:: 21/jan/2021 . 22:26
SÓ AS AVES CONSEGUEM
Bem em frente, na porta do nosso Espaço Cultural a Estrada, onde há dez anos são realizados nossos saraus (interrompidos com a pandemia), uma espécie de pássaro (topete vermelho) fez um ninho majestoso e criou seus filhotes. Tivemos o cuidado de preservar a árvore (florida durante todo o ano) que já estava dificultando a abertura da porta. Discretamente sempre olhava, e fiquei a imaginar o quanto é imensa a sabedoria da natureza. O que mais me chamou a atenção foi a perfeição e o cuidado que o casal teve para montar a casa para seus filhotes. Só as aves conseguem essa perfeição, por mais que o ser humano seja um grande artista artesão. Lembrei do João-de-Barro, da coruja, da arara e de outras aves que constroem seus ninhos bem arquitetados e com toda perfeição. Acompanhei toda trajetória desses pássaros, desde a confecção do ninho, feito de fiapos de capim e outras plantas, até as horas que eles traziam alimentos nos bicos para seus filhos. Era uma alegria só! O mais encantador foi quando os pequenos ganharam as asas da liberdade e voaram pela primeira, tornando-se independentes. Só as aves conseguem essa proeza. Sempre eles retornam para visitar o ninho.
MEU CHAPÉU DE COURO
Poema mais recente de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário
Meu chapéu de couro,
Pra casa não leva desaforo,
É como minha viola estradeira,
Que já comeu muita poeira.
Meu chapéu de couro,
É marca do vaqueiro catingueiro,
Das brenhas do espinho quebrador,
Do sertão valente do Nosso Senhor,
Que derruba touro brabo fugidor.
Meu chapéu de couro,
É símbolo desse engaço nordestino,
Do cangaceiro e do pistoleiro,
Cravejado como do Virgolino Lampião,
É o mesmo que com a mão implora,
E aos céus ergue a sua oração,
Pai Nosso, Ave Maria, Nossa Senhora,
Abençoai seu filho e proteja seu destino.
O meu chapéu de couro,
Aguenta chuva, sol e sequidão,
Não é de ouro, é da cor do agreste,
É como o do Gonzaga, rei do baião,
Nasceu da labuta dessa mãe terra,
Da chibata do coronel do reio cru,
Mas foi louvado por nossa gente,
No rodeio e no canto do repente,
Resistente como o nosso Nordeste,
E imponente como o pé do mandacaru.
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