Poema de autoria do escritor e jornalista Jeremias Macário

Você sempre me pede,

Para fazer um poema de amor,

Mas minha veia é nordestina,

De sangue catingueiro da sina,

Que tenta tecer os fios do amor.

 

Você sempre me pede,

Para fazer um poema de amor,

E eu já te amo do jeito que sou,

Seco como pedregulho sertanejo,

Te vejo no meu eu interior,

Com o coração que ainda tem dor.

 

Você sempre me pede,

Para fazer um poema de amor,

E eu sigo como um viajante,

Errante nas asas do Condor,

Não sou do tipo romântico,

Sou mais fechado lacônico,

Mas também fonte de calor.

 

Você sempre me pede,

Para fazer um poema de amor,

Perdão, não sei fazer poema de amor,

Só sei falar dessa injustiça social,

De tanta gente viver desigual,

Na cidade e no sertão sem cor.

 

Você sempre me pede,

Para fazer um poema de amor,

E peço que não me leve a mal,

Sou assim meio bruto e rude,

Talvez seja um sujeito anormal,

Nascido em outro planeta sideral,

Mas que procura cativar sua flor.