Amor,

Não consigo viver do esquecer,

Saudades do abraço afago,

Do banhar no mesmo lago,

Na porta que está aberta pra você.

 

Volte logo,

Não suporto está solidão,

Desse viajar na contramão,

Sem o sentido do viver existir,

Basta de tanto levantar e cair,

Do só cobrar o receber,

Sem abrir minha porta pra você.

 

Quando um viola do outro o feito,

É como canção sem o som da viola,

Vamos fazer nossa linha de frente,

Onde sopra o fresco vento,

Que atrás de nós vem gente,

Para roubar o nosso direito.

 

O segredo está em saber conviver,

Tire a tramela da sua janela,

Que minha porta está aberta pra você.

 

Perdoe meu passado de pecado,

Quero das cinzas como Fenix renascer,

Minha porta não é mais de ferro,

A intransigência aqui enterro,

Não mais um vil pintado de anil,

Minha porta está aberta pra você.

EXPOSIÇÃO DO 7 DE SETEMBRO

“Mostra Mês da Pátria – Um Novo Olhar para o 7 de Setembro” – é o título da exposição que a Secretaria de Educação de Vitória da Conquista está realizando no Calçadão da Catedral em frente da Casa Regis Pacheco, rememorando desfiles das escolas municipais no Dia da Pátria, que há dois anos não se fizeram presentes na data por causa da pandemia da Covid-19. São carros alegóricos com personagens folclóricos como Bumba Meu Boi, caboclos, indígenas e figuras representantes de várias regiões do nosso país. A mostra é bastante educativa e serve de aula de história para estudantes que estão visitando a iniciativa da Secretaria de Educação, bastante louvável quando o nosso 7 de Setembro deste ano foi ultrajado com palavras antidemocráticas pronunciadas pelo capitão-presidente que pregou intervenção militar e fechamento do Supremo Tribunal Federal.  Não somente alunos, mas professores, artistas e interessados têm tido a oportunidade de conhecer as riquezas naturais e o patrimônio cultural brasileiro. É uma boa oportunidade para se ver e aprender de perto a nossa história.

 

ZONA NORTE E BARRAGEM DO RIO PARDO

Os pronunciamentos dos 21 vereadores na Câmara Municipal de Vitória da Conquista não mudam muito nas sessões realizadas nas quartas e sextas feiras, com pouca gente na plenária, ainda por conta da pandemia, ou pelo próprio desinteresse da população.

As discussões variam entre xingamentos ao capitão-presidente da República pela oposição e contra o PT de Lula pela situação, entremeados de início e fim com citações da Bíblia e o nome de Deus, numa mistura de religião e política. Existem ainda as indicações de obras loteadas pelos parlamentares, requerimentos e moções de pesar e aplauso.

Nesta quarta-feira, da Tribuna Livre, um morador representante do Bairro Guarani reivindicou da Câmara e da Prefeitura Municipal mais atenção para a zona norte da cidade, segundo Wellington, abandonada e esquecida.

Um dos pontos alvos foi o Centro Social que carece de recursos, cerca de 100 mil reais, para que a unidade seja reformada. “É um local imprescindível para debates e realização de reuniões da comunidade”. Na ocasião, ele criticou e repudiou a decisão da retirada dos postos de segurança nos bairros, solicitando que a medida seja revista.

Do distrito de Inhobim, o representante dos moradores, conhecido popularmente como Paulino, que foi candidato a vereador, mas não se elegeu, voltou a insistir no projeto de construção da Barragem do Rio Pardo, uma iniciativa que não passou de ideia desde 1963. Vamos implantar esta obra antes que a água do rio vá embora”.

Disse contar com apoio dos vereadores por se tratar de um serviço de abastecimento de água importante para aquela zona rural, por sinal grande produtora de café. Na oportunidade, pediu também energia para todos, tendo em vista que alguns povoados vivem às escuras – segundo afirmou.

Durante a sessão, a Mesa Diretora prestou homenagem ao comando de policiamento da Rondesp que atua em Conquista e municípios próximos com a entrega de uma placa pelos serviços prestados na área de segurança policial.

CONQUISTA RECLAMA DA TERCEIRA DOSE

Carlos González – jornalista

“Senhora prefeita, quando vamos começar a receber a terceira dose da vacina contra a Covid-19? Salvador e cidades com populações inferiores à nossa estão bem adiantadas nesse procedimento, que é vital para nossa completa imunização. A pergunta vem sendo feita com insistência pelo público-alvo da campanha, os maiores de 70 anos. O enfrentamento da doença nunca foi prioridade da Prefeitura de Vitória da Conquista, mas temos que admitir que há uma maior dedicação por parte da prefeita Sheila Lemos, se avaliarmos as medidas adotadas por seu antecessor Herzem Gusmão (1948-2021) na fase mais árdua da pandemia.

Observando que na corrida pela vacinação Conquista estava atrás de outros municípios baianos, a prefeita promoveu mutirões e abriu novos postos, redimindo-se dos erros cometidos no início de sua gestão, que resultaram no registro de uma média diária de quatro óbitos, ameaça de rompimento do contrato com a Santa Casa de Misericórdia, aumento do número de pessoas com sintomas da doença. Mal assessorada, a gestora, contrariou decretos estaduais, relacionados com o funcionamento do comércio, de bares e restaurantes, controle sobre os eventos sociais e evangélicos, evidenciando claramente a prática de Desobediência Civil.

A insubordinação foi muito mais ostensiva na gestão passada. Herzem ignorou os protocolos indicados pela OMS para evitar a contaminação, assim como travou uma guerra de palavras com o governador Rui Costa, no período mais letal da pandemia, que tirou a vida de mais de 650 conquistenses. Acreditava no Messias, que zombava daqueles que tinham pânico de uma “gripezinha”, responsável pela morte de quase 600 mil brasileiros.

Com a suspensão das viagens para fora do município, a Prefeitura conquistense fechou os olhos para os ônibus clandestinos que vinham de São Paulo. Sem a fiscalização da Vigilância Sanitária, a ocupação dos leitos de UTI nos três únicos hospitais públicos chegou a 98%. Os pacientes com recursos eram transferidos para os hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein.

Lamentavelmente, Herzem Gusmão não viveu para ler o parecer do Ministério da Saúde sobre a eficácia da cloroquina no combate à Covid-19.  Na linha de frente da vanguarda bolsonarista, o ex-prefeito defendeu o medicamento, recusado até pelas emas do jardim do Palácio do Planalto.

A reeleição, contestada na Justiça pelos adversários políticos, e a construção de uma estação de passageiros – imprópria para os dias chuvosos -, onde foram gastos R$ 10 milhões, verba que poderia ser aplicada na construção e aparelhamento de um hospital de campanha, foram as metas de Herzem em quatro anos. Seus principais consultores foram figuras políticas nacionais condenadas pelo Supremo, os irmãos Lúcio e Jeddel Vieira Lima e o amotinador Roberto Jefferson, sendo que os dois últimos já passaram temporadas atrás das grades.

O episódio crucial dessa discórdia com Rui Costa ocorreu em 23 de julho de 2019, data de inauguração do Aeroporto Glauber Rocha, de propriedade do governo do Estado. Herzem assumiu a condição de anfitrião, convidando Bolsonaro para a solenidade, o que provocou a ausência do governador.

Vale lembrar que foi nessa visita a Conquista que o presidente inaugurou o ciclo de viagens pelo país para inaugurar obras alheias, cujas despesas chegam hoje a R$ 20 milhões. Impossibilitado de ir a Luanda para fazer a defesa da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), acusada pelo governo de Angola de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, Bolsonaro enviou o seu vice, Hamilton Mourão e 17 servidores, numa viagem que custou R$ 1 milhão aos cofres públicos. A comitiva ouviu um “não” do presidente angolano José Lourenço aos pedidos de reabertura dos templos evangélicos e a revogação do ato de expulsão do país africano de mais de 50 pastores.

Ciumeira

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