Ouço muita gente dizendo por aí que a Covid-19 não escolhe raça, cor, religião e classe social. Quanta a essa última categoria, eu discordo, não que o vírus por si só faça uma opção, mas a grande maioria de vítimas é o pobre que vive num estado vulnerável em termos de nutrição e saúde. Além do mais, precisa se virar para conseguir sobreviver e termina se aglomerando. Não estou me referindo aos imbecis das festas.

Infelizmente, das mais de 420 mil mortes, entre 80 a 90% são pobres. É certo que ricos, celebridades e famosos também se vão, mas em bem menor quantidade. Alguém já viu algum rico nas intermináveis filas dos bancos, na linha de frente do comércio ou nas vacinações tomando chuva e sol nos pontos fechados? Pelo menos em nosso país de profundas desigualdades sociais, essa danada está matando os mais fracos.

A EVOLUÇÃO DO MAIS FORTE

Isso já era previsível. Como já acontece em todas as catástrofes e tragédias, sempre sobra para a pobreza que mora em favelas, morros e barracos apertados com cinco e dez pessoas num amontoado. Como na teoria da evolução darwinista, quem tem dinheiro e poder consegue se safar bem melhor. É a lei do mais forte.

Tem gente endinheirada dando um jeito de sair do Brasil e se vacinar nos Estados Unidos. Nem sonhando, o pobre pode fazer isso. Ainda temos um governo desajustado e suicida que dificulta o andamento da vacinação quando abre a boca para xingar e debochar a China, maior fornecedora do principal insumo para fabricar as doses.

Aqui em Vitória da Conquista, por exemplo, tem falecido uma média de três pessoas por dia, o que é muito, e sempre observo que mais de 90% são moradores dos bairros mais periféricos. Assim tem sido em todo Brasil. Quando morre uma celebridade, a grande mídia, principalmente, faz um estardalhaço, politiza a questão e capitaliza audiência.

Do outro lado, a impressão é que temos um governo nitidamente voltado para eliminar os mais fracos quando chama os brasileiros de “maricas” e ainda faz vídeos mostrando o cancelamento de CPFs, sem falar em outras barbaridades ditas pelo chefe mandatário que insiste no receituário da cloroquina.

Existe aqui um genocídio da pobreza que, além da pandemia, está sendo morta lentamente pela fome. É fatal quando o vírus pega uma pessoa nessa situação. Toda essa mortandade de uma classe social desprotegida poderia ter sido evitada, e o que está ocorrendo é um crime de lesa-humanidade, do qual também somos culpados porque somente poucos ficam indignados.

Sabermos muito bem que existe em nosso país um grupo de neofascistas e nazistas seguidores da morte que desejam a eliminação dos mais fracos. Quando se fala isso, muita gente acha exagero, como não acreditavam que a extrema-direita ia tomar o poder no Brasil, e isolar nosso país do resto mundo.

Por essas e outras é que não recebemos ajuda dos países ricos que têm vacinas e equipamentos de proteção sobrando. O brucutu do ex-ministro das Relações Exteriores disse numa reunião que ser pária também é bom. A população é quem paga por todas essas consequências de um governo descompensado, e os pobres são levados ao sacrifício do alta da morte.