abril 2021
D S T Q Q S S
 123
45678910
11121314151617
18192021222324
252627282930  

:: 2/abr/2021 . 22:27

O PRECONCEITO RACIAL INTERROMPE OS ESTUDOS DE UM MENINO ESCRITOR

Não fosse o preconceito racial, o menino Afonso Henriques de Lima Barreto, nascido em 13 de maio de 1881, quando o mulato Machado de Assis lança, no Rio de Janeiro, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, e Aloísio de Azevedo publica “O Mulato”, tinha tudo para ser um grande aluno. Isolado e excluído, o único consolo eram as leituras na Biblioteca Nacional e as visitas à capelinha do Apostolado Positivista.

Em “Literatura Comentada”, da Abril Educação, o crítico Antônio Arnoni Prado fala do grande escritor que foi Lima Barreto, cujas obras foram marcos de uma literatura realista/naturalista de transição para o modernismo entre os séculos XIX e XX. Seu pai, João Henriques era tipógrafo nas oficinas do Jornal do Comércio e do Jornal A Reforma, e sua mãe, Amália Augusta, professora que contraiu tuberculose e morreu em 1887.

Lima Barreto tinha mais quatro irmãos e veio numa época muito difícil para a família quando sua mãe faleceu. Com seis anos frequentava a escola pública, quando o pai ingressou no movimento de resistência liberal e publicou uma tradução do “Manual do Aprendiz Compositor”.

Dedicado, Lima Barreto passa com brilho pelo curso primário e pelos exames da Instrução Pública que lhe deram condições para entrar no Liceu Popular Niteroiense. Internado, o menino só vê a família aos sábados. Deprimido e solitário pela discriminação, pensa em se suicidar aos 15 anos.

Em 1895 transfere-se para o Ginásio Nacional. No ano seguinte conclui os preparatórios no Colégio Paula Freitas para o ensino superior. Em 1897 ingressa na Escola Politécnica. Em 1902, ainda na Faculdade, começa a colaborar em “A Lanterna”, órgão da mocidade das escolas superiores. Assinava como Alfa Z e Momento de Inércia.

Na escola, Lima Barreto era perseguido pelo professor Licínio Cardoso, com constantes reprovações injustas, e sofria de forte discriminação racial. “Seu sentimento de revolta, suas atitudes pessimistas e seu complexo de inferioridade aumentam”. Nessa época, seu pai enlouquece. Para cuidar dos irmãos e da saúde do pai, abandona a Faculdade.

Em 1903 ingressa como amanuense na Secretaria da Guerra. Frustrado com a situação, ele começa a beber e a frequentar cafés, livrarias e redações de jornais do Rio de Janeiro. Era o fim do período áureo da boemia literária. Dos encontros nos cafés, conhece Domingos Ribeiro Filho, Lima Campos, Gonzaga Duque e outros. Desses contatos com o meio intelectual, passa a colaborar na “Quinzena Alegre” e em “O Diabo” (revista de troça e filosofia). Depois conseguiu um trabalho na redação de “O Pau”, com Crispim Amaral.

O ingresso no jornalismo profissional se deu em 1905 no Correio da Manhã. Divide seu trabalho com a militância política no comitê do Partido Operário Independente. Em 1907 funda a “Revista Floreal”, para combater os formulários de regras literárias que impediam a projeção de novos talentos.

Finalmente, em 1909, Lima Barreto publica, em Lisboa, seu romance de estreia “Recordações do Escrivão Isaias Caminha”. No ano seguinte, o livro é elogiado por José Veríssimo. Em 1911, o Jornal do Comércio começa a publicar em folhetins seu segundo romance “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, numa linguagem despojada e inconformista.

O escritor aproveita o sucesso para colaborar com a Gazeta da Tarde e publica o romance “Numa e a Ninfa” (relatos folhetinescos). Esta fase, porém, é marcada por penúrias e desgostos familiares. Entrou em depressão e terminou sendo internado no hospício, em agosto de 1914.

Ao sair, intensificou mais seu vício ao álcool e passou a perambular pelas ruas. Certa vez, seu amigo Monteiro Lobato o vê bêbado numa mesa de bar e evita falar com ele por se sentir constrangido. Em 1916 precisa fazer um tratamento de saúde para curar uma anemia profunda, mas continua participando do jornalismo militante de esquerda, apoiando a plataforma do movimento anarquista que desencadeia em 1917, em São Paulo, uma das maiores greves da história operária brasileira.

Lima Barreto aproveita o ensejo e lança o “Manifesto Maximalista”, publicado nas páginas do seu semanário A.B.C., com informações sobre a Revolução Russa. Mesmo fraco, continua sua atividade literária e escreve para a revista “Brás Cubas” e a “Lanterna”. Publica “Os Bruzundangas”, um perfil das mazelas nacionais. Em 1918 é aposentado da Secretaria da Guerra por invalidez. Foi ainda diagnosticado como portador de epilepsia tóxica.

Sua melhor obra para muitos críticos foi “Vida e Morte da M. J. Gonzaga de Sá”, em 1919. Foi novamente recolhido ao hospício e só volta de lá em 1920. Candidata-se por duas vezes à Academia Brasileira de Letras, mas não é eleito. Suas últimas manifestações de rebeldia intelectual foram registradas no romance “Clara dos Anjos”, crônicas sobre o folclore e publicações de suas experiências no hospício, contidas nas páginas do “Cemitério dos Vivos”.

A miséria e os delírios do pai louco esgotam suas forças para escrever, e Lima Barreto morre de colapso cardíaco, em 1º de novembro de 1922, nove meses depois da realização da Semana de Arte Moderna. Ele nasceu no realismo/naturalismo e viveu no simbolismo. Na verdade, foi um precursor do modernismo, numa autêntica literatura, “voltada para os problemas existenciais do indivíduo em face da sociedade”.

Em nosso próximo “Encontro com os Livros” vamos comentar uma das suas importantes obras da literatura brasileira.

UM CICLO VICIOSO DE CONTAMINAÇÃO

NÃO É JUSTO, OS JOVENS QUE VÃO PARA AS BALADAS ESTÃO TENDO PRIORIDADE NOS LEITOS DE UTI.

Sai uma festa de tradição cultural e entra outra, e tome comemoração, numa pandemia que já ceifou a vida de mais de 325 mil pessoas, uma população inteira de Vitória da Conquista. No Brasil, principalmente na Bahia, os eventos se sucedem numa progressão proporcional da doença através das aglomerações. É um suicídio coletivo! “Gente estúpida”!

Esse ciclo vicioso de contaminação indica que a pandemia ainda vai perdurar por alguns meses, e só pode baixar com a vacinação em massa, que sofreu atrasos e continua num ritmo lento. Ninguém quer cortar sua tradição, como bem vimos no São João passado com uma multidão comprando ingredientes nas feiras e mercados para festejar com as famílias, amigos e parentes.

Depois do São João vieram as eleições, e depois as comemorações de final de ano. O ritual de estupidez é sempre o mesmo, seguido de um aumento nos índices de infecção, superlotação nos hospitais e mais gente morrendo. No início de fevereiro tivemos os carnavais clandestinos incentivados pelas lives da turma do axé baiano.

Agora é a Semana Santa e os Ovos de Páscoa, com as peixarias, feiras e supermercados cheios de consumidores ávidos para fazer mesas fartas com vatapá, caruru e outras comilanças. Como no Natal, a Sexta da Paixão é o tempo que as pessoas mais se empanturram com comidas e bebidas quando deveria ser o contrário, como recomenda a religião. A tradição da festa, carregada de comidas, ultrapassou a religiosidade.

Esse quadro de insensatez serve para estampar um dos maiores paradoxos brasileiros. De um lado, uma camada mais pobre se aglomera nos mercados para comprar peixe, camarão, dendê, quiabo, castanha e outros ingredientes para a festança. Do outro, vemos imagens de casebres famintos, de geladeiras e panelas vazias, com crianças e adultos que mal fazem uma refeição por dia.

Não dá para entender esses absurdos de desigualdade social de uma pobreza, que ainda consegue um dinheirinho para cumprir a tradição de uma Semana Santa, dentro de outra ainda pior de extrema pobreza que passa fome e não vai ter o peixe na mesa para seguir o preceito.

Dentro de mais 15 ou 20 dias vamos ter outro avanço da doença, praticamente coincidindo com o São João de junho, para completar o chamado ciclo vicioso da contaminação. Enquanto isso, as vacinas chegam aos tiquinhos, numa velocidade de uma carroça.

 

AS FLORES DO MEU QUINTAL

 

Elas estão em várias partes das nossas cidades, mas são despercebidas pela grande maioria que vive na corrida desenfreada pela busca do dinheiro e, consequentemente, da sobrevivência. São as flores que até são pouco decantadas pelos poetas que no romantismo serviam de inspiração para belos poemas de amor e gratidão pela vida. Elas sempre foram as musas da natureza. Em meu quintal, as flores me deixam menos tenso, principalmente nesses tempos tão difíceis de pandemia e crise política, econômica e social, com tanta pobreza. Estão sempre nas lentes da minha máquina. Precisamos olhar mais para as flores quando passamos por uma por que eles nos saúdam. Uma parada pode ser confortante e pode lhe dar a resposta que você tanto procura para seu problema. Vamos apreciar mais a natureza que pode nos fazer mais tolerantes com os outros. Tente refletir sobre o ministério contido na flor, e sua  vida pode ser bem melhor nesse universo desconhecido.

SE O TEMPO PUDESSE VOLTAR

Poema mais recente do jornalista e escritor Jeremias Macário

Ah, se o tempo pudesse voltar,

E mudasse o rumo do vento,

Escolhesse outro conquistador,

Com uma história de Brasil vencedor.

 

Ah, se o tempo pudesse voltar,

Para proibir toda escravidão,

Levar água e comida ao nordestino,

E a todos dar um bom destino,

 

Ah, se o tempo pudesse voltar,

Para garrotear uma ditadura militar,

Onde nosso povo fosse livre e feliz.

 

Ah, se o tempo pudesse voltar,

E impedisse a derrubada das florestas,

Para termos o puro ar para respirar.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Para recuperar o tempo perdido,

E melhor entender o caminho da vida.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Não magoaria o sentir de tanta gente,

E regaria sempre a minha semente.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Não jogaria lixo na pista e no mar,

E aproveitaria mais o tempo para amar.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Repetiria as boas ações que fiz.

E cortaria todos os males pela raiz.

 

Ah, se pudesse voltar ao tempo,

Mas o tempo não pode voltar,

“E agora José? E agora José”?

O jeito é ter coragem e fé,

Remover a pedra do caminho,

Porque você ainda tem tempo,

Pra seus sonhos reconquistar.





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia