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“O DECANO DA FILOSOFIA AFRICANA: PAULIN JIDNENU HOUNTONDJI”

No livro “Intelectuais das Áfricas”, o professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-Uesb, Itamar Pereira de Aguiar escreve um artigo em que fala do filósofo Paulin Jidnenu Hountondji, que nasceu na Costa do Marfim, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Concluiu seus primeiros anos de estudos em Porto Novo no Daomé, em 1960. Essas regiões sofreram administração colonial francesa.

No período de declínio colonial, Paulin mudou-se para Paris onde acompanhou a movimentação política que promoveu a derrocada do colonialismo francês. Matriculou-se no curso de Filosofia na conhecida École Normale Supérieure onde se formou em 1970. Depois chegou a ministrar aulas em universidades da França, dos Estados Unidos e da própria África.

De acordo com Itamar, durante o mandato do ditador Mobutu, no Zaire (Congo), o filósofo procurou, em silêncio, observar como atuava o nacionalismo dito republicano em uma ditadura ao modo africano. Como ativista político, Paulin se opõe ao regime militarista em vigor, “cujos defensores se proclamavam revolucionários”.

Em Benin, sob a direção do Alto Conselho da República, em março de 1990, Paulin foi nomeado ministro da Educação. Diz o professor Itamar que, “o conjunto da sua obra recebeu influência da Filosofia Moderna Ocidental, do Iluminismo, mais especificamente, dos pensadores marxistas Althusser e Derrida”.

Enquanto intelectual, Paulin voltou-se mais para a filosofia política. “porém cioso da importância dos elementos culturais e históricos do continente africano, torna-se postulante do pensamento endógeno, crítico da filosofia enquanto visão de mundo em países da África”.

As suas obras (mais de vinte), segundo o professor Itamar, “revelam sua intensa e diversificada atividade acadêmica, assim como os temas por ele explorado enquanto pesquisador engajado política, cultural e filosoficamente nas questões essenciais e existenciais dos africanos na contemporaneidade, especialmente dos povos da Costa do Marfim, onde nasceram seus ancestrais…”

Em sua primeira obra Remarques sur la philosophie africaine contemporaine, Paulin procura colocar em prática a filosofia africana, voltando-se para os problemas das condições de vida de seu povo. Ele passa a abordar as graves questões que afligem as nações africanas.

Ao estabelecer comparativo entre a filosofia africana e a europeia, afirma que muitas posições dos filósofos do continente fazem parte da mesma estratégia dos colonizadores em desqualificar e de considerar os africanos incapazes de refletir por si e sobre si, e de produzir pensamentos lógicos. “Em últimas palavras, de filosofar”.

“Eu chamo de filosofia africana um conjunto de textos: precisamente, os textos escritos por autores africanos e qualificados por eles mesmos como filosóficos – ressalta Paulin em seu livro. Ele convoca os pesquisadores conterrâneos a produzirem sobre e para os africanos que ali nasceram, ou que ali vivem.

Paulin defende que os africanos, confiantes em si mesmos e de modo autônomo, se ocupem com as investigações e conhecimentos que respondam aos problemas e questões de interesse direta ou indiretamente dos africanos.

Em seu texto, o professor Itamar enfatiza que o “colonialismo, a escravização e a diáspora praticados por franceses, belgas, alemães, ingleses, portugueses e outros, ocasionaram movimentos de resistência diversas, principalmente nas Américas para onde foram levados aos milhões de indivíduos na condição de mercadorias, comprados e vendidos como animais de tração para serviços nas plantações, mineração, criação de gado, nos serviços domésticos e de ganho, em países como Brasil, Cuba, Estados Unidos, Haiti, México e outros, no lapso temporal do século XVI ao XIX, quando se efetivou atrás das lutas libertárias, a abolição da escravidão, sendo o Brasil o último a efetivá-la em 13 de maio de 1888”.





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