Em meio ao avanço da revolução industrial do século XVIII, da evolução das civilizações, da tecnologia da informação e do mundo virtual, muitas profissões milenares ainda resistem a todas essas mudanças e insistem em continuar vivas. Elas tiveram suas origens em nossos antepassados, cujos netos e bisnetos agora tentam, com dificuldade, transmitir aos seus filhos, mas somente alguns abraçam a atividade. A grande maioria dos jovens parte para outras carreiras que dão mais dinheiro e visibilidade no mercado. São as chamadas profissões em extinção, e a de alfaiate, entre tantas como a de relojoeiro, serralheiro, sapateiro, ferreiro, amolador de tesouras e facas, é uma delas que ainda é procurada em pleno século XXI.

Como em todas outras grandes cidades, em Vitória da Conquista os alfaiates são contados a dedo, como respondeu Divanei “Sansão”, de 53 anos, que desde os treze anos aprendeu a costurar com seu pai Ausírio Correia da Silva, um dos mais antigos que já faleceu. Seu filho Hélio Correia da Silva, de 70 anos, também fez a mesma caminhada do irmão, mas sua irmã tomou outro rumo. Divanei disse que sua mãe também era costureira. Coisa de família, de pai para filho. Há quanto tempo ainda vamos encontrar um alfaiate no comércio para fazer um terno, uma calça, uma camisa, uma jaqueta ou consertar uma peça que não se ajustou no corpo? Essa pergunta é difícil de responder porque essas profissões estão ficando cada vez mais escassas.

Além da anunciada extinção do alfaiate e outras profissões, a sociedade e o mercado em geral não dão mais valor para elas, e a mídia raramente levanta uma matéria sobre este assunto. Só lembramos do alfaiate, por exemplo, quando precisamos de fazer um conserto ou correção numa peça comprada numa loja. Atualmente, poucas pessoas, somente as mais idosas, compram uma “fazenda”, como se falava antigamente, para mandar o seu alfaiate costurar uma calça, um paletó ou uma camisa. Em tempos passados, quando se encontrava muitos deles espalhados pelas cidades, se dizia “o meu alfaiate é muito bom”, e recomendava o profissional para um amigo. Hoje a pergunta é se ainda existe alfaiate, e aonde encontrar um.