outubro 2021
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  

:: 21/out/2021 . 23:50

SALVE, SALVE TODOS OS POETAS!

Enxergar o invisível aos olhos dos outros; ver o que muita gente não vê; protestar; denunciar; descrever o belo e o feio; cantar o amor; pegar o horizonte e o pôr-do-sol com a mão; entrar na alma de alguém; saber como extrair espinhos de uma árvore; fazer chorar e rir; e ainda dizer que a vida é assim mesmo, com ou sem sentido.

Quem sou eu para entrar na alma do poeta, este esquecido de hoje, pouco lido e nem lembrado no seu dia 20 de outubro! Mesmo com um pouco de atraso, salve, salve todos poetas! Alô cumpadi Walter, Papalo Monteiro, Dorinho, Mano Di Souza, Edilsom Barros lá do Ceará, Dean lá da Paraíba, Carlos Moreno, Baduxa, Alisson Menezes, Evandro Correia e tantos outros!

Alguém pode até dizer que Castro Alves é o nosso poeta maior, nosso craque das Espumas Flutuantes e do Navio Negreiro, mas isso não importa tanto quando ainda temos um time imbatível, como Carlos Drumond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Cassimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Álvaro de Azevêdo, Raul Seixas, Raquel de Queiroz, Cora Coralina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Edu Lobo e uma penca de imortais.

Pena que nos tempos atuais com um governo negacionista inimigo da cultura, nossos jovens estejam cada vez mais alienados e recebendo uma instrução que criminaliza o conhecimento e o saber. Lamentável, mas para muitos esses nomes não passam de jogadores de futebol, ou outra coisa qualquer, menos poeta.

Infelizmente, não é somente a poesia que está esquecida e depreciada. O dia do escritor também passa batido. A nossa mídia anda tão sem conteúdo, e mais preocupada com seu interesse comercial que nem comemora e celebra o Dia do Jornalista, 7 de abril, quanto mais cobrir uma pauta do Dia do Poeta ou do Escritor!

“SAINDO DO ARMÁRIO”

Uma exposição da nossa companheira colega jornalista-fotógrafa, Edna Nolasco, realizada na Casa do Idoso, retratou o mundo LGBT como muita propriedade e beleza de imagens extraídas das suas lentes, por sinal a sua maior especialidade quando no manejo da máquina fotográfica, na escolha certa da luz e da sua expressividade. Um trabalho muito bonito e sensível feito em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista. Fotografia é como poesia, e Edna sabe muito bem fazer isso. Pelo seu tempo de atuação na área e experiência, ela já é, sem dúvida, uma fotógrafa baiana consagrada pela sua sensibilidade no olhar e registrar os fatos e acontecimentos. Em “Saindo do Armário” é mais uma de suas exposições que nos encanta por saber entrar na alma da natureza humana, no caso específico do tema em questão, mas sua lente se move também em outros assuntos do fotojornalismo. Edna aprendeu a clicar certo no momento certo, e isso, por si só, é uma arte de uma grande artesã da fotografia de Conquista e da Bahia.

ENTRE ENGAÇOS E BAGAÇOS (II)

Continuação dos nossos versos sobre personagens nordestinos num formato de peça teatral e estilo cordelista. Autoria de Jeremias Macário

De lá parti para a primeira nação de silvestres Piauí,

E no calor de Teresina, um rolé pelo Mercado Popular,

E na Capivara decifrar as rochas rupestres inscrições,

Dos povos que deixaram em seus traçados as lições,

Delas fui parlar com o estudioso sábio Assis Brasil,

Poeta e escritor de mão cheia do “Gavião Vaqueiro”,

Que me jurou ter saído das curvas do “Delta do Parnaíba”,

Sua terra que lhe escrevinhou “A Aventura no Mar”,

E ainda narrou como se deu a saga do “Cavalo Cobridor”;

Citou Graciliano, seu Rosa, Clarice Lispector, sim senhor!

 

Cruzei travessias de cruzes e fui lá pro meu Ceará,

Torrão Tapuia da tribo “Guarani” de José de Alencar,

Que me mostrou seu tinteiro e a sua pena de pincel,

Que de “Iracema “ fizeram a índia dos lábios de mel,

E depois segui a rota do “Falcão” pela noite Fortaleza;

Me amarrei de primeira com uma cubana havanesa,

E de ressaca da farra fui pra praça da Catedral da Sé,

De onde parti para ouvir o canto de Patativa do Assaré,

Que fez rasgar a sanfona 12 baixos de Luiz Gonzaga,

No som profundo cordelista da sua “Triste Partida”,

Como na voz da cotovia, se perde de vista na correria

O nordestino magro faminto que foi levantar a paulista.

 

Nas asas da Patativa de lá voei alto ao som de Ravel,

Pelas corredeiras e cachoeiras vi paisagens de rapel;

Renovei minha alma aflita pra riscar versos sertanejos,

Com Humberto Teixeira lá na cidade velha de Iguatu,

E saber como ele parceirou e criou o “Rei do Forró”,

Que se eternizou no mundo no voo da “Assa Branca”,

Puxando baião e xaxado teclado no dó, ré, mi, fá, lá sol,

Nas feiras caipiras, onde conquistou gregos e troianos,

Estrangeiros viajantes do túnel e até nômades ciganos.

 

Pelas pegadas do santo guerreiro de nome “Conselheiro”,

Ouvi sua pregação espiritual de criar sua comunidade,

De almas seguidoras sagradas nas profundezas da Bahia,

Onde profetizou em Sobradinho que o sertão ia virar mar,

E armou sua comuna aldeia Canudos onde fincou sua cruz,

Que o exército tirano do Brasil massacrou mais de 100 mil,

Num banho de sangue de cabeças cortadas e nas balas de fuzil,

Mas o monte de fiéis até o último homem com bravura resistiu,

A mais uma barbárie da história contraditória que nos traduz.

 





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia