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O SERTÃO É ÚNICO

28 DE ABRIL É DIA COMEMORATIVO DA CAATINGA

Para os bandeirantes paulistas sanguinários, como Domingos Jorge Velho, irmãos Fernando e Arthur Paes de Barros, Paschoal Moreira Cabral Leme, sertão era penetrar naquelas brenhas para se aventurar na guerra contra os índios, massacrá-los e escravizá-los, bem como descobrir ouro no continente. Para alguns escritores, como Guimarães Rosa, o sertão é diverso, imenso e está dentro de cada um. Graciliano Ramos descrevia em seus romances o árido seco, a penúria, o sofrimento e o social inexistente.

Fico mais com o escritor alagoano, de Palmeira dos Índios. Na minha concepção, o sertão é único, só existe um, aquele estorricado, rachado, pedregulhento, do mandacaru, do cacto, da catingueira, do xinque-xique, do juazeiro, da espinheira, do umbu, da lagartixa e do calango correndo nas folhas secas e nos lajedos. É a vegetação dos engaços e bagaços durante as estiagens. Em meu sertão, não existiu a corrida, nem a febre do ouro e do diamante.

Sertão para mim é essa caatinga cinzenta do sol escaldante fervente, do canto da cauã na beira da cacimba, do carcará e do gavião, da asa branca, da patativa, da rolinha, do pássaro preto e do sofrer. É a terra que se renova e brota rápido em cores diversas entre o verde quando batem forte os trovões nas chuvaradas do verão. É dos profetas da chuva. O restante é mata, pantanal, cerrado ou pampa.

O sertão é poesia da fome ou da abundância de gente simples e humilde labutando no agreste no plantio da abóbora, do feijão, do milho e do andu, com fé me esperança, para vencer as intempéries do tempo, e quase sempre não desiste. É aquele solo geológico descrito por Euclides da Cunha, não o de Jorge Amado do cacau ou do litoral. Sertão, infelizmente, rima com sequidão.

Para mim, sertão só existe um, dos guerreiros, dos penitentes Conselheiros, das rezadeiras, do canto da batida do feijão, das cantorias dos adjutórios, dos cangaceiros de Lampião e da Coluna Prestes torando espinhos para se livrar das volantes. É dos retirantes pau-de-arara se arrastando nas estradas poeirentas em direção ao sul paulista, fugindo dos horrores da seca. É o sertão de Patativa do Assaré, de Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Humberto Teixeira.

Sertão é mistério e tem uma cultura específica do caboclo boiadeiro no aboio do vaqueiro, do repentista nato, do sotaque matuto catingueiro, do homem e da mulher cismados. É um chão único inconfundível dos hábitos e frutos diferentes da mata. É onde a terra começa a virar sal e deserto porque os governantes lá de cima só fizeram promessas de melhorias e convivência com a seca. É ainda onde corre o carro-pipa no cascalho, para matar a sede do sertanejo e dos bichos.

Sertão é cheiro de bode e cabra, do gadinho mirrado e do pôr-do-sol bem vermelho corado entre os galhos secos no horizonte infinito, É no sertão onde ainda vive o que restou do jumento, conhecido como jegue, símbolo do Nordeste semiárido, que está sendo dizimado nos currais das matanças para virar carne e pele para os chineses.

O meu sertão não é todo interior por aí. Ele tem um espírito único, um olhar melancólico cheio de histórias e lendas de heróis e carrascos coronéis. É sinônimo de caatinga. Não é Chapada Diamantina. Não tem capim exuberante. Tem ramagem rala e rara onde não frequenta a capivara.  Foi lá onde nasci de parteira e respirei o primeiro ar diferente de outro lugar. Foi onde meus pais me criaram e me ensinaram a ganhar o mundo.

 

“GRAÇA” PARA BANDIDO VIROU DEFESA DE “LIBERDADE” NO BRASIL

Não tem muito o que comentar sobre o assunto da “graça” ou do indulto dado pelo capitão-presidente Bozó ao deputado bombado bandido Daniel Silveira, mas minha indignação como cidadão me obriga a fazer meu desabafo, o meu grito de revolta, sob pena de omissão, o pior pecado do ser humano.

Pelo andar da carruagem, estamos caminhando para um golpe militar porque, infelizmente, as forças armadas, que debocham das torturas cometidas durante a ditadura civil-militar, se renderam às benesses oferecidas pelo capitão, e abandonaram de vez seu papel na ordem constitucional brasileira. O poder e o luxo subornaram os quarteis dos viagras e das próteses, dos bacalhaus e dos files mignons. Que se dane a pátria e seu povo!

Como disse na abertura, não se tem muito o que falar porque tudo está claro nessa intentona antidemocrática, mas temos que reagir antes que nossos lares sejam invadidos pelos bárbaros que estão chegando de motociatas. O capitão fala de ato histórico de “liberdade” na data da invasão de Cabral e seus degredados em terras brasis, e os idiotas acreditam nesse sofismo.

“Liberdade” é atacar a democracia para implantar uma intervenção militar; ameaçar de morte ministros do Supremo Federal e fechar a instituição; acabar com o Congresso Nacional; e baixar o cacete em estádios de futebol? Onde está a “liberdade” do capitão quando tentou censurar a mídia e prender quem criticasse ou levantasse uma bandeira contra sua pessoa de presidente?

“Liberdade” é fazer desfile de tanques pela Praça dos Três Poderes, enquanto parlamentares rejeitavam proposta de retorno ao voto impresso? É exonerar comandantes alinhados com o comportamento exemplar esperado de um oficial? Tudo isso sinaliza a violência de um golpe. O conceito de liberdade dele é unilateral. Criticar e agredir os adversários pode, opor-se a ele, não.

O que nos deixa envergonhados é que milhões de imbecis fanáticos e cegos defendem essa esdruxula “liberdade” dele, e nem imaginam que se houver um golpe militar eles serão os primeiros a serem condenados, se lá na frente praticarem qualquer ato de oposição contra o próprio regime hoje proposto pelo capitão. A impressão que se tem é que o brasileiro é suicida, que não consegue aprender com os erros do passado recente.

A única explicação e razão disso tudo estar acontecendo tão depressa em nosso país está nos próprios políticos gafanhotos que sempre acharam que fazer uma nação de ignorantes, analfabetos e incultos era bom para eles se manterem no poder das mordomias e das ladroagens. Agora, os que hoje se opõem e começam a enxergar o abismo em que nos meteram, estão experimentando do próprio veneno por terem criado dragões e monstros.

A esquerda mambembe tupiniquim que fez pactos com o satanás e belzebu agora patina e está perdida nesse labirinto, e não vejo nenhum Teseu para exterminar o monstro. Os fantasmas, com a voz que ganharam do seu exterminador, saíram de suas tumbas dispostos a acabar de vez com a liberdade, o meio ambiente, a cultura, os povos indígenas e armar o povo para uma guerra.

O voto poderia ser uma saída, mas este também está contaminado, viciado e podre pelo sistema que lá atrás esses mesmos políticos instituíram. Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido. Está mais que comprovado que as eleições, do jeito que foram estruturadas, não são instrumentos de mudanças, e não vão ser. No entanto, apelar para uma ditadura não é a salvação, nem a opção correta.

Acontece que é justamente isso que os seguidores malucos dos motoqueiros, dos milicianos, dos fanáticos da bíblia e vendilhões dos templos, dos inimigos da democracia, dos retrógrados terraplanistas, dos garimpeiros da Amazônia, dos defensores das armas, dos homofóbicos, dos racistas e dos misóginos estão querendo. Hoje já somos vistos lá foram como bárbaros.

O LIVRO É COMO A NASCENTE DE UM RIO QUE SE TRANSFORMA EM VIDA

DIA MUNDIAL DO LIVRO (23 DE ABRIL): UMA HOMENAGEM A TODOS ESCRITORES

Para dizer a verdade, meus primeiros contatos com a leitura foram através dos gibis, mais por influência dos coleguinhas de rua pelo encantamento nas histórias de faroeste dos personagens-heróis norte-americanos de Zorro, Buffalo Bill, Billy Kid, Django e tantos outros que até me faziam esquecer os deveres escolares.

Claro que naquela época não tinha consciência formada sobre a importância do livro na vida de uma pessoa. Era também uma forma de enganar o meu pai que me colocara para estudar em Piritiba. Como ele era analfabeto, mas queria que eu frequentasse a escola, achava que eu era um estudioso aplicado quando me via grudado com os gibis.

Essa é uma outra história, mas foi a partir dali que mais tarde, no Seminário de Amargosa, peguei o gosto pela leitura do livro, na minha concepção, uma nascente de olho d´água, que em sua corredeira se transforma em riacho da vida, para depois desaguar no mar como rio. A minha singular narrativa é uma maneira simples que tenho para homenagear o Dia Mundial do Livro neste 23 de abril.

Pegando o gancho do jornalista e escritor Laurentino Gomes sobre os vocábulos que sempre estão se evoluindo no tempo, diria que os livros são como rios caudalosos que correm para os oceanos da evolução humana. Não importa aqui se eles são impressos ou virtuais. O que interessa é que o livro é cultura e vida que alimenta a nossa alma e afasta os maus espíritos.

O contador de histórias, mesmo que ele não saiba ler, é também um livro porque ele utiliza da sua oralidade para manter a tradição e os costumes da sua ancestralidade. Nesta data, pelo menos temos alguma coisa com que nos alegrarmos nesse conturbado governo de negacionistas e terraplanistas, que censuram autores e até queimam exemplares, por considerar que não seguem suas linhas retrógradas, fanáticas e psicopatas de pensamento.

Por incrível que pareça, as vendas de livros nos últimos dois anos têm dado sinais de aumento nas livrarias, o que significa que as mentes estão se abrindo para os livros, inclusive das crianças e dos mais jovens. Se esse nível de demanda permanecer, dentro de mais alguns anos vamos ter uma nação mais culta e, consequentemente, mais conhecedora de seus deveres e direitos, bem como, defensora das liberdades. Resumindo: Mais esclarecida que a de hoje. É uma luz que surge no final do túnel.

Estava contando minha trajetória na leitura, mas tive que interromper para lembrar esta data tão especial em todo ser humano que se dedica à leitura. Bem, no Seminário fui influenciado pelos colegas e pelo bom conteúdo e qualidade do ensino da instituição que despertava em nós a necessidade de ler para aprender mais e mais. Apenas havia um detalhe, o de que existia uma “proibição” para os menores de idade ler determinados escritores, vistos pelos padres como de linguagem pornográfica. Nos diziam que eram inadequados para o tempo.

Isso fazia despertar a curiosidade e, entre amigos, liamos escondidos os livros “Menino de Engenho”, de José Lins do Rego, “Iracema”, de José de Alencar e outros autores como Eça de Queiroz e até alguns de Machado de Assis e Graciliano Ramos. Comecei por eles e segui com outros internacionais não recomendados pela direção do Seminário.

Nessa época, ainda na década de 60, quando existia uma grande efervescência cultural, onde os escritores e autores eram discutidos em rodas de amigos e em mesa de bar (cada um tinha o seu favorito, como se fosse um time), conheci um colega que só andava com um livro debaixo do braço, e até nos arvorarmos em criticar por achar que aquilo já era exagero demais.

Hoje, com essa idade, posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a leitura me deu régua e compasso. Abriu mais meus horizontes e me ensinou a empregar melhor as palavras no papel, na máquina datilográfica (maior parte quando estive na ativa jornalística) ou na tela desse computador. O pouco conhecimento que tenho, veio dos livros.

Não vou aqui citar, nesta data comemorativa ao livro, os grandes escritores da humanidade, dentre os quais centenas de brasileiros que são conhecidos até internacionalmente, embora nossa país ainda não tenha sido merecedor de um Prêmio Nobel de Literatura, como nossos vizinhos da Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e México.

No entanto, temos grandes talentos, inclusive aqui em Vitória da Conquista e na região. Apenas confesso meu pesar e tristeza de que a arte de escrever não tem recebido o devido apoio, especialmente do poder público. Passou do tempo de pelo menos realizarmos uma feira literária em Conquista. Um bom gesto de abraçar o Dia Mundial do Livro.

Ao tempo em que nos felicitamos com a volta da leitura, também nos entristecemos ao testemunhar o maltratar da nossa língua mãe, a fina flor do Lácio, com o uso de códigos e grunhidos nas redes sociais, sem falar na substituição do português por termos estrangeirados ou inglesados nas portas das lojas, em placas, panfletos, cartazes, anúncios e até em matérias jornalísticas.

 

O VERDE E O CONCRETO

Em meio a esta selva de pedras e o concreto, ainda temos um pouco de verde para suavizar a vida. A correria é tão grande que quase ninguém para numa praça para admirar uma planta florida e relaxar seu espírito carregado de problemas do dia a dia, quer sejam financeiros, materiais ou da própria alma. Mesmo com a linda Praça Tancredo Neves, que serve de acolhimento para os passantes, inclusive para uma reflexão sobre donde viemos e para onde vamos, Vitória da Conquista ainda é carente de mais verde, principalmente em certos pontos do centro, como na Avenida Siqueira Campos, que poderia ser uma alameda de árvores de espécies da região. A Brumado, a Frei Benjamim e a própria Juracy Magalhães são outras avenidas desprovidas do verde. Não é somente fazer canteiros e ciclovias de concreto. A natureza tem que vir em primeiro lugar. Ao invés do eucalipto, bem que o bosque ao lado do Parque de Exposições poderia ser mais fresco, úmido e bonito se fosse preenchido com outras espécies do nosso sertão. O verde ameniza a dureza do concreto.

TREM DE BITOLA

Versos inéditos de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Não seja trem de bitola,

“se oriente, meu rapaz”:

Seu time não é sua vida,

Curta a canção da viola,

Pra tudo tem uma saída,

Não seja trem de bitola.

 

Fazer o quê, seu moço?

Use sua pensante cabeça,

Pra não ficar ai nessa cola,

Cresça, faça e apareça,

Não seja trem de bitola.

 

Troque a conta pela filosofia,

Se livre dessa burocracia,

Que rima com tirania;

Seja vaqueiro na laçadeira;

Vá abrindo sua porteira;

Não fiquei aí com cara de estola,

Nem seja trem de bitola.

 

Entre a comida a la carte,

Prefiro mocotó e a buchada,

Assim vou tocando minha arte;

Sou cabra nordestino da enxada,

Longe dessa sociedade depravada,

Cheia de porcarias no buxo,

Que só pensa consumir o luxo,

Ser seguidor de pistola,

E andar como trem de bitola.

 

LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA QUE AINDA ACONTECEM NO PRESENTE

Existem fatos que marcam para sempre a infância de uma criança, e outros desaparecem da mente, coisas que os psicanalistas Freud e Lacan explicam a partir de estudos do subconsciente que guarda a sete chaves os medos e os fantasmas humanos.

Pois é, quando ainda criança, talvez uns quatro ou cinco anos, na cidade de Monte Alegre, hoje Mairí, no sertão da Bahia, nunca me esqueço de um missionário, se não me engano da ordem dos capuchinhos, por causa da cor marrom da batina, que vociferava palavras de “terror” contra os fiéis “pecadores”.

Do púlpito nas escadarias da igreja, em frente da praça, ele descrevia ou berrava, com todas as forças de seus pulmões, o fogo do inferno como se ele estivesse saído de lá naquele exato momento. O frade falava das caldeiras e tachos ferventes dos diabos que espetavam as almas pecadoras. Dava para se ouvir os gemidos e o ranger de dentes.

As cenas eram horríveis, ao ponto de terem me deixado traumatizado por muitos e muitos anos, tanto que ainda recordo delas até hoje. Mesmo com minha pobre inocência de menino, sentia um temor nos rostos dos meus pais e de toda aquela gente, num silêncio sepulcral que dava para escutar o voar de um mosquito.

Se não me engano, era festa da padroeira ou do padroeiro do município, e o pároco tinha o costume de convidar uns missionários bem brabos para os sermões das novenas noturnas. Sem dúvida, esse era de encomenda no quesito transcrição do inferno, que convertia qualquer pecador, por mais maligno que fosse.

Depois da pregação de horrores que fazia tremer as carnes, lembro que enormes filas se formaram dentro da Igreja para as confissões. Com aquele inferno pior do que o de Dante, quem se atreveria ficar em “pecado”? Todos ali deviam ter o mesmo pensamento: Vá que eu morra e vou parar no inferno. A salvação era confessar e não mais pecar, mas a carne é sempre fraca.

Não deveria estar escrevendo este texto tão macabro, mas é que 70 anos depois observo ainda hoje situações similares àqueles tempos. Não mais por parte da Igreja Católica, se bem que ainda acontece, mas de certos pastores evangélicos fanáticos e intolerantes que aterrorizam suas comunidades com as figuras de satanás, muitas vezes com objetivo para que todos contribuam com o dízimo.

Não existem mais aquelas missões de antigamente, mas as crenças de purgatório, céu e inferno, sim. Os mais radicais ainda acreditam que somente sua religião salva, e tenho testemunhos sobre isso. Outros saem por aí apedrejando terreiros de candomblé, dizendo que é coisa do diabo.

Até hoje ainda ocorrem as guerras e as matanças de cunho religioso, um sinal de que a humanidade pouco evoluiu e está longe de alcançar a civilização desejada.  O mal e o bem estão sempre se cruzando, e cada um traz no seu íntimo o seu conceito de verdade absoluta, o que não é verdade.

 

OS GENERAIS DEBOCHAM ENQUANTO SE LAMENTA PELO LEITE DERRAMADO

Por que os generais debocham quando aparecem novas denúncias de torturas durante a ditadura civil-militar de 1964? A resposta é porque os torturadores não foram punidos quando terminou o regime e começou a redemocratização com os governos civis, como ocorreu na Argentina, no Chile e no Uruguai.

As feridas ficaram abertas com a anistia de 1979, e não adianta ficar aí agora lamentando pelo leite derramado, com falas de historiadores, das vítimas e especialistas no assunto. Além de debochar, com a maior cara de pau, eles estão agora no governo do capitão-presidente tentando desconstruir a história, até negando de que não houve ditadura no Brasil.

De certa forma, o vice-presidente, general Hamilton Mourão tem razão quando diz que, “apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô. Vai trazer os caras do túmulo (…) A mesma coisa que a gente voltar para a ditadura de Getúlio Vargas. São assuntos já escritos em livros, debatidos intensamente”.

O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Luis Carlos Gomes Matos “esnobou” os áudios da ditadura, dizendo que “não atrapalharam a páscoa de ninguém”. Enquanto isso, eles compram 35 mil comprimidos de viagra superfaturados e próteses penianas para o exército, além de bacalhaus e outros artigos de luxo num país de 50 milhões de subnutridos.

Pois é, recentemente, com 93 anos, se foi o general Newton Cruz, chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações, entre 1977 e 1983. Em 2014, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Cruz por participação no atentado a bomba no Riocentro, em 1981. Meses depois a Justiça Federal concedeu habeas corpus aos cinco militares e um delegado envolvidos.

No mesmo ano, o general foi apontado pela Comissão da Verdade, que ficou no papel, como um dos 377 militares que cometeram crimes durante a ditadura. Antes de morrer, em 1982, o jornalista Alexandre von Baumgarten deixou um dossiê no qual acusava integrantes do SNI de planejar sua morte, e apontava o general Cruz como autor da sentença. Todos foram absolvidos.

A ação no Riocentro foi planejada por seis acusados integrantes da linha dura do regime, para causar pânico em um show pelo Dia do Trabalho que reuniu cerca de 20 mil pessoas. Ocorreu que a trama deu errada, e uma bomba explodiu no colo do sargento Guilherme do Rosário, que morreu no local.

Muitos outros, como o general Newton Cruz e o maior torturador coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Doi-Codi do II Exército entre 1970 a 1974 (um dos órgãos da repressão política), já se foram sem terem sofrido nenhuma punição. Com base no código da anistia, o próprio Supremo Tribunal Federal absolveu os torturadores.

Os governos ditos de esquerda do PT, nos períodos de Lula e Dilma, não chegaram a empreender qualquer esforço no sentido de punir os torturadores. Em algumas ações, como na Comissão da Verdade, eles foram rechaçados e até ameaçados com pronunciamentos duros. Todos se calaram, e alguns até disseram tratar da questão seria revanchismo e ameaça à democracia.

O Brasil foi covarde e o único país da América do Sul onde essas feridas da ditadura ficaram abertas. Boa parte dos documentos foram queimados e destruídos. Na época, de 1964 a 1990, cerca de 500 presos políticos foram mortos e desaparecidos. O maior massacre aconteceu na Guerrilha do Araguaia. Está aí a explicação mais plausível do deboche quando são revelados episódios de torturas durante o regime militar.

UMA ESTRELA “REVOLUCIONÁRIA” QUE SE RENDEU AO CAPITALISMO

Ainda nas asas do discurso da teologia da libertação da Igreja Católica, nascia na década de 1980 um partido com uma estrela “revolucionária” no peito, mas logo ela foi se desbotando quando se rendeu ao deslumbre das escamas douradas do neoliberalismo capitalista de mercado.

Sua linguagem de mudanças atraia multidões na voz rouca bluseira de um nordestino pau-de-arara, trazendo uma “boa nova” para os pobres e todos aqueles que ficaram largados nessa estrada da justiça e da igualdade social. Por diversas vezes, tentou chegar ao poder, mas foi repelido pelo brutal sistema dono do senhor capital.

Essa estrela, então, resolveu misturar a sua cor com outras diversas, muitas das quais carraspentas e manchadas pela ganância do sempre ter mais, mesmo que sejam por vias inescrupulosas. Para galgar o Planalto teve que fazer o pacto com o diabo, ou aliás, com vários diabos que passaram anos treinando praticar as piores maldades contra o povo na escola do inferno.

Mil maravilhas e muita empolgação na junção de bandeiras diferentes a tremular pelas esquinas, praças, ruas e avenidas deste gigante varonil adormecido. De braços dados com a burguesia, logo o medo se dissipou para dar lugar à esperança e à fé de que logo se chegaria à terra prometida. Nem se questionou que aqueles acompanhantes não passavam de malfeitores.

Para os mais sensatos e analistas do sistema imoral apodrecido, aquele cruzamento com animais diferentes deformados não iria dar certo, e dali poderia gerar um dragão devastador e centenas de outros monstros. Não deu outra, e a estrela, que logo deixou de ser “revolucionária”, foi expelida do ventre de seus “companheiros” cafajestes.

Ao perceber que essa estrela estava se desviando de rota, dos seus princípios fundamentais humanistas e sendo conduzida por uma cambada oligarca de canalhas corruptos, onde os meios justificavam os fins, muitos caíram fora porque as bases foram desprezadas em detrimento de uma governabilidade sem escrúpulos.

As principais lideranças dessa estrela do PT foram os primeiros a se lambuzar na sujeira dos mais espertos que nunca aceitaram distribuir renda para os mais necessitados, e isso é histórico na dialética da humanidade. A elite burguesa sempre foi retrógrada nesse sentido por pensar somente em seus interesses de enriquecimento próprio, inclusive roubando, e não no desenvolvimento da nação como um todo, não sabendo ela que mais igualdade social significa mais crescimento econômico e mais lucros para todos.

A história nos mostra que todas as vezes que a esquerda fez alianças com a burguesia. Como Carlos Prestes com Getúlio Vargas, terminou sendo expurgada lá na frente, e quem mais perdeu foi a classe operária, as camadas mais vulneráveis e toda população. Nesse país, as esperanças sempre vão e voltam.

O partido da estrela passou 20 anos no poder e perdeu várias oportunidades de deixar sua marca revolucionária, como, por exemplo, empreender uma luta pela punição dos torturadores da ditadura civil-militar de 1964. Fez as comissões da verdade, cujas denúncias ficaram no papel. Hoje os generais debocham quando se fala em torturadores.

No entanto, outros governos da América Latina, como Argentina, Chile e Uruguai prenderam os mentores do regime que cometeram atrocidades. As feridas continuam abertas, tanto que os generais, tendo à frente o capitão-presidente, negam a história e ainda elogiam o golpe que, para eles, foi uma revolução.

Por não se redimir de seus pecados, essa esquerda foi destroçada pela negação de seus ideais construídos lá na frente nos tempos da sua fundação. Para arrancar do trono o dragão que criou, agora retorna com a mesma leitura prepotente e os mesmos métodos e táticas autoritárias, fazendo as mesmas alianças com o satanás.

Estamos condenados a assistir o mesmo filme de polarização estúpida de 2018, recheada de mais mentiras, sem a opção de uma terceira via para exterminar os monstros e os fantasmas que saíram de seus túmulos para infernizar a vida dos brasileiros.

Para o bem do Brasil, no quadro atual, a estrela desse partido não deveria ter candidato a presidente da República, principalmente com um vice que comparou o PT, lá no passado, como o diabo saído do inferno. A extrema-direita dos fanáticos terraplanistas só cresce. Como vampiros, se alimentam e se fortalecem exatamente do sangue do ódio e da intolerância. Sem essas substâncias, eles perecem. Vamos ter mais quatro anos de terror, com cenas apocalípticas? Quem viver, verá!

Essa esquerda precisa urgentemente sair de seus gabinetes teóricos e voltar a lidar e a se comunicar diretamente com as bases periféricas e faveladas de milhões de famintos e desempregados. Caso contrário vai dar com os burros n´água ou na lama novamente. Ela não pode entrar nesse laço do radicalismo que só favorece o monstro-dragão.

 

 

VIOLÊNCIA NO FUTEBOL

Carlos González – jornalista

Na madrugada de 2 de julho de 1994, ao deixar uma discoteca na cidade colombiana de Medellin, o zagueiro Andrés Escobar, 27 anos, recebeu 12 tiros de um torcedor de futebol do seu país, que, segundo as investigações policiais, seria um apostador; no dia 31 de março, a esposa de Cássio, goleiro e ídolo do Corinthians, encontrou em sua conta no Instagram uma nota assinada por um tal $heik Caçador, também viciado em apostas,  com xingamentos e ameaças de morte ao casal.

Os autores dos dois crimes e os motivos por eles apresentados foram colhidos pelas autoridades policiais de Medellin e de São Paulo. Os colombianos Humberto Muñoz Castro, Pedro David e Juan Santiago Gallón Hernao revelaram que perderam muito dinheiro no jogo realizado em 22 de junho de 1994, pela Copa do Mundo dos Estados Unidos, no qual os sul-americanos foram eliminados pelo país anfitrião com um gol contra de Escobar.

Diante da repercussão dada ao episódio de violência contra o Cássio, com o envolvimento do Ministério Público, e da intenção do jogador, bastante assustado, de deixar o Corinthians, o autor das ameaças se apresentou à Polícia.  Igor Maranhão, que já foi preso por porte ilegal de arma e por receptação de furtos, alegou que se encontrava nervoso por ter perdido dinheiro num site de apostas, responsabilizando Cássio pelas derrotas que o time paulista vem sofrendo ultimamente.

Nas narrativas violentas que acompanham o futebol sul-americano há décadas, os homicídios ou tentativas praticadas contra atletas sejam raros, mas não se pode omitir do noticiário policial as verdadeiras batalhas, com mortes, entre torcedores dos clubes cariocas e paulistas, ao ponto do MP determinar torcida única nos estádios.

Os chamados jogos de azar (bingos, cassinos, jogo do bicho e apostas online) estão proibidos no Brasil desde abril de 1946 (decreto-lei 9.215, assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra), sob o argumento de serem degradantes para o ser humano, desempregando 60 mil trabalhadores. A proibição ficou apenas no papel, porque em qualquer esquina se encontra uma banca do jogo do bicho, e as casas lotéricas, licenciadas pela Caixa Econômica, funcionam em todas as cidades do país.

“Cassino” na Fonte Nova

Recordo-me que no antigo e saudoso Estádio Octávio Mangabeira funcionava um “cassino a céu aberto” no último degrau das arquibancadas freqüentadas pela torcida do Vitória. Apostava-se de tudo, como, por exemplo, a ordem de entrada em campo das equipes, o primeiro escanteio, etc. Nunca soube de atitudes violentas entre os apostadores. Em 2018, o presidente Michel Temer decretou a legalização das apostas esportivas, dando oportunidade à abertura de dezenas de empresas, difundindo suas marcas em placas de publicidade nos estádios, na internet e até nos uniformes dos times, inclusive da Seleção Brasileira. O futuro dirá se as ameaças de morte a Cássio ou tentativas de suborno a jogadores não contribuirão para o aumento da violência no futebol brasileiro.

No passado, costumava-se chamar argentinos e uruguaios de “catimbeiros” e violentos, qualificativos transferidos mais tarde para jogadores (Casimiro, uma das estrelas do Real Madrid, é recordista europeu de punições com cartões) e comissões técnicas dos clubes brasileiros. O torcedor paga caro para assistir jogos com mais de 40 faltas, muitas delas brutais, as enervantes “ceras”, as ridículas cenas de empurra-empurra, e a falta de compostura dos atletas e treinadores ao se dirigirem a árbitros e assistentes.

O futebol do Espírito Santo é um dos menos divulgados do país, mas recentemente ocupou o noticiário esportivo e policial da imprensa, com repercussão internacional. No intervalo de uma partida válida pelo campeonato estadual, o técnico da Desportiva Ferroviária, Rafael Soriano, desferiu uma cabeçada, atingindo o nariz da auxiliar de arbitragem Marcielly Netto. O agressor foi expulso de campo, suspenso preventivamente pela Justiça Esportiva e demitido do cargo de treinador da Desportiva. Marcielly prestou queixa numa delegacia policial e se submeteu a exame de corpo de delito, além de receber o apoio do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e do clube capixaba.

Pretendo questionar neste parágrafo a ausência de idosos e deficientes físicos nos locais dos estádios onde os ingressos são mais baratos. Esse público que, por lei, goza de prioridades, está sendo obrigado a adquirir um camarote ou uma cadeira especial, por falta de condições de permanecer de pé por mais de 90 minutos, Enquanto nos estádios da Europa 80 mil torcedores se mantêm sentados durante um jogo, no Brasil, 100 ou muito menos insistem em ficar de pé. Trata-se, sem dúvida, de mais um ato de violência, marcante no futebol brasileiro.

“Organizadas”

Você já viu torcida organizada fazer um trabalho social ou protestar nas ruas contra a inflação e os aumentos constantes do gás de cozinha e da gasolina? Claro que não, mas, frequentemente, adeptos do Corinthians, Palmeiras, Flamengo e Vasco são convocados pelas redes sociais para batalhas campais, com probabilidade de haver mortes. Entre os atos praticados por essas verdadeiras gangues, que deveriam merecer uma ação mais enérgica das autoridades, estão os ataques com pedras e paus aos ônibus que conduzem as delegações dos adversários, e a invasão dos centros de treinamentos dos seus clubes para dar uma “prensa nos pipoqueiros”.

As duas maiores torcidas organizadas de Salvador, a Bamor (Bahia) e a Invencíveis (Vitória) se limitavam a leves contendas entre seus membros, embora as duas não possam estar juntas num mesmo estádio. Essa calmaria foi quebrada por um gesto impensado de três ou quatro sócios da Bamor. Revoltados com a desclassificação do Bahia na Copa do Nordeste e no Campeonato Baiano, arremessaram explosivos contra o ônibus que conduzia a delegação tricolor para a Fonte Nova, ferindo o goleiro Danilo Fernandes, que passou por uma bateria de exames oftalmológicos, desfalcando seu time em várias partidas. Sete sócios da Bamor  foram identificados e detidos pela polícia, que até o momento não chegou aos autores da tentativa de assassinato. Um dos carros usados no ataque pertence a Half Silva, presidente da organizada.

 

 

 

 

CURIOSIDADES DO TRÁFICO NEGREIRO (VIII)

O livro de Laurentino Gomes, “ESCRAVIDÃO” mostra curiosidades do tráfico negreiro, muitas das quais de horror, mas que precisam ser conhecidas por historiadores, estudantes e todos brasileiros sobre o que aconteceu nos quase 350 anos de escravidão no Brasil.

Em prosseguimento aos relatos do autor, vamos destacar alguns deles sobre os sofrimentos dos negros no cativeiro:

No capítulo “Visão do Inferno”, o autor da obra descreve que as caldeiras dos engenhos daquela época ferviam em meio à escuridão da noite brasileira. “As labaredas, frequentemente comparadas ao fogo do inferno, ou à lava incandescente dos vulcões, eram alimentados por escravos – vultos que se movimentavam ao redor de gigantescos tachos de cobre onde borbulhava o caldo de cana a ser depurado para se transformar em açúcar”.

Em sua visão, Laurentino diz que açúcar é sinônimo de escravidão. Quem faz relatos mais macabros ainda é o padre André João Antonil que, em companhia do padre Antônio Vieira, o defensor da escravidão, chegou à Bahia em 1681. Seu livro “Cultura e Opulência do Brasil por suas Dragas e Minas”, foi publicado em Lisboa, em 1711.

Em um trecho do livro, Antonil escreve que, junto à casa da moenda, que chamam casa do engenho, segue-se a casa das fornalhas, bocas verdadeiramente tragadoras de matos, cárcere de fogo e fumo perpétuo e viva imagem dos vulcões Vesúvio e Etna(…)

Prossegue relatando que nos engenhos reais, costumava haver seis fornalhas, e nelas outros tantos escravos assistentes, que chamam metedores de lenha. “O alimento do fogo é a lenha, e só no Brasil, com a imensidão dos matos que tem, podia fartar como fartou por tantos anos, e fartará nos tempos vindouros, a tantas fornalhas, quantas são as que se contam nos engenhos da Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro…”

“Nunca consideramos este tráfico ilícito, Na América, todo escrúpulo é fora de propósito” – Luis Brandão, reitor do colégio jesuíta de Luanda, mas a Igreja produziu um grande santo que foi o padre Pedro Claver, natural de Catalunha, nascido em 26 de junho de 1580. Passou mais de 40 anos de sua vida visitando os navios negreiros que atracavam no porto de Cartagena das Índias, Colômbia. Levava conforto espiritual e material aos cativos.

Os escravos sempre chegavam desidratados e desnutridos, sem condições de se manter em pé. Claver descia aos porões escuros, fétidos, sem ventilação e, durante dias, se dedicava a cuidar dos mais fracos para curar suas feridas, dar comida e agasalhos. Ele fez um voto de ser escravos dos etíopes, aethiopum semper servus. Era nome genérico usado para designar os africanos nessa época. “Pedro Claver é o santo que mais me impressionou depois da própria vida de Cristo” – declarou o papa Leão XIII, ao canonizá-lo em 1888, ano da assinatura da Lei Áurea. Ele hoje é padroeiro da Colômbia.

“Durante cerca de 400 anos, padres, bispos, cardeais e ordens religiosas, não apenas apoiaram como participaram do tráfico de escravos e lucraram com ele” – destacou Laurentino, acrescentando que poucos ergueram suas vozes contra o cativeiro dos africanos.

O começo do século XIX, a Ordem dos Beneditinos tinha mais de mil cativos trabalhando em suas fazendas no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Maranhão, os frades do Carmo e das Mercês possuíram escravos até março de 1887.

   O bispo do Congo e Angola recebia um ordenado de 600 mil reis por ano da Coroa Portuguesa, que era pago com direitos de exportação de escravos. O colégio jesuíta de Luanda enviava regularmente cargas de africanos para os colégios de Salvador e Olinda que, por sua vez, os revendia para os senhores de engenhos da Bahia e da Zona da Mata de Pernambuco.

O padre Antônio Vieira atribuía o comércio de escravos a um grande milagre de Nossa Senhora do Rosário porque, segundo ele, tirados da barbárie e do paganismo na África, os cativos teriam a graça de serem salvos pelo catolicismo no Brasil. Não consigo entender essas irmandades de apego a Nossa Senhora do Rosário. Falta de consciência ou conhecimento histórico?

Este é o maior e mais universal milagre de quantos faz cada dia e tem feito por seus devotos a Senhora do Rosário – dizia o padre Vieira em suas homilias para uma irmandade de escravos de um engenho na Bahia, em 1633. No mesmo sermão, afirmava que aos escravos, cabia não apenas aceitar o sofrimento do cativeiro, mas se alegrar com a inestimável oportunidade que tinham de imitar os sofrimentos de Jesus no Calvário. “Em um engenho, sóis imitadores de Cristo Crucificado”.

Até mesmo filósofos e intelectuais respeitados por suas ideias libertárias, caso do britânico John Locke, participaram do tráfico escravo. No caso da Igreja Católica, de acordo com Laurentino, havia uma contradição insolúvel entre suas práticas e os ensinamentos de Jesus Cristo que ela pregava, ou seja, a própria razão da sua existência.





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