“Errar é humano, mas persistir no erro é burrice”. Há um ano se dizia que no próximo (2021) nós teríamos os festejos nordestinos do tão sonhado São João, mas por culpa do governo federal, o maior responsável, e do próprio povo, o evento foi cancelado. Repetimos as mesmas coisas de antes. O que mais se ouve é “se Deus quiser”. Como Ele vai ajudar, se você não faz sua parte.

Nesse ritmo do abre e fecha o comércio, das aglomerações, das festas clandestinas e de uma vacinação que dá um passo à frente, enquanto a Covid-19 dá quatro ou cinco adiante, não vamos ter as festas juninas em 2022. Como se vê, o Brasil age como o pais mais burro do mundo que continua cometendo os mesmos erros. Outras nações, não somente as mais desenvolvidas, fizeram diferente e já estão até liberando o não uso das máscaras.

Aqui temos um capitão-presidente que faz tudo ao contrário do que o seu Ministério da Saúde tenta recomendar. Gasta-se milhões com propaganda (bastante atrasada), mas o cara lá de cima desfaz tudo e provoca aglomerações com seus seguidores da morte, para xingar governadores, prefeitos, jornalistas e adversários. Cá embaixo, o povo fica a dizer, “se Deus quiser tudo vai passar”.

Há mais de um que estamos nesse sistema sanfona do abre e fecha. Quando baixa um pouco o número de mortes e reduz o percentual de ocupação dos leitos de UTI, os governantes flexibilizam as medidas e depois volta tudo novamente quando se registra um avanço da doença. Nessa gangorra, não tem economia que se segura, e os informais e os negociantes menores são os que mais sofrem.

Essa “lógica” psicopata e persistente caracteriza total burrice de um país desgovernado, como uma carruagem em disparada num desfiladeiro. Aqui, tudo é incerto, confuso e perdido no tempo. Estamos chegando ao meio do ano com mais de 500 mil mortes, num país de muito choro e lágrimas por uma boa parte da população que perdeu seus entes queridos. Uma outra se refestela nas festas e comemorações, e uma terceira amarga a miséria da fome. Ainda tem a tropa dos negacionistas da ciência.

A grande imprensa tem a sua parcela de culpa nessa burrice. A mídia que faz matérias com especialistas, recomendando cuidados, de acordo com os protocolos científicos, é a mesma que incita, indiretamente, as pessoas a irem às compras em datas festivas, como o Dia das Mães e agora faltando um mês para o São João. As reportagens consumistas, com imagens juninas do passado, por exemplo, incentivam muita gente para corrida aos supermercados e às feiras livres, no intuito de comemorar a data em suas casas, com comidas e bebidas típicas, num ajuntamento de parentes e amigos, sem contar as fogueiras.

Depois das queimas de fogos, todos sabem que vem outra onda do vírus, inclusive com outras cepas mais perigosas em termos de contaminação e mortes. A vacina se arrasta, ou porque são escassas, ou porque tem município que para tudo em final de semana, caso de Vitória da Conquista, cuja Secretaria da Saúde apresenta uma justificativa fajuta de queda na demanda. Assim, São João, São Pedro e Santo Antônio vão ter que ficar desolados.

Nesse nosso Brasil, esse meio de campo está todo embolado e bagunçado, batendo cabeça, e o inimigo dando de goleada. Cada município faz o seu critério de imunização, inclusive com a tal hora marcada que não funciona nesse país atrasado onde milhões não têm internet, e quando se tem, não se consegue agendar porque os aplicativos emperram e os telefones ficam tocando uma musiquinha. Do outro lado, milhares, por insensatez, deixam de tomar a segunda dose.

Assim é o Brasil que insiste em permanecer nos mesmos erros diante de uma pandemia avassaladora. Ele segue no trote com um dos últimos da fila no combate da Covid. Como um país burro, cada abertura das atividades econômicas é seguida de mais um pico de casos e um aumento de mortes, com hospitais superlotados e até falta de insumos médicos e equipamentos.