Há mais de um ano o Brasil está sendo atacado por todos os lados pela pandemia, que já matou mais de 462 mil brasileiros e, mesmo assim, o povo continua na irracionalidade de realizar festas clandestinas, provocando aglomerações e mais mortes.

As medidas restritivas de alguns governantes (outros flexibilizaram a abertura de eventos) são terminantemente desrespeitadas. As fiscalizações para coibir os pancadões, os bailes e os carros de som em portas de bares são tímidas, na base do faz de conta, como acontece em Vitória da Conquista.

Em nossa cidade, por exemplo, onde quase 500 pessoas perderam suas vidas, e as UTIs dos hospitais estão com ocupações superiores a 90%, todo final de semana, bares e restaurantes, nas imediações da Avenida Olívia Flores, promovem aglomerações.

O gestor do Comitê de Crise da Prefeitura Municipal fala em proibições e fechamento de alguns estabelecimentos, mas não diz que o número de fiscais é insignificante para cobrir todo o universo da cidade. Além do mais, o executivo local tem procurado contrariar os atos do Governo do Estado, como o toque de recolher e a proibição de bebidas alcoólicas nos sábados e domingos.

Infelizmente, com a flexibilização restrita, Conquista está na rota de uma onda de colapso nos hospitais, e não é preciso ser um infectologista ou pneumologista para prever isso. A impressão que se tem é que o número diário de casos e mortes (cerca de três falecimentos por dia) é baixo para o poder público.

Se as festas existem em todos os finais de semana, inclusive com som ao vivo, está mais que comprovado que a fiscalização é falha, não se cumpre o rigor da lei, e somente alguns donos de bares são multados. Os punidos não passam de bodes expiatórios.

Essa de permitir a abertura até as 21 horas oferece margem às aglomerações porque muitos começam a encher a cara logo cedo, e quando chegam nesse horário, fica difícil evitar as aglomerações. Os proprietários não controlam e também vão empurrando além do limite para ganhar mais dinheiro.

É por essas e outras que o Papa Francisco, em toma de brincadeira, disse a um padre que o Brasil não tem salvação, e o povo só quer tomar cachaça, mesmo quando se trata de poupar vidas. Talvez ele tivesse a intenção de falar festas no lugar de cachaça, porque em nosso país é uma festividade atrás da outra, sem contar a quantidade de feriados que poderiam ser cortados pela metade. Sou contra qualquer violência policial, mas com relação ao contágio da Covid-19, a ação da fiscalização precisa ser mais rígida e dura.

Pela sua própria cultura, trata-se de um povo festeiro, e que não tolera distanciamentos entre um e outro, nem suporta isolamento social. É uma população, pela sua natureza, indisciplinada, muito diferente do oriental e de outras nações desenvolvidas, com maior nível educacional e de consciência.