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:: ‘De Olho nas Lentes’

FLORES DA FILIPINAS

As estações se misturam, como o frio em plena primavera, o verão em inverno e vice-versa, mas, de qualquer forma, as flores conseguem um jeitinho para explodir suas cores, como os ipês na Avenida Filipinas, em Vitória da Conquista, registrados pelas lentes da minha máquina fotográfica. É bem verdade que no nosso Brasil tropical e, principalmente, no nosso Nordeste catingueiro do semiárido não existem mais tempos definidos. Em Conquista é também assim, e esses períodos estão cada vez mais incertos e nos pegam de surpresa por causa do aquecimento global. No corre-corre do dia a dia da cidade, muitos nem param para observar a beleza desse colorido de encher os olhos e nos tornar mais amigos da natureza, tão maltratada pelo homem tecnológico, sem lógica.  Vamos louvar o meio ambiente, mas, infelizmente, ele está se aquecendo e nem as chuvas e o sol chegam mais no período certo. As tragédias e as catástrofes são cada vez mais frequentes. Enquanto isso, vamos louvar e nos encantar  com as Flores da Filipinas.

AS PALMEIRAS E O TEMPO

Mesmo com o tempo nublado e carregado, sem o sol a brilhar em seus verdes pendões, as palmeiras resistem com suas encantadoras belezas, símbolos de longevidade. Algumas são até milenares. Onde estejam em praças, nos cemitérios ou em frente de palácios e igrejas, elas nos fazem parar para uma breve admiração, que seja, pelo menos para o clicar da nossa máquina fotográfica. Dizem que elas são majestosas e nos fazem lembrar dos tempos reais e das nobrezas imperiais. A diferença é que elas são simples, e qualquer um pode falar como rainhas da natureza, sem ter que se curvar ou fazer reverências. Bem que nossas vidas podiam ser como as palmeiras, sendo altivas e imponentes, não importando às mudanças do tempo, com ou sem vento para o esvoaçar das suas palhas. Sem ostentar orgulho ou vaidades, devemos ser engrandecidos como as palmeiras que nem o tempo muda suas grandezas. Elas sempre permanecem jovens, sejam em qualquer idade que for. Possuem troncos fortes bem enraizados na mãe terra. Pena que são pouco observadas nessa selva de pedras onde muitos deixaram de curtir a natureza e espiar o rumo do tempo.

DE ENCHER A ALMA…

Um canteiro de flores, principalmente de belas hortênsias nessa cidade de pedra, carregada de boas e ruins energias no ar, nos faz encher a alma de mais vigor e esperança nesse planeta tão destruído pela mão do homem. A mesma mão que faz as guerras, é a mesma que rega as flores, as quais inspiram os poetas para desvendar os mistérios da vida que muitos acham sem sentido. A própria flor já é uma poesia que contrasta com o prédio de concreto onde as pessoas vivem fechadas em seu eu individual. Esse canteiro de hortênsias na imagem clicada reflete também na lente das almas que entram e saiam, mesmo as mais angustiadas e secas de espírito. O mundo precisa de amor e flores para encher nossas almas de fé e esperança.

Do outro lado da rua, na Siqueira Campos, o burburinho das manifestações políticas. Outros pensamentos, outras ideias onde os jovens começam a desperta para a realidade de que política faz parte de nossas vidas, não a demagoga, a mentirosa, a corrupta ou aquela que só visa os interesses próprios de quem se elege. Costumam dizer que os jovens são a esperança do futuro do Brasil. Pode até ser um chavão ultrapassado, mas não é. Se não for, quem mais será? Só que é preciso ter consciência política do servir e não querer ser servido e só aproveitar dos mais fracos para se dar bem. É tempo de cobrar. É tempo de reivindicar e ir para as ruas denunciar e protestar.  Sejamos hortênsias e também espinhos quando for necessário!

NO BRASIL DA VIRAÇÃO

Com mais de trinta milhões passando fome, cada um faz sua viração para sobreviver, como estas senhoras da foto que vivem de catar lixo reciclável para comprar o pão de cada dia, mas nem sempre é o suficiente. É a realidade do Brasil da viração nos tempos atuais de tanta exclusão social! A essas pessoas foram negados a educação e o saber com os quais teriam mais dignidade. É gente idosa que se vira para complementar uma aposentadoria merreca ou um auxílio eleitoral do governo, quando deveria estar gozando do seu descanso de uma vida sofrida. Interessante que a própria imagem mostra o jumentinho, que está sendo vítima de extinção através das matanças pelos frigoríficos, dando a sua contribuição nessa luta pesada. A própria sociedade capitalista e a elite egoísta construíram esse triste cenário que nos envergonha. Temos assim, um Brasil desumano onde é detentor de um dos maiores índices de desigualdade social. É tão cruel que elas próprias procuram evitar o foco das lentes porque não passam de simples números das estatísticas da miséria. Sentem vergonha. De qualquer forma, são trabalhadoras da viração, enquanto outras tantas perambulam pelas ruas sem nada fazer porque se entregaram ao total abandono, sem mais um fio de fé e esperança.

POLUIÇÃO DE TORRES

Depois de invadida por moradias clandestinas, depredada por exploradores de areia, terra e pedras por muitas décadas, com a modernização das tecnologias de comunicação, principalmente, a Serra do Periperi, tombada em 1996, se não me engano, pelo governo de José Pedral, está poluída de torres e fios elétricos, de telefone e operadoras de internet. Infelizmente, mesmo tendo sido transformada em “parque de preservação ambiental”, a Serra, com seu lindo pôr-do-sol, ainda é pouco visitada pelos conquistenses e visitantes, quando já deveria ser um cartão postal de Vitória da Conquista. Além das invasões constantes que ainda acontecem, sem falar nos incêndios, ela hoje está com seu visual poluído por torres na parte mais alta. Despois de tantos estragos praticados pelo ser humano, principalmente pelo poder público que dela retirou toneladas de materiais, como durante a construção da BR-116, a chamada Rio-Bahia, ainda nos restou um pedaço de mata do Poço Escuro e o monumento ao Cristo que o executivo promete urbanizar a área. No entanto, não adianta realizar obras de beneficiamento se não houver total segurança, pois até hoje as pessoas têm medo de subir à Serra para fazer algumas imagens e apreciar a cidade lá de cima.

O MAIOR QUEBRA-MOLA DO MUNDO

Dizem que o brasileiro e o baiano são os maiores piadeiros do mundo, com tudo faz chacotas e gozações, no bom sentido. Vitória da Conquista já foi a cidade das flores, das boiadas, do frio, capital dos quebra-molas e agora inventaram essa de “Suíça Baiana”, coisa de complexo de pobre querendo ser rico. Quando se quiser dar uma referência para um encontro qualquer nas imediações da Avenida Régis Pacheco se diz perto do “Bigode de Pedral”, uma piada que pegou. Essa obra também levou a alcunha de maior quebra-mola do mundo. Poderia até ser inscrito no livro dos recordes. É a nossa Conquista de clima ameno e inverno rigorosos como foi neste ano. Com a minha idade já avançada ando pensando até em passar esse período em Teresina, em Palmas, Fortaleza ou aqui mesmo em algumas terras quentes baianas, mas sem grana para isso, preciso de um benfeitor ou patrocinadores porque o véio não aguenta mais essas baixas temperaturas. Mudei até de assunto, mas aqui, ou em outro lugar, sempre vou lembrar do maior quebra-mola do mundo onde milhares todos os dias cruzam aquele elevado vindo do oeste com destino ao centro resolver seus problemas do dia-a-dia naquela cotidiana correria pela sobrevivência.

O ENCANTADO

Por que as pessoas de um modo geral ficam encantadas com o pôr-do-sol? Em meu entendimento porque acalma o ser humano e o faz refletir sobre a vida que nos tempos atuais é tão corrida em busca da sobrevivência e da solução dos problemas. O pôr-do-sol tranquiliza o espírito como se fosse um encantado e nos faz pensar sobre os mistérios do universo. Transmite paz, amor e esperança de que depois do pôr-do-sol virá o alvorecer, o nascer de novo. Além do mais, um pôr-do-sol é sempre diferente do outro, dependendo do local onde a pessoa esteja colocado e em que ponto ele se despede do dia para dar passagem à noite. É reflexão e meditação. Ele faz você dar um mergulho em si mesmo, sem contar que é poesia e canção.

CACHORROS E MORADORES DE RUA

Eles estão visíveis em todas as partes da cidade, inclusive fora do centro como na foto da Avenida Filipinas, no Bairro do mesmo nome ou Jardim Guanabara, como também é conhecido por muitos. Infelizmente, é a cara do nosso país dos dias atuais, cujos governantes deixaram o povo e os animais, no caso os cachorros, caírem no abandono e na miséria. Uma pátria que não cuida de seus filhos não é amada por todos e dela não se pode orgulhar. Por incrível que possa parecer, o aumento de moradores de rua tem também relação com o de cachorros, pois muitas pessoas entraram na extrema pobreza e foram obrigadas a soltar seus animais em cada canto da cidade por falta de alimento para dividir. Vitória da Conquista não poderia ser diferente. Os pedintes estão espalhados em todas as partes, como nas praças, portas de bancos, supermercados, nas filas e nas sinaleiras. Nesses locais também lá estão os cachorros que vagam famintos lambendo restos de comida ou alguma sobra que alguém oferece. São imagens que nos envergonham, mas a realidade não pode deixar de ser registrada quando uma lente está por perto. Do registro da máquina nascem as palavras que podem até ser dispensadas porque o retrato já diz e denuncia tudo. O dia de votar está chegando e todos os candidatos prometem mudar esse triste quadro. Será mesmo?

 

CADÊ A PRAÇA DOS ORIXÁS?

Temos belas praças em Vitória da Conquista, algumas bem arborizadas e conservadas, a começar pela Tancredo Neves, a mais visitada, principalmente na época do Natal. Temos ainda a Sá Barreto, a Gerson Salles, a Praça do Gil e a Victor Brito na saída da Avenida Bartolomeu de Gusmão. As mais urbanizadas estão localizadas justamente na zona leste. Os poderes públicos precisam olhar mais para a zona oeste, sempre esquecida. No entanto, a questão maior não é esta. Sempre me pergunto do porquê ainda não termos, em Conquista, a Praça dos Orixás, tendo em vista que o candomblé é forte no município com cerca de 200 terreiros entre as zonas urbana e rural? Temos a Praça do Índio, que demorou de ser criada, a da Bíblia e até, porque não dizer, da Catedral que está integrada à Tancredo Neves? O assunto já foi comentado pelos povos de axé, mas até o momento nenhum prefeito tomou a iniciativa de construir a Praça dos Orixás. Lugares existem de sobra. Será preconceito religioso?

EM NOME DE DEUS…

Este é o monumento à Bíblia, erguido na Praça Vitor Brito, em Vitória da Conquista. Trata-se de um símbolo do cristianismo, e dizem ser o livro mais lido no mundo. Tenho minhas dúvidas nos tempos de hoje. Por que não temos em Conquista outros monumentos dedicados às outras religiões? Por que não temos, por exemplo, a Praça dos Orixás? No Brasil de hoje, do fundamentalismo fanático dos evangélicos, influenciados por falsos pastores, inclusive corruptos que colocam o poder político acima de tudo, este livro, chamado de Bíblia, vem sendo mal interpretado e deturpado. É triste ver que em nome de Deus, para defender sua religião como a única que salva, muitos, e não são poucos, praticam o ódio e a intolerância contra aqueles que adotam outra fé em seus rituais religiosos. Aqui reitero os comentários feitos pelo meu amigo e jornalista Carlos Gonzalez, que do alto da sua visão, condena o extremismo e o conservadorismo que avançam em nosso território. Segundo ele, usam o nome de Deus para jogar pedras nos templos dos outros e destilar sua raiva naqueles que não seguem sua doutrina. Essas pessoas não se contentam somente com isso: Pregam o retrocesso medieval, negam a ciência e se alimentam do preconceito, do racismo e da homofobia. Para eles, só existe a luta do bem contra o mal. Em nome de Deus e da sua Bíblia, odeiam, ao invés, de amar o próximo. Em nome de Deus, roubam e até matam. O péssimo exemplo disso vem do Planalto com as barbaridades proferidas pelo capitão-presidente que engana os incultos quando fala em Deus, pátria e família. Infelizmente temos um povo de fácil manipulação onde os “fieis” são vítimas de lavagem cerebral.





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