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QUEM SÃO OS PAIS?

Não que os animais não mereçam nossa atenção e cuidado, mas em tempos atuais de tecnologia e redes sociais, o problema humano é coisa secundária. Houve inversão dos valores. Primeiro temos que debater a questão dos moradores de rua, que são humanos passando fome e frio nas calçadas e, em seguida, levar aos políticos a discussão do animais que vivem nas ruas. Ontem foi o Dia do Professor e deveria ser uma boa pauta para o pleito eleitoral. Infelizmente, nosso povo não quer mais saber de educação e cultura. Entretanto, o assunto da foto ,clicada pelo jornalista e escritor Jeremias Macário, é da Via Perimetral J. Pedral. Gostaria só de saber quem são os pais dessa criança? Pela mensagem que passa no horário eleitoral, a impressão que se tem é que a obra é do atual prefeito que está na caminhada pela reeleição. Tempo de campanha eleitoral, tempo de mentiras! Em pontuação, é a maior vencedora disparada do pleito.  A verdade é a maior vítima.  Das “Justiças” , a eleitoral é a pior de todas.

MENTIRAS, MENTIRAS!

Poema de autoria mais recente do jornalista e escritor Jeremias Macário

Por que de tantas mentiras?

O culpado diz ser inocente,

Mentiras de iras dessa gente!

 

Você me fala de democracia,

Diz ser a favor da liberdade,

E prega pela volta da ditadura,

Que vai oprimir a sua distopia,

De divagar pela sua loucura,

Coisa de insanidade e psicopatia.

 

Por que de tantas mentiras?

Mentiras, mentiras de iras!

 

Você tira de mim a educação,

Mistura cultura com comunista,

Me trata como um idiota besta,

Se não concordo, sou um alienista,

Faz a esmola render sua eleição,

Com a ração de uma básica cesta.

 

Por que de tantas mentiras?

Mentiras, mentiras de iras!

 

Você canibaliza nossa história,

Chama sua negritude de escória,

Diz que a terra é chapada plana,

Não existe aquecimento global,

Contesta a ciência e o universo,

Respira fascismo e retrocesso,

E encarna a inquisição medieval.

 

Por que de tantas mentiras?

Mentiras, mentiras de iras

 

No pleito político eleitoral,

A mentira é a maior vencedora,

Como óleo derramado no mar,

Chamas a arder nossos biomas,

Pelo índio que queima seu lar,

Sua Amazônia e o belo Pantanal,

Mentiras são como o plutônio,

Aumentando o buraco de ozônio,

Criminosas mentiras de tantas iras!

 

 

 

NUMA CAMPANHA ELEITORAL A MENTIRA É A MAIOR VENCEDORA

Como numa guerra, onde a maior vítima é a verdade, numa campanha eleitoral, a maior vencedora é a mentira, e o pior é que geralmente seus mentores terminam ganhando o pleito porque os eleitores têm memória curta, a maioria é ignorante, ou ficam cegos quando estão ao lado de seus candidatos. Cada apoiador acha que deve ser assim mesmo para derrubar seu adversário que, por sua vez, usa do mesmo artifício e mente.

É um festival de mentiras quando começa o embate, sem falar das promessas vãs. Todos são pelo social e pela melhoria de vida dos cidadãos, tudo num plano genérico mentiroso. As propostas e os projetos viáveis de serem realizados são as maiores vítimas. Antes, o povo diz que detesta toda essa sujeira política, mas na hora cada um está lá defendendo seu preferido nas ruas, em plena aglomeração, desrespeitando o protocolo de distanciamento por causa da pandemia do coronavírus.

É IMORAL

A Justiça Eleitoral pouco dá as caras, e sempre faz vistas grossas. Vez por outra pega um bode expiatório e aplica umas multazinhas para passar a impressão que está atenta e atuando. Tudo é imoral e prevalece a mentira, que conta com a cobertura da impunidade. Sem uma reforma política séria (eles nem querem falar nisso) de punição com rigor, os candidatos correm soltos praticando suas ilegalidades, e até acontece compra de votos por fora.

O candidato à reeleição, Hérzem Gusmão, diz abertamente que entregou a Via Perimetral J. Pedral, como se fosse uma obra exclusiva dele, quando apenas em seu início de governo fez os acabamentos finais, ou seja os arremates que faltavam. Do outro lado, Zé Raimundo fala da construção do Aeroporto Glauber Rocha que levou mais de 15 anos para ser concluído e teve várias pais como “criadores da criança”.

Quando tratam de números nas áreas da educação e da saúde, sobretudo, o volume de mentiras e contradições explode. A tática é maquiar dados e um rouba o feito do outro. A verdade sobre os fracassos da má gestão sempre é camuflada. Nada de ética nas informações, tão pouco seriedade e mea culpa no que deixou de ser feito, ou nos erros cometidos. Prefiro o termo mentiras à brasileira do que essa tal de “fake news” inglesada norte-americanizada.

A BARRAGEM É OUTRA MENTIRA

Há quantos anos eles estão mentindo para os conquistenses quanto a construção da barragem de abastecimento de água? Quantos aditivos já foram assinados para a concretização do projeto que ainda não saiu do papel? Mentem para os servidores públicos, para os professores, para os usuários do transporte coletivo e, lamentavelmente, traem a educação, a saúde e a cultura.

Aliás, no conjunto da obra, nós eleitores temos uma grande parcela de culpa porque alimentamos e aceitamos as mentiras, a negação da ética e a falta de compromisso, tendo em vista que depois das eleições passamos mais quatro anos sem fazer as devidas cobranças e fiscalizando de perto os seus atos,

Por sua vez, sem uma consciência política formada, votamos numa Câmara de Vereadores de 21 membros (um absurdo de parlamentares) que se torna refém do executivo e a tudo diz amém para conseguir uma obra para seu bairro ou zona rural. O vereador não mais legisla e cumpre o seu papel de fiscalizador.

Mais uma vez, nosso povo é cumplice de todas essas mentiras porque só quer tirar proveito próprio e não pensa na coletividade. Um eleitor quando vai ao gabinete de um vereador é para pedir favor, um cargo, uma ajuda financeira e um emprego para ele, ou para a sua família. Assim se fecha o ciclo da cultura do coronelismo, e todos contribuem para engordar, cada vez mais, as mentiras.

Em tempos de pandemia, a maioria dos candidatos promovem aglomerações, sem nenhum pudor, e os eleitores fundam dentro, colocando a possível vitória do seu político safado e desleal acima da vida, lembrando aquele torcedor fanático e idiota que abre a boca para afirmar que o seu time é a sua vida.

Em Vitória da Conquista, na escolha dos temas, proposto por um veículo de comunicação, os eleitores excluem da pauta das discussões com os candidatos a prefeito, as questões da educação, da cultura e da saúde. Preferem animais nas ruas, calçamentos de ruas e outros secundários. É uma total pobreza de prioridades, mas, pelo população que temos, é compreensível.

AS DIFERENÇAS ENTRE EURASIANOS E AMERÍNDIOS NA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

No final da Idade Média, ou no Renascimento, a maior parte da Eurásia já era governada por Estados organizados, como os dos Habsburgos, otomanos, chineses, o mogol na Índia e o mongol em seu auge no século XIII. As Américas tinham dois impérios, o dos astecas e dos incas, correspondentes aos eurasianos em tamanho, população, composição política, religiões oficiais e origens.

Até aí tudo bem, conforme relata o autor do livro “Armas, Germes e Aço”, de Jared Diamond, mas os sete Estados europeus (Espanha, Portugal, Inglaterra, França, Holanda, Suécia e Dinamarca) dispuseram de recursos para conquistar colônias americanas entre 1492 e 1666. O uso da escrita nas Américas era restrito às elites em uma pequena região da Mesoamérica.

OS EURASIANOS ERAM SUPERIORES

No tempo de Colombo, segundo o cientista, as sociedades eurasianas, com a escrita, eram muito superiores aos ameríndios na produção de alimentos, germes, tecnologia, armas e organização política. Esses fatores influíram no resultado dos confrontos pós-colombianos. A produção de alimentos começou a suprir uma grande parcela das dietas humana nas pátrias eurasianas cerca de cinco mil anos mais cedo do que nas pátrias das Américas.

A produção de alimentos começou a se expandir, inicialmente, no Crescente Fértil, na China, na Eurásia, nos Andes, na Amazônia, na Mesoamérica e no Leste dos Estados Unidos. Depois do Crescente Fértil, os avanços chegaram com atraso em outras partes do hemisfério.

Quatro motivos que explicam esses atrasos, como conjunto mais limitado de animais e plantas selvagens disponíveis para domesticação, maiores barreiras à difusão e áreas mais isoladas de populações humanas densas nas Américas do que na Eurásia.

Quanto as vantagens, os humanos já habitavam a Eurásia por cerca de um milhão de anos. De acordo com indícios arqueológicos, os humanos só entraram nas Américas pelo Alasca, por volta de 12000 a.C. Espalharam-se pelo sul do Canadá como caçadores Clovis alguns séculos antes de 11000 e chegaram ao extremo meridional da América do Sul em 10000 a.C.

A produção de alimentos já estava surgindo no Crescente Fértil apenas 1.500 anos depois da época em que os caçadores-coletores derivados dos Clovis chegavam ao sul da América do Sul. Houve cinco mil anos de atraso das aldeias produtoras de alimentos das Américas, que foram ocupadas por caçadores-coletores num período de poucos séculos depois da chegada dos primeiros colonos.

O ALASCA E O ATRASO TECNOLÓGICO

Diz o autor do livro, que os antigos agricultores do Crescente Fértil e da China herdaram as técnicas que o Homo Sapiens desenvolvera para explorar os recursos nessas áreas durante milhares de anos. Por outro lado, os primeiros colonos das Américas chegaram ao Alasca com equipamentos apropriados à tundra do Ártico siberiano. Tiveram que inventar equipamentos adequados a cada novo habitat. “Esse atraso tecnológico pode ter contribuído para a demora no progresso dos ameríndios”

Diamond esclarece que a produção inicial de alimentos competia menos com o estilo caçador-coletor nas Américas do que no Crescente Fértil, ou na China, em parte porque quase não havia mamíferos selvagens domesticáveis nas Américas.

No Crescente Fértil e na China, a domesticação de animais veio logo depois da domesticação de plantas, criando um pacote de alimentos que prevaleceu sobre o estilo caçador-coletor. Os animais tornaram a agricultura no Crescente mais competitiva por fornecerem fertilizantes e puxarem arados.

A pequena quantidade de plantas e animais disponíveis no Novo Mundo é exemplificada pelas transformações das próprias sociedades ameríndias após a chegada de outras culturas, como o milho, a lhama e o cavalo.

Os progressos na Eurásia foram também acelerados pela difusão mais fácil nesse continente de animais, plantas, ideias, tecnologia e povos por causa de vários fatores geográficos e ecológicos. O eixo principal leste-oeste da Eurásia permitia a difusão sem mudança de latitude e de suas variáveis ambientais, ao contrário das Américas.

O Novo Mundo era espremido em toda a extensão da América Central, principalmente no Panamá, com suas florestas tropicais, separando as sociedades da Mesoamérica das andinas e amazônicas. Os desertos do |México separam a Mesoamérica das sociedades do sudoeste e do sudeste dos Estados Unidos. Como consequência, não houve difusão de animais, da escrita, ou de entidades políticas. Houve uma propagação limitada e lenta da agricultura e da tecnologia.

A lhama, o porquinho-da-índia e a batata das regiões andinas jamais chegaram às montanhas mexicanas. Por isso, a Mesoamérica e a América do Norte continuaram sem mamíferos domésticos, com exceção dos cães. O girassol domesticado no leste dos Estados Unidos nunca chegou à Mesoamérica, e o peru dessa região não alcançou a América do Sul, ou ao leste dos Estados Unidos. O milho e o feijão, como a abóbora da Mesoamérica levaram mais de três mil anos para percorrer os mil e cem quilômetros de terra cultivada do México ao leste dos Estados Unidos.

CULTURAS E ALFABETOS

Por sua vez, as culturas do Crescente Fértil espalharam-se para o leste e oeste com rapidez suficiente para evitar a domesticação independente da mesma espécie, ou a domesticação de espécies relacionadas. As barreiras dentro das Américas propiciaram o surgimento de muitas dessas domesticações paralelas de culturas.

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UM MENINO PRODÍGIO QUE DEIXOU SUA MENSAGEM DE CONHECIMENTO

Uma criança que com sua genialidade de dez anos de vida discutiu ideias importantes e deixou sua mensagem de conteúdo cultural em várias esferas do conhecimento no campo da filosofia, da literatura, do social, da poesia, da música e outros temas da nossa história. Foi, por assim dizer, um gênio que nos deixou muitas lições para a evolução do ser humano que não deve parar de crescer no tempo.

Estou me referindo ao “Sarau Cultural A Estrada” que, depois de dez anos, está partindo porque ele sentiu um esvaziamento de seus participantes que foram deixando aos poucos de atender ao seu chamamento em troca de outros compromissos, ou mesmo pelo desinteresse pelo nosso maior bem da alma que é a cultura. Ele estava se sentindo como uma entidade esvaziada, de segundo ou terceiro plano, mas parte feliz por ter cumprido sua missão.

PERSONAGEM PRÓPRIA

Quero aqui deixar bem claro para todos que o “Sarau A Estrada”, ao longo desses dez anos, adquiriu por si mesmo, sua própria personagem quando todos contribuíram para isso. Com o passar do tempo, ele deixou de ter dono, porque as pessoas, artistas, intelectuais, professores, interessados e até jovens deram-lhe vida com suas canções populares e autorais, com seus poemas, causos e a troca de conhecimento através dos papos descontraídos.

Houve divergência, discussões acaloradas e acirradas, momentos de dificuldades, mas tudo é normal como numa família onde logo depois todos se acertam e se abraçam. No entanto, nos últimos encontros, antes mesmo da pandemia, se constatou um esvaziamento e falta de interesse, com as ausências e não muito apegamento aos assuntos em abordagem.

No último dia 10 (sábado), o Espaço Cultural foi preparado com carinho para receber os amigos do Sarau, mas, lamentavelmente, poucos compareceram ao evento. Em nome dele, agradecemos aqui as presenças de Baducha, Céu, Aline, Jhesus, Rose e João que prestaram suas homenagens. Muitos alegaram compromissos e outros simplesmente não apareceram.

Quando passei minha mensagem neste domingo (dia 11) sobre sua despedida, ouvi muitas respostas, colocando a Covid-19 como pivô desse esfriamento e desistência, mas, mesmo respeitando as opiniões, discordo porque todos estão saindo, com os devidos cuidados e protocolo, para seus afazeres e até outros eventos de festividades, como aniversários e casamentos.

POUCA CULTURA

A questão é outra, talvez porque as pessoas hoje, de uns tempos para cá, (nem todas) resolveram se afastar da cultura e não colocar mais ela como sua fonte de evolução. Como disse nosso amigo e companheiro Dorinho, poucos ainda a tratam como aliada e preferem mais o outro lado divertido e superficial.

Infelizmente, estamos numa época de trevas onde muitos estão queimando livros de autores consagrados porque eles criticam a linha política atual conservadora do governo. Preferem o ódio e a intolerância, colocando na fogueira o saber e o conhecimento, como acontecia na Idade Média.

A tendência e o correto de todo ser humano é a evolução, com mudanças de pensamento e conceitos – sem abandonar, é claro, os princípios e o caráter – mas muitos pararam no tempo e regrediram, como do jacaré para a lagartixa. Não estou aqui me referindo a preferência político-partidária de lado “A” ou “B”.

Não quero entrar nesse campo perigoso de discussão, mas acho que não foi a pandemia que fez o menino Sarau encerrar aqui sua missão. Está partindo com seu semblante de felicidade porque valeu a pena ter deixado sua marca na história, com reuniões proveitosas, realização de um CD, shows e até de um vídeo curta-metragem quando ele esteve vivendo em confinamento de quarentena. Ele se vai, mas ficam para sempre as gratas amizades que nunca mais serão desfeitas.

Não vou aqui citar o nome de todos porque a lista é extensa e poderia pecar por omissão, mas, como já disse o poeta, “o amor é eterno enquanto dura”, ou até preferindo o outro cancioneiro, “tente outra vez”. Esse menino sabe o quanto se dedicou e se esforçou para prolongar sua existência, mas sempre tem o momento certo de se sair de cena.

Ele espera que todos continuem na trincheira da resistência fazendo cultura, para impedir que ela seja tão maltratada e pisoteada como na época atual.  O maior trunfo é que ficou sua mensagem de conhecimento nos tantos debates que nos proporcionou com alegres noites de canções, poesias, causos e histórias de vida.

Vai-se o Sarau, mas o nosso Espaço Cultural continua aberto para receber a todos que amam a cultura, para um dedo de prosa, a troca de conhecimento e até a realização de projetos que poderão contribuir para o nosso progresso. Será um prazer abrir essas as portas para os amigos que aqui deixaram suas ideias durante esse tempo de convivência saudável onde todos ensinaram alguma coisa e também saíram aprendendo.

LENDÁRIO SERTÃO

Este texto, que se encontra no livro “ANDANÇAS”, de autoria do jornalista, escritor e poeta Jeremias Macário, é uma homenagem ao Dia do Nordestino, na figura do legítimo sertanejo. É uma descrição sobre seu perfil, costumes, sua vida diária na labuta da roça, suas crenças e sua cultura popular.

O meu sertão catingueiro, com espécies vegetais e animais exclusivos, é bem diferente do cerrado e da mata. Ora está retorcido, cinzento, desértico e árido, mas de repente fica florido e cheio de vida, de cores e encantos quando batem as chuvas. Aí arrebenta o aroma da terra molhada para o plantio.

O olhar dessa gente sertaneja é uma mistura de lealdade humilhada, cismado, doído, castigado, sofrido, resistente, bruto e pacato. Pode ser exótico matreiro tabaréu, mas não é o mesmo olhar do mateiro do sul ou de outras plagas do litoral. Nesse sertão, toda final de tarde ouço o canto cadenciado do nambu, como igual não existe em lugar nenhum.

Para o sertanejo, a simplicidade é a sua filosofia; a natureza sua arquitetura divina onde de tudo brota poesia; o pedaço de terra sua geografia; do barro faz-se a escultura; da seca sua prova de luta; e a chuva é o seu show da vida. A caatinga é mais fera e pantera que o deserto. Um tem caminho para o interior e o outro é tortura. A caatinga tem o cordel e seu boi encantado.

O sertão da caatinga, das palmas e dos mandacarus, é carregado de mistérios, contos e lendas (algumas ainda vivas) dos coronéis, dos pistoleiros, jagunços e vaqueiros bravos. Nesse descambado sem fim de espinhos de unhas-de-gato, tocas e malocas, rasgando serras e morros, o temido Lampião e sua tropa de coriscos conseguiam sair de seus labirintos e enganar as volantes.

Os encourados cavaleiros lendários são os verdadeiros guerreiros legionários desse agreste inóspito, esquecido e supersticioso cheio de emboscadas e armadilhas. Eles partem para suas cruzadas sem nenhuma benção do vigário-mor. São vaqueiros guardiões das tradições seculares de perseguir a rês até conduzi-la ao rebanho ou ao curral. A bravura não teme a morte. É uma questão de honra.

Em homenagem a esse chão, exclusivo do Brasil, e o mais degradado de todos, foi instituído, por decreto presidencial, o 28 de abril como o “Dia Nacional da Caatinga”, no intuito de preservar seu bioma, mas não é isso que acontece. Seu folclore e suas comidas, feitas do milho e da mandioca, têm características próprias, mas quando a seca bate à porta, o êxodo rouba sua magia e perde-se o encanto.

É assim a luta do sertão catingueiro das procissões, dos paus-de-arara rumo a São Paulo, dos carros-pipa eleitoreiros, das cisternas, das barragens, aguadas, das cacimbas e poços salobros erguidos para juntar um pouco de água, para enfrentar as estiagens. Os olhos marejam de dor e as lágrimas ficam presas nas gargantas. As crianças choram de fome e os animais tombam ao chão, virando carcaças que se tornam postais da crueldade de um cenário desolador.

Corta o coração ver o sertanejo lacrimar quando sua safra se perde na sequidão. Das tragédias da natureza é a que menos comove e sensibiliza as campanhas humanitárias de solidariedade e de socorro às suas vítimas. As enchentes e os desmoronamentos de terras no sul e sudeste do país ganham mais espaço na mídia do que esta devastação de morte mais penada e lenta.

É o sertão do Assum Preto e da Asa Branca nas cantigas de lamento da terra do Luiz Gonzaga “Rei do Baião”, e da “Triste Partida”, do poeta maior Patativa do Assaré, que continuam batendo suas eternas asas pelo mundo afora. É o sertão da sanfona “sankafa” chamando para o arrasta-pé do forró. É o sertão sertanejo dos cabras valentes do “Padim Ciço” e de Antônio Conselheiro. É o sertão da Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire, dos guerreiros jagunços, de Euclides da Cunha, de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna e do “O 13”, de Raquel de Queiroz em suas histórias engraçadas e tristes. È o sertão bodeiro da “Casa dos Carneiros” na cantoria de Elomar. Foi cenário escaldante de “deus e o diabo na terra do sol” e o “dragão da maldade contra o santo guerreiro”, de Glauber Rocha.

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O NORDESTINO

O Nordestino tem o seu destino e. como dizia o escritor Euclides da Cunha, é acima de tudo um forte para vencer as intempéries da da vida e da seca, mesmo diante das perdas. Ele sempre começa tudo de novo, com fé e esperança. Ontem, dia 8, foi dedicado ao Nordestino, mas sem comemorações e poucas lembranças sobre o homem que fez do Nordeste uma fonte preciosa de cultura, com seus repentistas, trovadores, escritores e poetas famosos, músicos da canção popular e com seus cordéis que encantaram o Brasil e todo o mundo. Os governantes têm hoje uma grande dívida para com o Nordeste e os nordestinos, que se arrastam há séculos. As lacunas deixadas na educação e na cultura, por estratégia dos próprios políticos que só prometem, são há anos aproveitadas para fazer do nosso sertanejo uma peça de manipulação com suas esmolas através de bolsas famílias e outros “mimos” para angariar votos e apoio popular. São profundas as desigualdades sociais da região se comparadas ao sul e ao sudeste. Os nordestinos, até hoje são discriminados, apesar da sua história de construtores dos grandes centros desenvolvidos do país. Uma das fotos mostra a imagem do jumento, símbolo do Nordeste que, infelizmente, está sendo extinto pela ganância do capital selvagem e voraz. A simplicidade é a sua filosofia; a natureza, a sua arquitetura; o pedaço de terra, a sua geografia; o barro, a sua escultura; a seca, a sua prova de luta; e a chuva, o seu show da vida. Assim é o sertanejo nordestino descrito poeticamente pelo jornalista e escritor Jeremias Macário em um de seus livros. Salve o Nordestino, com seu repente e seu destino de vencedor!

SAMUEL, O UNGIDO

Um poema de Jeremias Macário ao seu neto Samuel

O bíblico ungiu Saul e David,

Em nome de Deus viu o futuro,

Dissipou a fumaça no ar escuro,

Entre chamas ardendo os biomas,

E nesse meio veio o nosso Samuel,

De olhar ungido da árvore saído,

No céu primaveril do brotar florir.

 

Que seja vento anunciador da chuva,

Para molhar a mãe terra e dar o fruto;

Que seja infinito na finitude desse ser,

Para com o saber transformar o bruto;

Que seja sempre criança temperança,

Para curar qualquer ferida do tempo,

E fazer a sua hora antes do amanhecer.

 

Do índio caboclo de sangue mestiço,

Mouro ibérico desse nosso Brasil,

Do ventre saiu o Samuel desafio,

De uma era incerta que lhe espera,

Para navegar na corrente correta,

Como guerreiro que vem, vê e vence,

A peleja estradeira do eterno existir.

SARAU COMEMORA SEUS DEZ ANOS

Depois de sete meses no isolamento por causa da pandemia, com todos regramentos e protocolos recomendados, o nosso “Sarau Colaborativo A Estrada” vai dar as caras neste sábado (dia 10/10) para matar a saudade do grupo que sempre se fez presente aos nossos eventos, respirando cultura, saber e conhecimento.

Vamos procurar fazer tudo dentro do distanciamento, com todos os cuidados possíveis entre os participantes que já estão conscientes do momento que ainda não é de relaxamento. No entanto, vamos manter o nosso formato com dois temas a serem escolhidos sobre a “Nação Cigana” e o “Exílio de Jango”, a partir de 1964, no Uruguai.

Além do debate, vamos ter a apresentação de artistas locais da música, com canções variadas, declamação de poemas, causos e o bate-papo descontraído que sempre acontecem em todos os nossos saraus. Nesta edição, vamos aproveitar a ocasião para comemorar os dez anos da atividade cultural, que completou em julho passado, mas não pode ser festejado por causa da Covid-19.

Durante esses dez anos, muita gente passou pelo nosso Espaço Cultural, inclusive de outras regiões e estados. Nesse tempo, discutimos diversos assuntos nas áreas da literatura, da educação, da política e no âmbito social, como Castro Alves, Graciliano Ramos, os movimentos revolucionários de 1968, Cordel, Cultura e Costumes Nordestinos, Gregório de Mattos, Carnaval, A História da Música Brasileira, O Império Romano, dentre outros.

Esse próximo de sábado vai ser diferenciado, em decorrência do coronavírus, que distanciou e separou as pessoas. Depois de sete meses, vamos rever os amigos para mais uma troca de ideias e conhecimento, mas, principalmente, para matar a saudade. Esperamos contar com a compreensão de todos quanto aos protocolos de distanciamento e respeito mútuo. Na verdade, a grande maioria já estava cobrando por esse momento de encontro.

A CIDADE DOS QUEBRA-MOLAS

Além do trânsito que já é complicado, principalmente no centro e imediações, os quebra-molas nas ruas e avenidas de Vitória da Conquista deixam qualquer motorista estressado e com os nervos em frangalhos. A Prefeitura Municipal prometeu retirar esses trambolhos nos locais onde implantou os radares e as lombadas eletrônicas, mas até agora nada foi feito.

Como se considerasse que têm poucos, a Secretaria de Mobilidade Urbana (de Trânsito mesmo) construiu mais nas avenidas Filipinas e Bartolomeu de Gusmão, sem necessidades. Nas avenidas Juracy Magalhães, Integração, Pará, Maranhão, Frei Benjamim, Brumado e outras lá estão eles espalhados de 50 a 50 metros para tortura de todos.

CRIMINOSO

Na descida da Bartolomeu, em direção ao centro, tem um bem criminoso. Esse quebra-molas foi levantado onde foi aberto um desvio na subida do lado oposto e, depois de fechado o retorno, lá ficou o elevado para arrebentar o motorista desavisado, ou visitante que não conhece nada da cidade. Aquilo ali é um absurdo e de uma estupidez sem tamanho.

Nem é preciso dizer aqui o mal que fazem esses horríveis quebra-molas em termos de prejuízos para os veículos, sem contar o consumo de combustível, que está com seus preços nas alturas. Conquista pode até ganhar um prêmio de cidade que tem o maior do mundo, que é o “bigode” de Pedral, na Avenida Regis Pacheco.

Basta acontecer um acidente numa esquina qualquer com vítima e aí os moradores logo pedem a instalação do maldito. No outro dia o poder público está lá com seus homens para fazer mais um. O paradoxal é que em todos lugares de quebra-molas existem sinalizações de “PARE” e avisos de preferencial, sem contar os verticais de entradas liberadas e proibidas.

Tenho a curiosidade de saber quantos quebra-molas existem em Conquista, só para comprar com outras cidades do mesmo porte. Na minha imaginação, passam de dois mil, se não tiver mais que isso. Acho que nem a Secretaria sabe quantos são os monstrengos, que são desaprovados pelo próprio Conselho Nacional de Trânsito. E aqueles que próprios moradores fazem por conta própria?

VERDADEIRAS PRAGAS

Eles vão aparecendo como verdadeiras pragas, como vírus a contaminar nosso sistema neurológico. É um tal de reduzir marcha nessa cidade que, ao fim do dia, as molas e suspensões dos carros estão arrebentados, principalmente os dos taxistas, vans e ônibus. Por mais que a pessoa esteja atenta, sempre se esbarra em um, e aí já está feito o estrago.

Não poderia, pelo menos, reduzir o número deles e se tomar uma decisão de não mais construir outros. Será que lá dentro da Prefeitura existe a política do quebra-molas? Não sabia que dava tantos votos! Não é dessa maneira que se educa o motorista para que dirija com atenção e com velocidade mais moderada na cidade.

Quem ultrapassa os limites e não obedece aos sinais deve ser rigorosamente punido, mas aqui no Brasil existe a cultura de se conter os excessos na base da brutalidade, da força policial, ou de outro instrumento coercitivo como são esses infernais quebra-molas assassinos.

Outro problema sério no nosso trânsito são as faixas apagadas de pedestres. A grande maioria nem tem mais listas. O mais difícil é você encontrar uma faixa pintada, colocando em risco o transeunte e o próprio motorista, especialmente daquele visitante que está passando pela cidad





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