:: 27/ago/2021 . 0:47
AS PALMEIRAS E A CULTURA
As nossas centenárias e imponentes palmeiras da Praça Tancredo Neves, em Vitória da Conquista já fazem parte da nossa cultura, mas quantos não passam por ali todos os dias e nem param para admirá-las e refletir o quanto a natureza é bondosa conosco? Da Casa Regis Pacheco, bem em frente da bela praça, as lentes da máquina do jornalista e escritor Jeremias Macário registrou essa imagem que se eleva aos céus e se une à nossa cultura. Lá estão elas, as palmeiras, numa intimidade com o vento e as nuvens a balançar suas folhas para lá e pra cá, refrescando os que passam apressados pelos afazeres do dia a dia, principalmente em épocas de muito calor. Felizmente, ainda é o local mais conservado e aprazível da cidade porque também todas as outras praças deveriam ganhar os mesmos privilégios. Praça, não é somente lazer e turismo para adultos e crianças. É também cultura porque é nela que se troca ideias, que uma pessoa rever a outra que há muito tempo não se via e é parada para um bom bate-papo entre amigos. É ainda onde namorados se encontram para a troca de beijos e carícias. É reconciliação e, acima de tudo, uma benção e um presente da natureza que merece toda atenção e cuidados, sem essa de jogar lixo no chão. Quem apenas só quer ser servido e não serve ao outro, é um ignorante ingrato que nem merece continuar a existir.
VISÕES DAS ÁFRICAS
Versos inacabados do jornalista e escritor Jeremias Macário
Nasci na Região dos Grandes Lagos,
Sou filho da Montanha da Lua,
Mãe nua das florestas e dos matos,
Fui rei do Reino dos Magos,
Não sou mais preto e branco,
Sou um lambuzo dos mulatos,
Visões geográficas das Áfricas.
Sou parto colonizado do colonizador,
Do Congo, da Guiné, Angola e Senegal,
Portos de correntes, massacres da dor,
Culturas do chicote curadas com sal,
Kunta Kinté do patrão fugidor,
Nas visões das lendas das Áfricas.
Sou Soynka, Mia Couto e Cabral,
Diop, Fela-Kuti, Mudimbe e Fatema,
Ketu e Bantu com sua raiz cultural,
Arte da escrita, música e do cinema,
Cada um com sua história nos anais,
Nas visões dos intelectuais das Áfricas.
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