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A GRAVIDEZ E A PANDEMIA

Uma população inteira de Vitória da Conquista foi dizimada. Simplesmente desapareceu do mapa, como se estivesse sido exterminada por uma bomba. Calma gente, não é nada disso! Conquista continua viva com o mesmo número de habitantes, mas também está sendo sacodida pela pandemia que já ceifou a vida de mais de 333 mil pessoas em nosso país, o mesmo contingente de humanos da nossa cidade do Sertão da Ressaca.

O dado é só para ilustrar a dimensão do estrago que a Covid-19 já fez no Brasil, e só aumenta a cada dia, ultrapassando mais de quatro mil mortes por dia, o maior índice do mundo. No entanto, minha intenção é fazer uma relação entre a gravidez de mulheres nesse período de pouco mais de um ano e a doença. Trata-se de um assunto pouco comentado pela mídia.

DUPLO PERIGO

Não sou nenhum infectologista ou especialista nesse campo, mas qualquer um sabe que é um duplo risco para a mulher se engravidar nesse tempo tão aterrador. Confesso que ainda não li e não vi nenhuma reportagem mais específica e profunda, mostrando os perigos para a mãe e o bebê no caso de a mulher vir a ser contaminada.

Mesma que a grávida de Covid tenha um parto sem problemas, a criança pode nascer com sequelas de deficiências, como ocorreu no caso da Zica? Entendo que o risco seja bem maior para a mãe infectada que já tenha doenças crônicas, como pressão alta, diabetes, asma e deficiência coronária.

Como jornalista, creio que é uma pauta importante para uma matéria esclarecedora. Nesse ponto, e diante do atual quadro, os casais têm pensado nessa questão antes de decidir ter um filho? Dá para mensurar se nesse período de Covid houve um aumento, ou uma redução no número de partos nos hospitais? Outra questão é a falta de vagas nas unidades de saúde, especialmente do SUS.

O que mais me espanta, ou aliás, já era de se esperar, é perceber que as mulheres mais grávidas são as mais pobres e que já têm três e quatro filhos pequenos numa situação de desnutrição alimentar, o que demonstra, mais uma vez, a falta de educação e instrução para evitar nascimentos nesse panorama de pandemia, desemprego e fome.

É a cara de um Brasil desigual onde a miséria aparece ao lado da Covid-19 como uma praga que está exterminando os brasileiros mais fracos. O insignificante auxílio emergencial mais as iniciativas de doações de grupos e associações não estão dando conta da demanda de milhões de bocas famintas.

Todas essas mazelas são resultado da falta de uma liderança no comando central e de uma coordenação que ouvisse as recomendações científicas de combate ao vírus desde o seu início, numa frente de isolamento social e adoção dos protocolos de higienização, como o uso de máscaras e outras medidas de restrição.

No entanto, o que temos é um governo de negacionistas que ainda acredita que a terra é plana e que a pulga vem da areia. É um governo que se indispôs com nações das quais tanto necessitamos de negociações para aquisição de mais vacinas para imunizar a população. É um governo que se isolou do resto do mundo e disse que ser pária é bom. É um governo que levou o Brasil a bater o recorde de mortes no mundo.

A MISÉRIA E A EXPLORAÇÃO SEXUAL

Demora muito tempo esquecido, mas o tema sempre volta à tona. O discurso continua o mesmo, e assim sempre vai haver exploração sexual de menores no mundo das estradas brasileiras. Entra campanha e sai campanha, sempre focada nos caminhoneiros, como se todos eles fossem tarados sedutores das meninas esmolambadas de pés no chão, ávidas por um prato de comida.

Não quero aqui, de forma alguma, eximir a culpa dos motoristas das cargas pesadas, mas não podemos generalizar. Existe do outro lado das leis do estatuto da criança e das Ongs defensoras da causa, um discurso moralista e até hipócrita, que deixa de reconhecer que a miséria e a fome levam esses menores a praticar a sedução por urgente necessidade de se nutrir, tanto que vendem seus corpos por uma refeição. Claro que ao caminhoneiro cabe ter consciência e recusar.

OS PAIS E AS MENINAS

Nessa miséria profunda de desigualdade social, principalmente a nordestina, que tem origens no cruel passado de exploração dos coronéis do dinheiro e do poder, até os pais mandam suas inocentes e frágeis meninas vagar à noite nas estradas ou nos postos de combustíveis à procura de homens, para matar a fome e sobrar um pouco de comida para os outros irmãos.

A esse povo errante e retirante, há séculos que os governos aventureiros, oportunistas e populistas negaram a educação, dignidade humana, ajuda para manter suas lavouras e um emprego decente. É muito fácil colocar a culpa só nos caminhoneiros e carimbar neles uma imagem de vilões aproveitadores, e não atacar de frente o problema da miséria. Nesse Brasil, costumamos sempre jogar toda sujeira para debaixo do tapete, como se isso fosse resolver as mazelas.

Quem não sabe e conhece as histórias de pais desesperados, inclusive de mães que vendem seus filhos por tostões para ficarem livres de seus rebentos e ainda pegar uma graninha merreca para tirar a barriga da miséria? Em minhas andanças como jornalista, já narrei um caso de um marido vender a mulher e a filha por uns sacos de farinha e feijão.

Por falta de educação, que por séculos é negada ao povo, as famílias pobres são as que mais têm filhos, inclusive nesse período caótico da pandemia, e isso persiste até hoje no campo e nas favelas das cidades grandes. Nelas ainda existe a cultura religiosa de que foi a vontade de Deus que assim quis. O resto, todos sabem o que acontece quando chega o aperto num casebre apertado repleto de crianças que dormem amontoadas com fome.

Logo cedo, as meninas e meninos caem na rua da amargura, e oferecem a única coisa que possuem que é o sexo. Eles estão por todos lugares, não somente nas estradas e postos, mas nas praias nordestinas, nas ruas, nas portas dos hotéis e em bares e restaurantes. Não são as campanhas, nem as leis e estatutos que vão acabar com esse triste quadro.

Com o agravamento da Covid-19, o desemprego, a informalidade e a falta de instrução para arrumar um trabalho, a situação piorou mais ainda, e engrossou esse contingente de menores, principalmente de meninas sendo exploradas sexualmente.

O que não dá é para generalizar e jogar toda culpa no caminhoneiro. Não estou aqui defendendo a categoria, e sei que muitos aproveitam essa fraqueza e comete o crime. Não vamos ser hipócritas para não enxergar que a raiz do problema está na miséria. As políticas públicas são sempre populistas com o sentido de angariar votos para que o sistema perpetue assim.

 

 

O PRECONCEITO RACIAL INTERROMPE OS ESTUDOS DE UM MENINO ESCRITOR

Não fosse o preconceito racial, o menino Afonso Henriques de Lima Barreto, nascido em 13 de maio de 1881, quando o mulato Machado de Assis lança, no Rio de Janeiro, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, e Aloísio de Azevedo publica “O Mulato”, tinha tudo para ser um grande aluno. Isolado e excluído, o único consolo eram as leituras na Biblioteca Nacional e as visitas à capelinha do Apostolado Positivista.

Em “Literatura Comentada”, da Abril Educação, o crítico Antônio Arnoni Prado fala do grande escritor que foi Lima Barreto, cujas obras foram marcos de uma literatura realista/naturalista de transição para o modernismo entre os séculos XIX e XX. Seu pai, João Henriques era tipógrafo nas oficinas do Jornal do Comércio e do Jornal A Reforma, e sua mãe, Amália Augusta, professora que contraiu tuberculose e morreu em 1887.

Lima Barreto tinha mais quatro irmãos e veio numa época muito difícil para a família quando sua mãe faleceu. Com seis anos frequentava a escola pública, quando o pai ingressou no movimento de resistência liberal e publicou uma tradução do “Manual do Aprendiz Compositor”.

Dedicado, Lima Barreto passa com brilho pelo curso primário e pelos exames da Instrução Pública que lhe deram condições para entrar no Liceu Popular Niteroiense. Internado, o menino só vê a família aos sábados. Deprimido e solitário pela discriminação, pensa em se suicidar aos 15 anos.

Em 1895 transfere-se para o Ginásio Nacional. No ano seguinte conclui os preparatórios no Colégio Paula Freitas para o ensino superior. Em 1897 ingressa na Escola Politécnica. Em 1902, ainda na Faculdade, começa a colaborar em “A Lanterna”, órgão da mocidade das escolas superiores. Assinava como Alfa Z e Momento de Inércia.

Na escola, Lima Barreto era perseguido pelo professor Licínio Cardoso, com constantes reprovações injustas, e sofria de forte discriminação racial. “Seu sentimento de revolta, suas atitudes pessimistas e seu complexo de inferioridade aumentam”. Nessa época, seu pai enlouquece. Para cuidar dos irmãos e da saúde do pai, abandona a Faculdade.

Em 1903 ingressa como amanuense na Secretaria da Guerra. Frustrado com a situação, ele começa a beber e a frequentar cafés, livrarias e redações de jornais do Rio de Janeiro. Era o fim do período áureo da boemia literária. Dos encontros nos cafés, conhece Domingos Ribeiro Filho, Lima Campos, Gonzaga Duque e outros. Desses contatos com o meio intelectual, passa a colaborar na “Quinzena Alegre” e em “O Diabo” (revista de troça e filosofia). Depois conseguiu um trabalho na redação de “O Pau”, com Crispim Amaral.

O ingresso no jornalismo profissional se deu em 1905 no Correio da Manhã. Divide seu trabalho com a militância política no comitê do Partido Operário Independente. Em 1907 funda a “Revista Floreal”, para combater os formulários de regras literárias que impediam a projeção de novos talentos.

Finalmente, em 1909, Lima Barreto publica, em Lisboa, seu romance de estreia “Recordações do Escrivão Isaias Caminha”. No ano seguinte, o livro é elogiado por José Veríssimo. Em 1911, o Jornal do Comércio começa a publicar em folhetins seu segundo romance “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, numa linguagem despojada e inconformista.

O escritor aproveita o sucesso para colaborar com a Gazeta da Tarde e publica o romance “Numa e a Ninfa” (relatos folhetinescos). Esta fase, porém, é marcada por penúrias e desgostos familiares. Entrou em depressão e terminou sendo internado no hospício, em agosto de 1914.

Ao sair, intensificou mais seu vício ao álcool e passou a perambular pelas ruas. Certa vez, seu amigo Monteiro Lobato o vê bêbado numa mesa de bar e evita falar com ele por se sentir constrangido. Em 1916 precisa fazer um tratamento de saúde para curar uma anemia profunda, mas continua participando do jornalismo militante de esquerda, apoiando a plataforma do movimento anarquista que desencadeia em 1917, em São Paulo, uma das maiores greves da história operária brasileira.

Lima Barreto aproveita o ensejo e lança o “Manifesto Maximalista”, publicado nas páginas do seu semanário A.B.C., com informações sobre a Revolução Russa. Mesmo fraco, continua sua atividade literária e escreve para a revista “Brás Cubas” e a “Lanterna”. Publica “Os Bruzundangas”, um perfil das mazelas nacionais. Em 1918 é aposentado da Secretaria da Guerra por invalidez. Foi ainda diagnosticado como portador de epilepsia tóxica.

Sua melhor obra para muitos críticos foi “Vida e Morte da M. J. Gonzaga de Sá”, em 1919. Foi novamente recolhido ao hospício e só volta de lá em 1920. Candidata-se por duas vezes à Academia Brasileira de Letras, mas não é eleito. Suas últimas manifestações de rebeldia intelectual foram registradas no romance “Clara dos Anjos”, crônicas sobre o folclore e publicações de suas experiências no hospício, contidas nas páginas do “Cemitério dos Vivos”.

A miséria e os delírios do pai louco esgotam suas forças para escrever, e Lima Barreto morre de colapso cardíaco, em 1º de novembro de 1922, nove meses depois da realização da Semana de Arte Moderna. Ele nasceu no realismo/naturalismo e viveu no simbolismo. Na verdade, foi um precursor do modernismo, numa autêntica literatura, “voltada para os problemas existenciais do indivíduo em face da sociedade”.

Em nosso próximo “Encontro com os Livros” vamos comentar uma das suas importantes obras da literatura brasileira.

UM CICLO VICIOSO DE CONTAMINAÇÃO

NÃO É JUSTO, OS JOVENS QUE VÃO PARA AS BALADAS ESTÃO TENDO PRIORIDADE NOS LEITOS DE UTI.

Sai uma festa de tradição cultural e entra outra, e tome comemoração, numa pandemia que já ceifou a vida de mais de 325 mil pessoas, uma população inteira de Vitória da Conquista. No Brasil, principalmente na Bahia, os eventos se sucedem numa progressão proporcional da doença através das aglomerações. É um suicídio coletivo! “Gente estúpida”!

Esse ciclo vicioso de contaminação indica que a pandemia ainda vai perdurar por alguns meses, e só pode baixar com a vacinação em massa, que sofreu atrasos e continua num ritmo lento. Ninguém quer cortar sua tradição, como bem vimos no São João passado com uma multidão comprando ingredientes nas feiras e mercados para festejar com as famílias, amigos e parentes.

Depois do São João vieram as eleições, e depois as comemorações de final de ano. O ritual de estupidez é sempre o mesmo, seguido de um aumento nos índices de infecção, superlotação nos hospitais e mais gente morrendo. No início de fevereiro tivemos os carnavais clandestinos incentivados pelas lives da turma do axé baiano.

Agora é a Semana Santa e os Ovos de Páscoa, com as peixarias, feiras e supermercados cheios de consumidores ávidos para fazer mesas fartas com vatapá, caruru e outras comilanças. Como no Natal, a Sexta da Paixão é o tempo que as pessoas mais se empanturram com comidas e bebidas quando deveria ser o contrário, como recomenda a religião. A tradição da festa, carregada de comidas, ultrapassou a religiosidade.

Esse quadro de insensatez serve para estampar um dos maiores paradoxos brasileiros. De um lado, uma camada mais pobre se aglomera nos mercados para comprar peixe, camarão, dendê, quiabo, castanha e outros ingredientes para a festança. Do outro, vemos imagens de casebres famintos, de geladeiras e panelas vazias, com crianças e adultos que mal fazem uma refeição por dia.

Não dá para entender esses absurdos de desigualdade social de uma pobreza, que ainda consegue um dinheirinho para cumprir a tradição de uma Semana Santa, dentro de outra ainda pior de extrema pobreza que passa fome e não vai ter o peixe na mesa para seguir o preceito.

Dentro de mais 15 ou 20 dias vamos ter outro avanço da doença, praticamente coincidindo com o São João de junho, para completar o chamado ciclo vicioso da contaminação. Enquanto isso, as vacinas chegam aos tiquinhos, numa velocidade de uma carroça.

 

AS FLORES DO MEU QUINTAL

 

Elas estão em várias partes das nossas cidades, mas são despercebidas pela grande maioria que vive na corrida desenfreada pela busca do dinheiro e, consequentemente, da sobrevivência. São as flores que até são pouco decantadas pelos poetas que no romantismo serviam de inspiração para belos poemas de amor e gratidão pela vida. Elas sempre foram as musas da natureza. Em meu quintal, as flores me deixam menos tenso, principalmente nesses tempos tão difíceis de pandemia e crise política, econômica e social, com tanta pobreza. Estão sempre nas lentes da minha máquina. Precisamos olhar mais para as flores quando passamos por uma por que eles nos saúdam. Uma parada pode ser confortante e pode lhe dar a resposta que você tanto procura para seu problema. Vamos apreciar mais a natureza que pode nos fazer mais tolerantes com os outros. Tente refletir sobre o ministério contido na flor, e sua  vida pode ser bem melhor nesse universo desconhecido.

SE O TEMPO PUDESSE VOLTAR

Poema mais recente do jornalista e escritor Jeremias Macário

Ah, se o tempo pudesse voltar,

E mudasse o rumo do vento,

Escolhesse outro conquistador,

Com uma história de Brasil vencedor.

 

Ah, se o tempo pudesse voltar,

Para proibir toda escravidão,

Levar água e comida ao nordestino,

E a todos dar um bom destino,

 

Ah, se o tempo pudesse voltar,

Para garrotear uma ditadura militar,

Onde nosso povo fosse livre e feliz.

 

Ah, se o tempo pudesse voltar,

E impedisse a derrubada das florestas,

Para termos o puro ar para respirar.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Para recuperar o tempo perdido,

E melhor entender o caminho da vida.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Não magoaria o sentir de tanta gente,

E regaria sempre a minha semente.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Não jogaria lixo na pista e no mar,

E aproveitaria mais o tempo para amar.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Repetiria as boas ações que fiz.

E cortaria todos os males pela raiz.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Mas o tempo não pode voltar,

“E agora José? E agora José”?

O jeito é ter coragem e fé,

Remover a pedra do caminho,

Porque você ainda tem tempo,

Pra seus sonhos reconquistar.

TEM CHEIRO DE ENXOFRE NO AR

Nesse dia de 31 de março de 1964 (na verdade o golpe foi 1º de abril – dia da mentira), o general Olympio Mourão (o outro) desceu a serra de Juiz de Fora (MG) e começou a quebrar com toda ordem constitucional, em nome de uma salvação ilusória de tirar o país das trevas comunistas. Foi o maior atentado à democracia no Brasil que, de início, com uma propaganda midiática dos Estados Unidos de uma Guerra Fria, contou com a adesão de uma camada de civis, da Igreja e até da Imprensa.

Um ano depois, em 1965, esses apoios foram sendo retirados porque a nação se sentiu traída (prometeram eleições livres), e piorou mais ainda com o AI-5, de 13 de dezembro de 1968. Cinquenta e sete anos depois, infelizmente, estamos sentindo esse mesmo cheiro de enxofre no ar, com os generais fazendo Ordem do Dia, negando toda a história, e assegurando que foi um movimento marco da democracia.

OS TORTURADOS POLÍTICOS

Eles poderiam, pelo menos, respeitar a memória dos torturados políticos mortos nos porões fúnebres da ditadura civil-militar (fuzilados e esquartejados) e dos seus familiares que até hoje ainda choram pelos seus entes queridos. Deviam respeitar, pelo menos, esse momento terrível de pandemia da Covid-19 que já matou quase 320 mil brasileiros, uma população inteira de Vitória da Conquista. Eles hoje, que estão encastelados no governo, têm uma grande parcela de culpa por essa mortandade que poderia ter sido evitada.

Monumento na Praça Tancredo Neves, em Vitória da Conquista, em homenagem aos tombados durante a ditadura civil-militar de 1964. Foto do jornalista Jeremias Macário

Eles deveriam respeitar as famílias enlutadas e focar suas energias autoritárias para reparar seus erros, e adquirir vacinas suficientes para imunizar toda nossa população. Não é hora de ficarem ai dividindo e tentando reescrever nossa história, com levianas mentiras. Tudo isso é por conta de uma anistia (1979) que não teve reparação das atrocidades cometidas e deixou as feridas abertas em nossos corações dilacerados.

De lá para cá, o nosso país nunca mais foi o mesmo, vivendo uns altos e baixos em seu desenvolvimento econômico, educacional e social, culminando com esse caos de atraso político ideológico fascista, com cheiro de enxofre no ar. Esse seria o momento de reconciliação, de paz e não de criar mais ódio, intolerância e divisão entre um povo tão sofrido.

Não é momento, e nunca será, senhores generais, de comemorar um passado que só nos deixou más recordações, não importando seus argumentos inconsistentes e não convincentes. Pelo menos, lembrem, senhores generais, que foi um passado de sangue, e mirem nos exemplos dos nossos países vizinhos (Uruguai, Argentina, Chile, principalmente) que puniram os torturadores, e não tentam hoje mudar suas histórias.

É muito estranho a saída de três generais de comando das forças armadas de uma só vez, isto depois do processo de redemocratização há pouco mais de 30 anos. O ministro da Defesa, que foi exonerado, não estava alinhado ao pensamento do capitão-presidente que queria decretar estado de sítio no país, e continua com a maldita ideia de uma intervenção militar, fora os seguidores aloprados que defendem uma reedição do AI-5, ou sei lá, um AI-6.

Infelizmente nossa juventude, que pouco conhece sobre nossa história, e gente inclinada ao autoritarismo, entram na onda da negação de que não houve uma ditadura no Brasil que matou mais de 500 pessoas e torturou milhares que contestaram o regime dos generais dos cincos governos militares.

Não sabem que houve um golpe dentro do golpe, em 1968, com total censura à imprensa, corte dos direitos civis, cassação dos políticos em geral considerados subversivos e fechamento do Congresso Nacional. Naquela época, não se podia nem realizar reuniões, e a ditadura dizia ter o poder de adentrar no pensamento individual.

Hoje, eles falam em movimento e até revolução, argumentando que as forças armadas foram chamadas pelos civis, pela Igreja (pátria, família e tradição) e pela mídia, para manter a ordem ameaçada pelo totalitarismo comunista. No entanto, esquecem de dizer que entre meado e final dos anos 60 para início dos 70, praticamente todos esses setores da sociedade se arrependeram do apoio e se posicionaram contra as barbaridades do estado de exceção.

O CONSUMIDOR SEMPRE LEVA A PIOR

Nesse Brasil, que precisa renascer das cinzas, tem leis e estatutos para tudo, mas são todos faz de conta, como o do consumidor que continua sempre levando a pior. O desrespeito é ainda maior quando se trata de empresa estatal, e olha que nos ensinam que ela é pública e nossa. Vivemos numa mentira.

Primeiro a senhora Embasa aumenta minha conta de água em mais de 100%, com mais de 50,00 reais de taxa de esgoto. Foi uma porrada no meu parco orçamento. Eu e minha esposa passamos quase uma semana tentando ligar para agendar uma reclamação pessoal (pelo menos para saber o motivo da escorcha), mas é aquela velha história que todos já conhecem.

UMA SEMANA

O telefone da empresa quase sempre não atende. Foram várias tentativas durante um dia, que perdemos a conta. Continuamos insistindo até que deu sinal de vida, mas com aquela musiquinha de deixar os nervos à flor da pele. Do lado de lá, a atendente disse que ia colocar nossa reclamação na fila. Esperamos por uma semana e nada de uma resposta positiva. Ao todo, foi uma semana nessa labuta.

Na insistência, começamos todo processo novamente. Pelo site da internet não obtivemos fazer o agendamento. A coisa sempre emperra no final do cadastro quando você começa a se sentir aliviado e contar vitória. Talvez o Brasil seja o único país do mundo onde essa tecnologia virtual para solucionar problemas não passa de uma miragem no deserto.

Voltamos, então, ao sistema do telefone. Outra via cruxis e tome tempo. Depois de muita luta, burocracia de documentos e sofrimento, com a musiquinha nos irritando no ouvido, saiu uma voz de lá do fim do túnel e marcou analisar a reclamação no dia 6 de abril. Sinceramente, não confiamos que a empresa faça uma revisão e venha dar uma satisfação.

Desde o início de março que estamos nessa luta para saber o porquê da senhora Embasa ter elevado a cobrança do nosso consumo de água (duas pessoas e sem vazamentos nas torneiras) em mais de 100%. Estivemos na sede da empresa e apenas nos deram um papelzinho onde está escrito agendamento pelo SAC Digital (aplicativo ou site www.sacdigital.ba.gov.br) telefone 0800 0555 195 whatsapp (71) 99613-2858 site agenciavirtual.embasa.ba.gov.br.

Tente ser atendido e fazer uma agenda por esses meios virtuais. É mais fácil ganhar na loteria. Depois de um tempo, o usuário fica com seu sistema neurológico e psicológico em frangalhos. Se não se controlar, é capaz de baixar no hospital, mas lá não tem mais vagas por causa da Covid-19. Passamos no SAC e nos informaram que, com essa pandemia tinha que fazer o agendamento virtual. Ocorre que você não consegue e não tem a quem apelar.

Além dessa pandemia que deixou mais gente pobre passando fome, o brasileiro está sendo massacrado por todos os lados com os aumentos sucessivos da gasolina, na conta de água e luz, nos preços dos alimentos e até do IPTU municipal de Vitória da Conquista que também sofreu um acréscimo superior a 50%. A situação é cada vez mais crítica e a gente sente um cheiro de enxofre no ar.

Todos os dias temos que acompanhar as notícias de hospitais superlotados, cemitérios em atividades até durante a noite para dar conta dos enterros, vacinas aos tiquinhos, técnicos da saúde simulando imunizações e o Palácio do Planalto com seus generais arquitetando tramas macabras.

O CINISMO AGORA SE RESOLVE COM UMA SIMPLES DESCULPA

Primeiro o cara é cínico, falso, mentiroso e hipócrita e depois é só pedir desculpas que tudo fica numa boa. É uma tremenda cara de pau desses políticos, como a do governador do Rio de Janeiro, que deu uma tremenda festa em seu aniversário, provocando aglomeração, e o pior, todo mundo sem máscara, inclusive os empregados que fizeram os come-bebes.

O cinismo foi tão escancarado que dias antes ele fez um pronunciamento em público recomendando que as pessoas não dessem festas, mantessem o isolamento social e usassem máscaras. Fez o contrário do que mandou e, com a cara mais limpa, deu umas desculpas fajutas e pediu desculpas. Em outro país sério seria imediatamente afastado do cargo, preso e até executado. Aqui não acontece nada.

Entrou na moda a onda das desculpas onde o sujeito fala barbaridades, discrimina os outros, pratica o racismo, a homofobia e depois pede desculpas. Essa nova mania logo vai estar chegando aos ladrões corruptos. Primeiro o cara rouba e depois pede desculpas. Todo mundo esquece.

É mesmo um Brasil que precisa renascer das cinzas, com um novo conquistador para as coisas darem certo. Tudo tem que começar do zero, mas o tempo não volta, meu amigo. Tem que nos contentar com o que temos de pior na política mundial, mas isso é um outro assunto numa outra oportunidade.

Como já estamos nessa linha, vamos dar um pulo até o Planalto, cujo capitão-presidente está agora sendo encurralado pelo “Centrão” do Congresso Nacional. Na pressão pela cabeça do brucutu do Ministério das Relações Exteriores, para enganar os bestas, ele entrou num acordo e mudou seis peças, ou melhor, remanejou-os.

Pelo andar da carruagem, ele insiste na ideia macabra de uma intervenção militar (vivemos um misto de democracia e militarismo), ou uma ditadura mesmo. O afastamento do ministro general da Defesa por outro general não tão legalista, Braga Neto, vai nessa direção. O outro criticava os colegas da ativa em cargos no poder executivo, e condenava qualquer intromissão das forças armadas em questões políticas.

Pelo visto, ainda vivemos com uma espada na cabeça, pois esses conluios com políticos cínicos do troca-troca, do dá lá, dá cá, como do naipe do governador do Rio de Janeiro, nos provocam arrepios, ou calafrios na espinha. Com o encurralamento, na base do tudo tem limites, o capitão, em seu inferno astral da reprovação e dos panelaços, deu um recuo, e até passou a usar máscaras. Disse que ia comprar 500 milhões de vacinas. Não dá para confiar.

Com o novo ministro da Saúde, ele negociou as máscaras e os protocolos pela cloroquina e o não isolamento social, que são suas bárbaras bandeiras negacionistas, tanto que o Queiroga sai pela tangente quando indagado sobre esses assuntos.

Até quando vai perdurar essa sutil mudança do capitão? Não quero ser mais uma vez, como tem gente que assim me trata, um espírito de porco, mas coisa ruim pode vir por aí, quando se trata de um desequilibrado que não tem a mínima competência para governar um país, principalmente nesse quadro de pandemia devastadora.

 

 

OS ASTECAS, OS INCAS E AS DOENÇAS

Depois das três expedições do navegador Cristóvão Colombo, no final do século XV pelas terras das Américas Central e do Sul (Ilha Hispaniola – Haiti e Venezuela), atrás dele vieram os desbravadores espanhóis que penetraram no interior dos reinos dos astecas, maias e dos incas, disseminando as piores doenças (as armas mais letais) que exterminaram metade dessas nações.

Está no livro “Uma Breve História do Mundo, de Geoffrey Blainey, que em 1517, o navegador Grijalva saiu de Cuba e visitou várias cidades portuárias do continente. Na volta trouxe notícias dos rumores do Império de Montezuma II, no México, (em redor de um lago). Era temido e odiado pelos maias, mas o audacioso Hernán Cortés, com 34 anos, não muito preparado em guerras, foi lá enfrentar a fera.

Partiu de Cuba em novembro de 1518, com 530 europeus dentre os quais 30 especialistas em atirar com besta (arma medieval). A maioria de seus soldados tinham mais experiência com arcos e flechas. No navio levava centenas de índios cubanos e escravos africanos. A maior surpresa estava nos 16 cavalos que foram vistos em seu desembarque como se fossem deuses.

Na páscoa de 1519, Cortés passou três semanas na cidade de Potonchán onde foi erguida uma cruz cristã. Nela, como narra o autor da obra, o aventureiro foi presenteado com uma mulher de nome Marina que lhe serviu de intérprete na jornada. A cidade de Montezuma, chamada de Tenochtitlan (México) ficava no caminho entre o Oceano Atlântico e o Pacífico, numa altitude e 2.500 metros.

Conhecer a cidade de cerca de 200 mil habitantes (uma das maiores do mundo) era uma visão extraordinária. Em pleno planalto, um lago, e ao longe umas pirâmides de pedras. Naquela época, somente Constantinopla e Nápoles tinham igual tamanho.

O império abrigava em todo seu território, não muito grande, cerca de oito milhões de nativos que se destacavam nas artes da construção, arquitetura, na agricultura e como ourives. Cultivavam o feijão, o milho e abóbora. Criavam perus e patos-do-mato.

O sacrifício de vidas humanas fazia parte do calendário da cidade asteca, e era mais parecido com uma carnificina do que com um festival religioso. A maioria das vítimas era constituída de homens. Um século anterior, esse ritual tornou-se mais frequente. A vida após a morte era vista como mais importante, e a execução era feita com muita dramaticidade pelos sacerdotes. O ato chegava a ter a acolhida dos pais, na maioria pobres, que entregavam seus filhos. O coração era habilidosamente arrancado do corpo e depois queimado em cerimônia, segundo o historiador Geoffrey.

A invasão de Cortés contou muito com o apoio de povos vizinhos que odiavam os astecas. Ele chegou até mesmo a ganhar ajuda de astecas que estavam no comando e que pensavam, quando o espanhol chegou em 1519, que fosse a reencarnação de um deus por quem a muito eles esperavam. Montezuma humildemente se rendeu, e Cortés assumiu o poder do império.

OS INCAS E AS DOENÇAS

Bem mais ao sul, na região montanhosa dos Andes, havia outro império mais novo, governado por um imperador conhecido como o Inca. Suas cidades contavam com um escudo protetor de montanhas e desfiladeiros. A região começou a se agitar por volta de 3000 a.C. quando domesticou a lhama, a alpaca e o porquinho-da-índia. Mil anos depois, seu povo começou a cultivar milho e batata.

Na época de Cristo, esses nativos de Nazca já cavavam túneis nas encostas dos morros, ao sul do Peru, com a intenção de desviar os lençóis subterrâneos para a irrigação. A construção dos terrenos para a agricultura e os aquedutos era um trabalho admirável.

Por volta de 1400 existia uma profusão de estados separados, muitos dos quais ocupavam os vales e as encostas. A paisagem acidentada facilitava o isolamento entre eles, com 20 línguas distintas e cerca de 100 grupos étnicos.  Nessa época, uma superpotência começou a lutar pela sua supremacia.

Os conflitos entre as nações chegaram a danificar os projetos de irrigação pelos vencedores que levavam mulheres e crianças como prisioneiras. Nessas guerras, os incas chegaram a ser superiores, expandindo seus territórios a partir de 1438.

Originários da região de Cuzco (atual Peru), os incas chegavam a cerca de 40 mil. Depois de uma sucessão de lutas, governaram uma população de mais de 10 milhões de pessoas, isto por volta de 1492. Seus domínios iam da Colômbia e Equador até a região central do Chile. “Hoje, cinco repúblicas independentes ocupam o território um dia governado por eles”.

O império era unido por uma grande rede de estradas, espalhadas por mais de 23 mil quilômetros, até mais notáveis que as do tempo do Império Romano e as construídas pelos chineses. Com pontes seguras, serviam para transportar mercadorias e como vias por onde passavam os soldados para patrulhar alguns pontos estratégicos.

O sol, como fornecedor de calor, era visto como amigo (a vida após a morte era vivida sob seu calor). A lua era tida como outro deus. Como deus masculino, o sol regulava o calendário que começava em dezembro, e tinha sua planta favorita, cujas folhas produziam a coca que possuía qualidades espirituais. Dessa planta vieram a droga cocaína e o aditivo que até 1905 fazia parte da receita do refrigerante Coca-Cola.

Na sociedade inca, as mulheres vinham em primeiro lugar e tinham a lua como a deusa da fertilidade. Seu direito à propriedade era respeitado. O papel econômico era tão honrado quanto ao dos homens. Nos rituais religiosos praticavam o sacrifício de animais (lhama e o porquinho-da-índia) e também o de seres humanos quando se ia à guerra e para pedir chuva em tempos de seca.

Com o tempo, os incas aprenderam a cultivar a batata, o tomate, feijão, o caju, o amendoim, a coca, pimentas, a abóbora e a mandioca. Seu império começou a se desmoronar com a chegada dos espanhóis no início do século XVI. “A maior influência veio na forma de doenças que se alastraram entre os povos”, inclusive vitimou o imperador por volta de 1525 quando retornava de uma guerra.

Com o seu falecimento, as discórdias provocaram uma guerra civil, mesmo antes do verdadeiro inimigo chegar. Os incas lutaram entre si sem saber que um inimigo poderoso, os espanhóis, estava a bater em suas portas. Na verdade, as doenças foram mais letais que as armas. Quando Cristóvão Colombo chegou às Américas, a varíola já era comum na Europa. Em 1519, a doença já havia atingido o Haiti, ou ilha Hispaniola.

“Era uma arma secreta e não intencional dos soldados espanhóis que, sob o comando de Francisco Pizarro, partiram do Panamá para conquistar os incas”. Em novembro de 1532, os espanhóis capturaram o imperador Atahualpa,

Antes disso, em 1530 a varíola já havia feito grandes estragos, desde a Bolívia até os Grandes Lagos, no norte. Em seguida vieram o sarampo e o tifo que eram doenças novas para os espanhóis. Na leva vieram a gripe, observada nas Américas em 1545, a coqueluche, a difteria, a escarlatina, a catapora e a malária .

 

 





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