abril 2024
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  

:: ‘Notícias’

O CRUZAMENTO MAIS LOUCO QUE JÁ VI

Estava eu ali, por acaso, em Marrakechi ou em Casa Blanca, no Marrocos, Islamabad, no Paquistão, Cabul, no Afeganistão, em Nova Délhi, na Índia dos coches de três rodas entre aquela multidão, em Bangcoc, na Tailândia, em Bangladesh, em Colombo, no Siri Lanka, em Cairo, no Egito, em Mianmar, na Ásia, ou em outros países árabes e africanos onde o tráfego é um samba de crioulo doido e de equilibristas numa corda bamba?

De Vitória da Conquista atravessei vários sertões secos entre mandacarus, cactos e quiabentos até chegar em Juazeiro da Bahia, terra do “Velho Chico, das frutas irrigadas e também do bode. Era final de tarde da última quarta-feira, num calor preguento insuportável de rachar a cuca, depois de viajar mais de 800 quilômetros. Suado e “morto de cansado” fui logo colocando o carro na garagem do hotel.

É uma luta constante por espaço no cruzamento mais perigoso e  maluco. Fotos de Jeremias Macário

O corpo pedia uma gelada, mas a primeira obrigação era visitar minha filha Cíntia. Lá pelas 18 horas sai cheirando e farejando um boteco qualquer para refrescar o esqueleto. Não é que me deparei num barzinho no cruzamento da Avenida Adolfo Viana com as transversais da rua Antônio Pedro e da Henrique Rocha, no centro! Estava armado o meu palco e pedi logo aquela “loira”.

É aqui que vou me abancar para relaxar um pouco, e claro, tomar aquela cerveja gelada – pensei. Da lateral observei o trânsito engrossar o caldo na hora do rach no asfalto ainda quente. Com ainda minha sensibilidade jornalística, apesar de meio enferrujado, descobri que estava em frente de um cruzamento mais maluco e louco do Brasil, quiçá do mundo.

Aqui é um verdadeiro laboratório de erros, infrações, imprudências e em meio a todos os riscos de acidentes, batidas e atropelamentos – imaginei comigo mesmo. Lamentei não estar com a minha companheira máquina fotográfica para registrar aquela maluquice.

Sem semáforo, e só com uma faixa de pedestre na Adolfo Viana, os veículos pequenos, caminhões, ônibus, carroças, motos, bicicletas, pedestres, praticantes de coper, de skeite e caminhadas entram em cena em todas as direções e embola tudo, cada um procurando se defender e driblar a confusão. Em frente, direita, esquerda e até os motoqueiros se aventuram na contramão pela rua Antônio Pedro.

Cada passagem de pedestre para atravessar o cruzamento maluco é um lance de filme de suspense de um atropelamento a qualquer minuto, ou uma batida de veículo. Cada um faz sua manobra e seu malabarismo mais arriscados de superações, e os “atletas” do exercício físico correm no meio da avenida entre os carros. Nunca tinha visto tanta loucura num lugar só, como num circo de equilibristas no globo da morte. Não conseguia parar de olhar o show de perigos, e até a gelada esquentava no copo.

SÓ COM SERRA OU DINAMITE

Depois de um dia sem almoçar e comer direito, batendo volante, deu aquela fome e ai pedi mais uma à mulher do bar e um tira-gosto de moela. Enquanto isso, me fixava no “espetáculo” daquela balbúrdia onde até cachorros e gatos faziam suas demonstrações no cruzamento mais doido que já vi. A fome apertava, e a moela nada de sair.

A dona do estabelecimento explicou ter faltado gás, mas que aguentasse um pouco e logo o pedido estaria pronto. Mais uns 20 minutos de espera e chegou o petisco, só que tomei um susto danado quando vi aquela moela sapecada na fritura, mais dura que lajedo de bater roupa suja ensaboada.

Tentei cortar com a faca aquela iguaria que sempre é cozida por sua formação natural, para ficar mais mole e palatável. Desisti de brigar com a moela que só poderia ser cortada com uma serra, ou dinamitada. Para não perder a parada, tracei a farofa e o vinagrete. Nunca tinha visto uma moela fritada daquele jeito. Impossível de comer, principalmente na minha idade. Uma covardia! Imaginei que fazia parte do trânsito maluco. Solicitei um serrote, mas ela nada entendeu.

Bem, como sou teimoso e não sou de deixar trabalho inacabado, voltei no outro dia ao mesmo bar, no mesmo horário, com minha máquina fotográfica para registrar a lambança, mas nada de moela. Para completar, ainda convidei minhas sobrinhas Iana (jornalista) e Jaissa para testemunhar e assistir ao show do trânsito naquele cruzamento infernal e deixar meu recado para o senhor prefeito, de que faça alguma coisa para que prejuízos e vidas sejam poupados. Evite uma tragédia, senhor prefeito!

O que presenciei é simplesmente uma vergonha para uma cidade do porte de Juazeiro, cidade produtiva de João Gilberto, onde já fiz muitas noitadas de curtições com companheiros amigos, e adoro abraçar o “Velho Chico”, mesmo maltratado pelos homens, que sempre sugaram de suas riquezas sem revitalizá-lo.

OS BISCOITOS QUE CORREM MUNDO

Vitória da Conquista já foi chamada de a capital das flores, do frio, da cultura que não tem tido o incentivo merecido, a Suíça Baiana e até, negativamente, dos quebra-molas, mas uma vem se consolidando como grandiosa nas mãos de artistas da culinária, que é a “capital dos biscoitos” que tem atraídos moradores de variadas regiões e corrido o mundo pela suas diversidades e sabor.

Tudo começou com poucas barracas há cerca de 40 ou 50 anos na feira do Ceasa, no centro da cidade, e sempre ia lá comprar minhas guloseimas quando aqui cheguei em 1991. Outros falam que o processo de fabricação veio das gomas de beijus das casas-de-farinha, no Bairro do Campinhos. Não importa. Só sei que gostei das iguarias deliciosas, principalmente no café da manhã.

Hoje as casas, ou lojas de biscoitos, estão espalhadas por toda parte da cidade, especialmente no centro, e tem de ximango (pequenos e grandes), avoador, com temperos de coco, goiaba, pimentinhas, sequilhos, crocantes, amendoins, salgados e doces e tantas outras variedades para todos os gostos. Tem os tradicionais beijus temperados, com preços de cinco reais o saquinho e a quilos para quem quer comprar em quantidades para revender lá fora, ou oferecer aos amigos como presentes.

Para onde viajo sempre me pedem para levar os biscoitos de Conquista e faço com prazer quando sobra uma graninha, que o dinheiro anda muito escasso nesses dias difíceis do Brasil. Eles foram sendo divulgados de boca em boca e hoje são levados por visitantes e turistas de outros estados e até do exterior. Os produtos correm mundo, mas ainda precisam de mais propaganda e um selo de qualidade reconhecido pelos órgãos do poder público.

A grande maioria dos biscoitos, ou, na sua quase totalidade, é comercializado por micros e pequenas empresas, como os de dona Isalda que há 36 anos vende seus produtos tão procurados no Ceasa. Tem também a barraca da Zinha. O negócio tem sustentado muitas famílias e gerado emprego, sem contar que divulga a capital do sudoeste baiano lá fora. Tem de todo sabor, e cada vez mais aparecem novas fórmulas para agradar o paladar dos consumidores. O certo é que os biscoitos de Conquista se tornaram famosos.

LUZES DA CIDADE ENCANTAM CONQUISTA

Não é nenhuma Paris milenar das luzes que inspiraram poetas, escritores e filósofos conhecidos no mundo inteiro, mas a iluminação poética de Natal da Praça Tancredo Neves (antiga Praça das Borboletas), em Vitória da Conquista, superou as expectativas dos moradores e visitantes. Verdade seja feita, porque nos três últimos anos foi um fracasso, e nem merecia ser mencionada.

Para abrilhantar a festa teve ainda o “Toque Brasileiro”, na Praça 9 de Novembro, com shows musicais, projeto realizado pela TV Sudoeste todos os anos. Foi mais um sucesso, e na semana do Natal entra a programação de shows da Prefeitura Municipal com artista da terra.

Quanto a iluminação, o que mais chamaram a atenção foi a técnica empregada no jogo de luzes com várias cores nas árvores e a ocupação em locais mais vazios, com enfeites deslumbrantes. O final de tarde, com o pôr-do-sol refletindo no jardim, deixa tudo mais encantado, e as opiniões são unânimes sobre o trabalho da Prefeitura Municipal. Logo ao cair da noite vão chegando as famílias com as crianças, e a “princesa” faz sua pose de menina bonita para os fleches dos celulares e das máquinas fotográficas profissionais.

Não vou aqui fazer comparação com outros governos passados para não abrir espaços para politicagens baratas que o Brasil já está cheio disso, mas visitem a Praça Tancredo Neves, se deleitem e façam seus comentários. A mudança do presépio para o novo calçadão em frente da Catedral foi outra inovação digna de elogios onde as pessoas circulam livremente.

Não importam as milhares de lâmpadas colocadas na praça, se não houver criatividade de encantar e tornar tudo mais poético e emocionar os corações de quem passa pelo local, a quantidade passa despercebida. Vamos esperar que no próximo ano saia ainda melhor, como aquele saudoso conjunto de Salvador “Para o ano sai Mió”. Se houve um concurso de praças mais bem iluminadas da Bahia, talvez Conquista fosse o destaque, junto com o Campo Grande de Salvador.

CONTRASTES

Sobre os calçadões, sempre tenho dito que o centro da cidade deveria receber esta pavimentação para dar espaço de vida para o ser humano, e banir a circulação de carros nas imediações. A parte baixa da praça merecia ser calçada para fechar o jardim como um todo. Outros locais que poderiam ser fechados são o beco da Lotérica com o extinto Hotel Livramento e toda a Praça Barão do Rio Branco com aquele amontoado de carros que impedem as pessoas circularem livremente. Como está hoje, a praça é feia e ingrata.

Os calçadões, bem urbanizados e arborizados dão outra vida à cidade e beneficiam, não somente os visitantes e moradores, mas também os lojistas, principalmente os mais resistentes às mudanças, que vão ter mais clientes passeando e comprando, com mais tranquilidade. Quem tiver seus carros que se virem nos estacionamentos, ou em outras vagas um pouco mais distantes. As pessoas precisam caminhar mais, se descontrair e apreciar as belezas da cidade, sem a fumaça dos infernais veículos.

Podem me chamar de morde e assopra, mas, a verdade deve ser dita. Como contraste da cidade, fica aqui, lamentavelmente, minha crítica ao “Cabeça de Porco” do Terminal Lauro de Freitas, com aquela poluição visual, sonora e o fumacê dos carros com a fuligem sufocando os usuários de ônibus e os passantes. Aquilo ali é a pior imagem de Conquista e não deveria mais existir.

Em seu lugar, deveria ser construído outro calçadão com quiosques e espaços para os artistas expressarem seus trabalhos, com exposições de livros, declamações de poemas e cantorias diversas, principalmente da cultura popular do cordel e outras linguagens. Tenho horror passa por ali, e só o faço quando não tenho outro jeito.

Outra praga de Conquista são os quebra-molas que atormentam os motoristas, e o pior de tudo é que cada vez aparecem mais. Em seu lugar existem os semáforos, radares e sinalizações. Os chamados redutores de velocidade, nome mais decente para não falar em quebra-molas, são coisas antigas banidas pelo Código Nacional de Trânsito.

Conquista já foi chamada de capital das flores e agora dos biscoitos, mas, infelizmente, é também a capital dos quebra-molas, que irritam, e mais servem para quebrar os carros, como o próprio nome já diz tudo. Basta haver um acidente numa rua ou transversal, e lá vem a prefeitura com aquelas barras de concreto armado. Enfeiam as avenidas, especialmente as mais novas e reformadas. Passar, por exemplo, nas avenidas Integração e Juracy Magalhães é um tormento.

VELHO CHICO

Para variar minha crônica, estou nesta semana em Juazeiro-Petrolina, e a primeira coisa que fiz foi visitar de perto o meu abençoado “Velho Chico” e fazer uma prece para que este moribundo não morra. Quando ali estava no cais, perto da ponte que liga as duas cidades, encontrei com um paraibano da cidade de Souza que também estava apreciando suas belezas, apesar de tão maltratado pelos vândalos que deveriam ter suas cabeças degoladas e enterradas numa vala dos esquecidos.

Vi esgotos, lixos e muito mato em suas margens, e suas águas baixas correndo sem as forças de antigamente. Pensei com o novo companheiro paraibano o quanto o São Francisco já deu e sustentou o povo nordestino. Nos últimos anos só fizeram sugar mais e mais dele, que nem mais dá peixes e não apresenta aquela exuberância da mata ciliar e a limpeza para o habitat dos peixes. Os ribeirinhos o olham com lágrimas nos olhos, lembrando dos velhos tempos de abundância.

Não adianta universidades, biólogos e cientistas zerem pesquisas, se os resultados negativos não forem corrigidos com a revitalização do rio em estado terminal, estupidamente agora com um governo imbecil que não importa com o meio ambiente. O beócio chama a menina ativista de pirralha, e assim o Brasil vai se isolando do resto do mundo. Aliás, este governo é uma piada que envergonha o país e o mundo.

 

UMA MENSAGEM DO ARTISTA EDMILSON AO NOSSO SARAU A ESTRADA

O grande amigo escultor e artista Edmilson Santana não pode comparecer ao nosso “Sarau A Estrada”, no último sábado (dia 07/12), cujo tema foi “A História da Música Brasileira, porque estava envolvido com outros compromissos, mas nos enviou uma bela mensagem de incentivo ao nosso trabalho cultural. O evento colaborativo, que contou com a participação de cerca de 40 pessoas, teve também o patrocínio da cerveja artesanal “Serra Santa”, e aqui vai o agradecimento de todos pelo apoio.

Sobre a sua ausência, o artista Edmilson disse que gostaria muito de ter participado do sarau, mas estava em outra “diligência” no sábado à noite. Prosseguindo em sua mensagem de saudação e estímulo, destacou que é “bom saber que tem um Centro Cultural que pulsa, que põe assunto na roda, na arena, assuntos que são flechados e que reagem”.

Mais adiante, afirmou que é “muito bom saber que esse lugar passou a ser um ponto de luz. Isso é muito importante no momento onde estão tentando apagar os vagalumes daqueles que têm luz própria, lampiões, lamparina e lanternas. Querem desligar o contador. Então, na casa de Jeremias, não é de Mãe Joana. Isso é muito bom”.

Finalizando seu recado ao grupo, o artista deixou registrado seu abraço, “com uma vela, ou protegendo o fogo com as mãos, para manter, de alguma forma, uma chama acesa e, sempre que posso, para riscar uma faísca, ou uma fagulha que seja. Um abraço apertado a todos, do tamanho das pessoas que ai estiveram”. Como já disse o poeta Jesier Querino, “um abraço grande e apertado igual a parafuso de roda gigante”.

O Sarau A Estrada e todos participantes agradecem a mensagem de carinho enviada pelo artista Edmilson, e esperamos, de coração, que ele esteja presente em nosso próximo evento no início do ano 2020 quando as nossas noites culturais estarão completando dez anos em julho, com uma grande festa de comemoração.

 

“A HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA” FECHA OS SARAUS DO ANO 2019

Foi com sucesso e a participação de cerca de 40 pessoas, que o tema “A História da Música Brasileira” encerrou as atividades do ano 2019 dos saraus realizados no Espaço Cultural A Estrada. O músico, cantor e compositor Alex Baducha falou sobre o assunto, com pontuações e considerações do professor Itamar Aguiar, Clovis Carvalho, Benjamim Nunes, jornalista Jeremias Macário, dentre outros presentes no evento.

Em seu formato, o “Sarau A Estrada”, que completou nove anos de existência, sempre é aberto com um tema principal, seguido de cantorias musicais, declamações de poemas e causos. O do último sábado (dia 07/12) seguiu nessa mesma linha, num clima descontraído e fraternal de final de ano onde todos colaboram com bebidas e comidas. O diferencial deste último do ano foi a presença de muita gente nova que frequentou o sarau pela primeira vez e saíram entusiasmados com o que viram, prometendo retornar nos próximos em 2020, quando completará dez anos.

Sempre recebidos pela anfitriã Vandilza Gonçalves, a noite cultural varou a madrugada aos sons da viola do cantor, poeta e compositor Walter Lajes, além de Jaime Kobra e a cantora Marta Moreno. Alex Baducha também apresentou suas cantorias na abertura dos trabalhos. Os causos ficaram por conta de Jhesus e Nunes. A atriz Edna Brito declamou um poema de Laudionor Brasil.

Tivemos ainda as presenças de Evandro Gomes e sua esposa Rozânia, Jovino Moreira, Tânia Gusmão, Rosângela Oliveira, João Bezerra,  Céu, o fotógrafo José Carlos D´Almeida, Neide, professora Guiomar, José Carlos, Lucas de Carvalho, Geovana, do escritor Geovany Cordeiro, que sorteou dois livros seus, Sarah Carvalho, Clovis Bulhões, Richardson, Caroliny, Clélia Bulhões, dentre outros. Todos curtiram o evento cultural e tiveram participação ativa nos bate-papos, acompanhados do vinho, de umas cervejas geladas e tira-gostos de salgados e galinha caipira.

A música brasileira e suas origens

O palestrante da noite, Alex Baducha, fez um longo apanhado sobre a grandiosidade da música brasileira e suas origens. Em seu trabalho de pesquisa destacou que a A música do Brasil é uma das expressões mais importantes da cultura brasileira. Formou-se, principalmente, a partir da fusão de elementos europeusindígenas e africanos, trazidos por colonizadores portugueses e pelos escravos.

Até o século XIX, de acordo com seu estudo, “Portugal foi a principal porta de entrada para a maior parte das influências que construíram a música brasileira, tanto a erudita como a popular, introduzindo a maioria do instrumental, o sistema harmônico, a literatura musical e boa parcela das formas musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, ainda que diversos destes elementos não fossem de origem portuguesa, mas genericamente europeia. A maior contribuição do elemento africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos, a exemplo do maracatu, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música popular e folclórica. O indígena, praticamente, não deixou traços seus na corrente principal, salvo em alguns gêneros folclóricos de ocorrência regional.

A partir de meados do século XVIII se intensificou o intercâmbio cultural com outros países além da metrópole portuguesa, provocando uma diversificação, como foi o caso da introdução da ópera italiana e francesa, das danças como a zarzuela, o bolero e habanera de origem espanhola, e das valsas e polcas germânicas, que se tornaram vastamente apreciadas. Com a crescente influência de elementos melódicos e rítmicos africanos, a partir de fins do século XVIII, a música popular começou a adquirir uma sonoridade caracteristicamente brasileira, que se consolida na passagem do século XIX para o século XX principalmente através da difusão do lundu, do frevo, do choro e do samba.

No século XX verificou-se um extraordinário florescimento tanto no campo erudito como no popular, influenciado por uma rápida internacionalização da cultura e pelo desenvolvimento de um contexto interno mais rico e propício ao cultivo das artes. É o período em que a música nacional ganha também em autonomia e identidade própria, embora nunca cessasse, e de fato crescesse, a entrada de novas referências estrangeiras.

A produção de Villa Lobos é o primeiro grande marco do brasilianismo musical erudito, mais tarde desenvolvido por muitos outros compositores, e combatido por outros, que adotam estéticas como o dodecafonismo e mais tarde a música concreta e a música eletrônica.

No mesmo período, a música popular ganha o respeito das elites e consolida gêneros que se tornaram marcas registradas do Brasil, como o samba e a bossa nova, ao mesmo tempo em que o rock e o jazz norte-americanos são recebidos no país com grande sucesso, adquirem feições próprias e conquistam legiões de fãs. Gêneros regionais de origem folclórica como a música sertaneja, o baião, o forró e vários outros também ganham força e são ouvidos em todo o território nacional”

Músicas da época da ditadura

O jornalista e escritor Jeremias Macário fez algumas intervenções citando curiosidades  da Bossa Nova, do Tropicalismo e da Jovem Guarda, destacando, principalmente, as músicas do período da ditadura civil-militar de 1964 a 1990. Para driblar a censura, Macário apontou as músicas “Apesar de Você”, de Chico Buarque (1970), que muitos imaginaram se tratar de uma briga de casal, mas fazia referência a uma possível queda dos militares.

Outra música de protesto muito conhecida que virou hino na boca dos estudante foi “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, de Geraldo Vandre (1967), que lhe valeu um exílio na Europa. Também ressaltou “O Bêbado e a Equilibrista”, de Aldir Blanc e João Bosco (1975). “Cálice”, de Gilberto Gil e Chico Buarque foi outra que denunciou o sangue derramado pelos torturados nos porões da ditadura. Foram ainda destaques “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso (1967) e “Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos”, de Roberto e Erasmo Carlos (1971), em homenagem a Caetano Veloso.

 

NO TÚNEL OBSCURO DOS FANTASMAS

As nuvens estão sombrias e pesadas. O tempo está carrancudo e fechado. Não é apenas um eclipse solar com seus fenômenos naturais. Estamos em plenas trevas, num túnel obscuro dos fantasmas do horror da Idade Média de há pouco mais de mil anos onde se queimavam pessoas vivas nas fogueiras das inquisições por causa de suas ideias libertárias e suas religiões diferentes. A ciência e as letras eram vistas como bruxarias satânicas do mal. As obras eram como inimigas que tinham o destino do fogo em praças públicas. Seus autores excomungados, e a liberdade de se expressar, um crime hediondo a ser castigado.

O quadro do obscurantismo extremo da irracionalidade e do medo pode ser considerado como exagerado. Então avancemos para o século XX, por volta da década de 30 na Alemanha arrasada que, para se salvar, abraçou o nacionalismo nazifascista com marchas de ódio racista, homofóbica e xenófoba contra judeus e outras minorias. Também lá a violência e a estupidez começaram aos poucos em doses homeopáticas, e quase ninguém resistia e reagia. Os livros e as artes contrários ao regime tinham o destino das fogueiras. O resto muita gente sabe o que aconteceu: O extermínio e a fuga desesperada para se livrar dos massacres.

Estamos agora em pleno Brasil do ano de 2019 com um governo de ideias obscuras ultraconservadoras que está massacrando as poucas conquistas, a nossa cultura, os negros, os indígenas, o meio ambiente e as minorias discriminadas. Com sua senha extremista, está disseminando a matança soldadesca e instigando o ataque às artes, consideradas pelo novo regime antidemocrático, como satânicas, sexistas e influenciadoras do analfabetismo e das drogas. É um cenário de escuridão, contra ao qual pouca reação registrada. E assim vai o nosso país sendo esmagado de volta ao obscurantismo da Idade Média e ao fascismo mais recente europeu.

Tantas barbaridades

Nem na época da ditadura civil-militar de 1964 se ouvia tantas barbaridades contra a sociedade como neste governo, no período de um ano, inclusive idiotices arrotadas das bocas pestilentas de deputados, ministros, dirigentes de instituições e governadores que fazem parte da linha retrógrada do presidente que ainda tem a petulância de afirmar que o Brasil vive uma normalidade democrática. Na verdade, uma aparente democracia para preparar o terreno para introduzir o autoritarismo mais na frente. Já proclamaram até que a terra é plana.

Vamos aqui procurar listar alguns absurdos que muita gente não leva em conta por achar que o cara estava fora do seu juízo normal. Todos tocam suas vidas individuais, cegas, surdas e mudas. Mesmo postando do próprio punho nas redes sociais, ou falando de viva voz, muitos, por incrível que pareça, rebatem que é deturpação da mídia, como a do ministro da Educação que chamou os professore de “zebras gordas”. O presidente de cor negra da Fundação Palmares (suspenso por uma liminar de um juiz) escreveu ter a intenção de acabar com o Dia da Consciência Negra, que a escravidão foi “benéfica para os descendentes” e que “não existe racismo no Brasil”, entre outras afrontas ao seu próprio povo. Não vou me ater à questão das cotas porque se trata de um tema polêmico e tolerável do ponto de vista do contraditório.

Na mesma linha da ignorância, de um baixo nível de conhecimento e preparo, o indicado para a Funarte saiu passando o trator na música popular brasileira, nas bandas em geral e no rock, precisamente de que este ritmo leva ao satanismo, ao sexismo e às drogas e de que John Lenon fez um pacto com o diabo (lembra os bluseiros nas encruzilhadas fazendo acordos com o satã). Ele acredita em lenda, e disparou contra Caetano Veloso e outros, de que são responsáveis pelo analfabetismo no país. Coisa de fanático fundamentalista que deixa de queixo caído os degoladores de cabeças do Estado Islâmico, ou qualquer outro grupo religioso ultrarradical.

Pelo andar da carruagem do retrocesso, de criminalizar a cultura, vão mandar tocar fogo na Biblioteca Nacional, nos museus e quebrar todas estátuas e quadros de nudez dos escultores e pintores da época da renascença. Michelangelo, Leonardo da Vinci, Salvador Dalí e outros serão queimados no fogo do inferno. Os artistas são vagabundos e imprestáveis, como no conceito dos mais antigos no início do século passado, e devem ser banidos da sociedade como marginais e bandidos

A secretária dos Direitos Humanos, que sumiu do mapa maldito das ideologias arcaicas, mandou que meninos vistam azul e meninas vistam rosa. Vamos voltar ao tempo de salas separadas de meninos e meninas, vistos que os professores já estão sendo vigiados, e não podem falar da teoria de gênero e nem dar qualquer tipo de orientação aos seus alunos sobre sexo, palavra que vai voltar a ser tabu nas escolas. Os estudantes que, infelizmente, já ignoram nossa história, vão agora aprender que não houve ditadura e nem tortura no regime militar, como prega o “Bozó”, que prefere, por submissão aos ianques, bater continência para a bandeira do Tio Sam.

Reage Brasil!

Estão fazendo picadinhos da nossa cultura e jogando o resto no lixo, com o corte na educação e nos financiamentos para as linguagens artísticas. Participei recentemente de uma festa literária onde a maioria gritou por resistência, e eu ressaltei que além disso tem que haver reação em cadeia, e não ficarmos restritos a alguns pronunciamentos de repúdio, seguidos do silêncio sepulcral, enquanto a tropa nos pisoteiam. Reage Brasil!

Como se não bastasse, como uma forma de ameaça para não haver manifestações e protestos, deputados e ministros, em nome do chefe e dos generais linha dura, falam de retorno do AI-5, se houver agitações. Logo, logo vão qualificar qualquer movimento de contestação como ato terrorista para justificar um novo AI-5 opressor. Como no poema de Maiakovski já estão adentrando em nossos lares para roubar nossa liberdade, mas, quase ninguém dá valor para isso, se a economia melhorar. Que roubem nossas flores do jardim!

Matança e destruição da natureza

Com a senha dada do atira e abate, sem punição, pelo fascismo bolsonarista, foi o ano em que a polícia matou mais cidadãos inocentes (negros e pobres) do que bandidos. Diante do quadro atual, prefiro ser assaltado por um marginal do que ser abordado por um militar, instituição que deveria ser extinta para ser criado outro modelo de segurança, com outra filosofia de trabalho e de respeito ao povo trabalhador.

Com a senha de não priorizar a fiscalização ao meio ambiente, foi o ano dos maiores desmatamentos e incêndios nas florestas, arrasando a Amazônia, que ele acha que é um problema só do Brasil, em nome de uma soberania que não existe, quando se curvou diante das humilhações dos Estados Unidos. O povo ficou ainda mais dividido e intolerante com suas pregações odiosas, como se ainda estivesse em plena campanha eleitoral contra o PT.

Com sua senha homofóbica e misógina, os preconceituosos ficaram mais violentos contra os grupos LGBTs, em ações nazifascistas, ao ponto de agredirem sedes de associações. Aumentou o número de feminicídios e espancamentos às mulheres. Além da cultura, seu governo está destruindo a União Nacional dos Estudantes e garroteando os sindicatos com medidas escravagistas contra os trabalhadores. Estamos mesmo no túnel do horror à procura de uma luz!

 

 

COPINHA: “BODE” ESTREIA CONTRA O FLA

Carlos Albán González – jornalista

O Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista, na sua quinta participação consecutiva na Copa São Paulo de Futebol Júnior – a Copinha – caiu no que se costuma chamar de “grupo da morte”, considerando que terá como primeiro adversário o Flamengo, campeão brasileiro sub 20, título ganho na semana passada, fechando para o rubro-negro carioca o ciclo de conquistas nacionais (profissional e sub 17).

Com 128 clubes representando os 26 estados do Brasil e o Distrito Federal, divididos em 32 grupos, com sedes no interior de São Paulo e  no Estádio do Canindé (capital), a Copinha será disputada entre os dias 2 e 25 de janeiro, data dos 466 anos da capital paulista. O maior torneio do mundo reunindo atletas com menos de 20 anos é promovido pela Prefeitura paulista e organizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF). O São Paulo é o atual campeão. O estádio do Pacaembu receberá a final.

Vitória da Conquista e Flamengo estão no grupo 25, com sede em Diadema (21 kms. da capital paulista), situada no ABCD, um dos maiores polos econômicos do país. Os outros dois integrantes da chave são o Água Santa, o principal clube da cidade, e o Trem, representante da distante Macapá, no Amapá.

Interessante é que o Trem e o Água Santa foram fundados por operários. O time amapaense, 143 no ranking da CBF, conhecido por Locomotiva, foi fundado por ferroviários, em 1º de janeiro de 1947. Formador de atletas em suas divisões inferiores, o Água Santa, 122 no ranking nacional, vai integrar em 2020 a elite do futebol paulista. A equipe do ABCD é produto da migração nordestina para o Sudeste no século passado. Sua fundação data de 27 de outubro de 1981. Com 386.934 habitantes, uma renda per capita de R$ 31.900 e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado alto, Diamantina é hoje o local de morada de 31.661 baianos.

A garotada do E.C,P.P. Vitória da Conquista viaja para o interior de São Paulo na certeza de que não faltará incentivo nas partidas que fará na Arena Inamar (capacidade para 10 mil pessoas), por parte dos nordestinos, principalmente dos seus conterrâneos baianos. A estreia está marcada para o dia 4, às 11 horas, contra o Flamengo, provavelmente com transmissão de televisão (SporTV, Cultura e Vivo); no dia 7, às 12h45, enfrentará os donos da casa, o Água Santa; e no dia 10, às 12h45, terá o Trem pela frente. Os dois primeiros colocados de cada grupo passam para as fases seguintes, no formato mata-mata.

Além do Vitória da Conquista, o futebol júnior baiano terá mais quatro representantes na Copinha: o Vitória (grupo 5, em Jaú), Bahia (grupo 13, em Indaiatuba), Jacuipense (grupo 19, em Itapira) e Canaã (grupo 31, em Nicolau Alayon).

A título de curiosidade constatei que o Canaã, integrante da 2ª divisão do futebol baiano, é mantido pelo projeto sócio-educacional Nova Canaã, criado pela Igreja Universal do Reino de Deus, na cidade de Irecê (BA). A principal finalidade do clube é preparar jovens e colocá-los no mercado do futebol. O meia Pedrinho, do Corinthians, foi o primeiro; outros seis estão se submetendo a testes no clube paulista. Uma cartilha distribuída pela Iurd proíbe os jogadores de usarem brincos, falar palavrão e aconselha a evitar atingir o adversário com faltas; não há a obrigação de assistir as sessões de “descarrego”.

 

 

 

SESSÕES DA CÂMARA PRECISAM DE MAIS ORDEM E DISCIPLINA

Está ficando difícil assistir uma sessão da Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista por causa da falta de educação da plateia, que transformou o ambiente numa feira onde todos conversam alto e ao mesmo tempo. O local virou um ponto de encontro para bate-papo, onde cada um faz seus conchavos, negócios e troca de ideias. Do outro lado, cabe ao presidente da Casa colocar ordem e disciplina no recinto e, se for o caso, suspender a sessão por um determinado tempo.

Ontem mesmo, quarta-feira (dia 04/12), criou-se um pequeno tumulto na abertura quando um grupo de sem tetos, que foi retirado de uma invasão no Bairro Panorama, fez uma manifestação com gritos de ordem, reivindicando do prefeito Hérzem Gusmão, que se encontrava presente, o retorno para a área. No momento, vários projetos e requerimentos estavam em votação e ninguém conseguia ouvir as intervenções dos vereadores.

Esse barulho de conversas paralelas na Câmara, perturbando quem quer acompanhar os trabalhos, já vem ocorrendo há muito tempo. Muita gente tem reclamado o comportamento de falta de educação, criticando a mesa diretora por não tomar as devidas providências. Na maioria das vezes, não dá para escutar o que o parlamentar está falando na tribuna.

Além das conversas em voz alta, outras pessoas passam o tempo no celular, e tem vereador que não dá o exemplo e faz o mesmo conversando ao lado com o colega. Na sessão mista de ontem, que mais parecia uma comemoração num salão de festa, a Rádio Clube foi homenageada como a emissora mais antiga de Conquista (completa 65 anos em 17 de dezembro), daí a presença do prefeito e do radialista e cantor Jânio Arapiranga que fez uma apresentação musical.

 

 

 

 

 

UM LUGAR SUJO E DESTRUÍDO QUE AINDA É CHAMADO DE PRAÇA

Bem em frente da Rodoviária de Jequié existe um espaço horrível em meio ao lixo, lama, capoeira, equipamentos enferrujados, um pequeno centro de informática completamente depredado e hoje utilizado por usuários de drogas, com um mau cheiro insuportável, que as pessoas que passam por ali ainda chamam de praça. Dizem que o nome dela é Santa Luzia, a protetora dos olhos.

Aquilo ali poderia ser chamado de a maior vergonha de Jequié, senhor prefeito Luiz Sérgio Suzarte Almeida, mais conhecido como “Sérgio da Gameleira”, do PSB, que tem o partido que não merece. Confesso que há muitos anos da minha vida, inclusive como jornalista, não tinha visto um lugar tão depredado e abandonado como aquele, que é um atentado à saúde pública pela quantidade de imundices, lixo por todo canto e mato que virou capoeira.

Estive em Jequié neste final de semana participando da Festa Literária e fiquei hospedado num hotel bem em frente da dita “praça” que está mais para entulho. Cheguei na sexta-feira em final de tarde e, como já estava atrasado para o evento, não observei o local. No outro dia, pela manhã, sai com minha máquina fotográfica para captar alguma imagem bonita e terminei me deparando com aquela cena de horror.

O estado da “praça”, meus amigos, é simplesmente deplorável, a começar por uma área de lama onde existiam uns equipamentos de ginástica. Mais à frente, um campo de futebol soçaite que se transformou numa capoeira que cobriu a pequena arquibancada, sem contar o lixo espalhado por todo lugar. Ao lado, uma pequena edificação destruída e umas barracas quebradas e sujas que já deveriam ter sido interditadas.

O local mais horroroso que vi e não consegui adentrar por causa do cheiro insuportável foi um pequeno prédio, com estilo de uma capela, onde já funcionou um centro de aprendizagem de informática para jovens, segundo disseram moradores que passavam por ali no momento.

Um funcionário do hotel também me informou que há, precisamente, 12 anos que a “praça” está naquele estado degradante. O único local que ainda funciona de forma precária é uma quadra de traves e telas enferrujadas. Como tantos outros lugares pela Bahia e pelo Brasil a fora, aquela obra que deveria servir a tanta gente, é mais um desperdício do dinheiro público dos impostos do nosso povo e ninguém toma uma providência.

Como um prefeito e prefeitos deixam uma praça chegar àquela situação tão vergonhosa! E ainda são eleitos e reeleitos! Seu “Sérgio da Gameleira”, a cidade de Jequié, a “Cidade Sol”, do poeta Waly Salomão e de tantas outras personalidades importantes, de tantas histórias, não merece um lugar tão feio e sujo! Está certo que vândalos saem por ai quebrando tudo, mas o poder público tem a maior parcela de culpa por não cuidar e zelar das obras feitas com o dinheiro da população.

A FORÇA DA RESISTÊNCIA CONTRA O RETROCESSO NA FESTA LITERÁRIA DE JEQUIÉ

Mesmo com algumas mesas de plateias vazias, como na de sábado, no final da tarde, em “Um dedo de prosa, poesia e lançamento de livros”, mediada pela professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb e coordenadora do Páginas Formando Leitores, Marvione Borges, onde contou com a participação de menos de dez pessoas, a palavra resistência contra a política de retrocesso do governo federal na área cultural foi a marca de força durante a IV Festa Literária Internacional do Sertão de Jequié (Felisquié).

O evento, cujo curador foi o escritor Domingos Ailton, autor do livro “Anésia Cuaçú”, foi aberto no dia 28 de novembro e encerrado em 1º de dezembro com mesa redonda “Devir e Ancestralidade em Poéticas Negras”, tendo como palestrante o escritor Jocevaldo Santiago e mediação da professora Karla Carvalho. No mesmo dia, pela manhã, foi ainda desenvolvido o tema “Leituras no Cárcere”, com a professora da Uneb, Kátia Barbosa. O jornalista, poeta e escritor jequieense Wilson Novaes foi o homenageado.

Escritores regionais e poucos recursos

Os escritores regionais que se deslocaram até Jequié para apresentação de suas obras e a venda das mesmas ficaram frustrados com a pouca procura, já que só tiveram a cobertura da hospedagem e alimentação, tendo que arcar com o transporte e não tiveram um cachê para cobrir os custos. O organizador Ailton justificou que teve recursos limitados da Secretaria de Educação do Estado e da Uesb, por isso não teve condições de contemplar os artistas regionais.

Neste momento atual, quando o problema é grave em se tratando de recursos para financiar a cultura, que virou inimiga do Estado, os escritores regionais são a parte mais sacrificada da história pela falta de maior visibilidade e porque não dispõem de recursos para bancar suas despesas e participar dessas feiras literárias. Por estes motivos, muitos, que gostariam de estar presentes, terminam por desistir de viajar e ficando de fora.

Esses novos talentos regionais da arte literária precisam de mais espaço e serem melhor tratados pelos curadores, mesmo diante da escassez de recursos. Tenho observado que estes eventos, ainda realizados por algumas cidades do Brasil e da Bahia, têm sido muito elitizados e fechados para autores famosos e mais conhecidos. Os curadores precisam dar mais espaço para os regionais, mesmo diante das dificuldades de se conseguir apoio de patrocinadores do setor público, tendo em vista que o empresário praticamente não ajuda a cultura neste país.

Outro problema é o esvaziamento do público local. Em Jequié, por exemplo, os participantes são, na maioria, parentes (pai, mãe, avós, tios) ou amigos mais próximos dos palestrante e escritores convidado. Quando termina aquela mesa, todos pegam suas pastas e bolsas e vão embora, ficando apenas os organizadores e alguns minguados interessados para quem é de fora da cidade.

Vazios nos debates

Alguns debates ficaram vazios na Festa de Jequié, o que demonstra a falta de interesse pela cultura, que pede socorro em estado terminal, numa clara contradição quando se fala em resistência contra o retrocesso no país. Ainda tem gente que critica quando uma mesa de discussão foca na questão da resistência, como foi a formada na sexta-feira, 29 de novembro, em “Um Dedo de Prosa, Poesia e Lançamento de Livros”.

Participaram desta mesa, mediada pela professora Ana Fagundes Marcelo, os escritores Carvalho Neto, com o livro “Plástico Bolha”, Marcio Nery, com a obra “O Assassino dos Números”, Luís Rogério Cosme, escritor de “Democracia Golpeada”, Dirlei Bonfim, poeta, compositor e professor, com “Alquimia das Palavras”, Sandro Suçuarana, poeta de “Diferencial da Favela – dos contos as poesias de quebrada”, poeta e escritor Antônio Ribeiro e o jornalista, escritor e poeta Jeremias Macário, com seus livros “Terra Rasgada”, “A Imprensa e o Coronelismo”, “Uma Conquista Cassada” e seu último “Andanças”.

A Festa Literária de Jequié também contou com a presença do músico, poeta e compositor Walter Lajes, na companhia de Macário, que não teve a oportunidade de apresentar suas cantorias musicais por falta de espaço apropriado. O evento teve uma grande variedade de temas, como “Leitura na América Latina”, com a historiadora Maria Teresa Toríbio, “Leitura e Mídias Sociais”, com vários palestrantes, “Literatura de Autoria Feminina”, com a professora Adriana Abreu, dentre outros.

Walter Lajes (direita), Domingos Ailton e a família Cuaçús Fotos de Jeremias Macário

No sábado, dia 30, pela manhã, houve o encontro da família dos “Cuaçus”, tendo como maior representante Vírginia Fernandes, com a mesa de comentários do escritor Domingos Ailton, mediada pela jornalista e cineasta Carolini Assis, que falou sobre literatura e cinema. Ela está à frente da produção cinematográfica do livro “Anésia Cuaçú”.

Ainda no sábado houve uma mesa redonda sobre “Irmã Dulce, a santa dos pobres”, tendo como palestrantes Graciliano Rocha, escritor e jornalista, frei João Paulo, representante das obras de Irmã Dulce. A mesa foi mediada pelo escritor Domingos Ailton e ainda teve o lançamento do livro “Irmã Dulce, a Santa dos Pobres”, de Graciliano Rocha. Aconteceu também Um Dedo de Prosa e Lançamento de Livros, com Valdeck Almeida de Jesus, com “Garoto de Programa: 5000 tons de sexo”, Rosana Viana Jovelino, com “Patuá”. O debate, que contou com a presença de cerca de dez pessoas na plateia, foi mediado pela professora Marvione Borges.

 

 





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia