Eles estão avançando e destruindo nossa cultura, nossas florestas, nossos campos, nossos rios, nossos animais, nossos lares, nossa liberdade, nossos centros de pesquisas e nada fazemos para impedir toda essa insanidade. A história um dia vai nos julgar e nos condenar como cúmplices desses crimes de lesa-humanidade.

Rasga em meu peito a dor de ver a nossa cultura e o meio ambiente sendo tratados em meu país como quinquilharias que não têm muita serventia para o ser humano. Como lixos descartáveis, um está sendo visto como instrumento perigoso, coisa de esquerdista comunista, e o outro como meio que pode ser desmatado e queimado para virar lucro para os capitalistas. Este cenário de retrocesso entristece o cidadão, e faz perder o orgulho pelo seu Brasil.

Rasga em meu peito a dor em ver o nosso patrimônio material e imaterial sendo aos poucos destruído por um governo de bárbaros que abrem a boca para falar em “Deus, Pátria e Família”, mas pisoteiam a nossa cultura, envergonham o nosso país lá fora, com imagem de atrasados, e tomam atitudes de intolerância contra homossexuais, negros e outras categorias excluídas há séculos, negando a própria existência de um Supremo uno para todos.

QUAIS VALORES?

Que valor de pátria é esse em que ela está sendo humilhada e submissa por uma potência em decadência? Tudo isso só pode ser psicopatia! De que família eles estão falando? Da rosa e da azul? Da família que é desajustada se nela houver um filho gay? Que cultura esses bárbaros querem nos impor e implantar em nossas cabeças? A do preconceito e a da discriminação? De quais valores eles estão falando?

Rasga em meu peito a dor em ver a nossa cinemateca, o orgulho nacional da história do nosso cinema e da nossa gente, sendo abandonada como um depósito de tralhas velhas que podem ser jogadas na fogueira do ódio. Seus arquivos estão sendo consumidos pelas traças e os cupins. Pelo desleixo e irresponsabilidade, há pouco tempo foi-se o nosso Museu Nacional, riqueza cultural de uma nação, destruído pelas labaredas do fogo.

Rasga em meu peito a dor em ver livros sendo queimados porque seus autores se tornaram críticos do governo bárbaro neofascista, ou porque seus escritos, na concepção dos negacionistas da ciência e da vida, são “imorais” e não devem ser lidos porque expressam ideologias diferentes. Doe muito ver a propaganda do desestímulo à leitura, e o menosprezo pelo conhecimento e pelo saber.

Em toda a minha vida, nunca imaginaria ver as linguagens artísticas e os artistas de um modo geral, almas de qualquer nação, sendo apagados pela borracha maldita da ignorância, sem o devido apoio para seus trabalhos. Um teatro, um cinema, um espaço cultura, uma biblioteca ou uma livraria que fecha sua porta é como mais uma luz que se apaga e nos leva à escuridão. Representa a volta para um período medieval.

Doe muito um casarão antigo ruir pelo desgaste do tempo e, em seu lugar, erguer um templo do capital. As pessoas parecem que estão anestesiadas pelo invento da tecnologia das redes sociais e perderam o sentimento pela cultura. Não mais importam que suas liberdades de expressão sejam ameaçadas pelos bárbaros que invadiram as nossas casas, para enaltecer a homofobia, o racismo e a violência.

Primeiro castraram a educação para que o povo ficasse inculto e a viver no limbo da ignorância. Assim é bem mais fácil ser manipulado e usado como inocente útil, como massa de manobra. Poucos ainda estão posicionados na trincheira da resistência para que a nossa cultura não seja sepultada no cemitério dos esquecidos. Os que ainda lutam, são isolados e discriminados como doentes infecciosos, ou malucos que devem ser internados num manicômio.

O MEIO AMBIENTE ARDE

Assim como a cultura, rasga em meu peito a dor de ver o intestino, as tripas e todos os órgãos do nosso meio ambiente sendo extirpados pela ação dos bárbaros, que querem arar mais terras para nelas expandir suas plantações de grãos e fazer mais pastos para criação de gado. Tudo vale para vender mais soja e carne para o exterior.

Rasga em meu peito a dor de ver o Pantanal e a Amazônia arderem em chamas até serem transformarem num deserto seco, como o Saara africano que há milhares de anos era uma terra produtora de alimentos e abundante em água e animais. Querem tornar o Pantanal num Iraque desértico de hoje onde há 8.000 anos a.C. foi a Mesopotâmia do Crescente Fértil, celeiro agrícola dos sumérios e dos babilônios para todo o mundo.

Rasga em meu peito a dor de tanto ver todos os dias animais silvestres sendo sapecados pelas labaredas assassinas dos homens incendiários da natureza, com o intuito de ganhar mais dinheiro. Os bárbaros pretendem ainda acabar com as restingas e os manguezais para neles montarem suas fazendas de peixes, ou construírem seus balneários.

Com suas máquinas destruidoras, suas metralhadoras e seus fuzis, os bárbaros expulsam os índios de suas reservas para nelas extrair metais com o veneno do mercúrio e outros produtos tóxicos que matam e secam os rios das florestas. Temos hoje uma nação de olhos omissos que se fazem de cegos e não reagem contra a barbárie de um governo que não veio para construir, mas para destruir.

Diante de toda essa barbaridade, ainda saem pregando por aí o lema de “Deus, Pátria e Família”, como se fosse uma boa nova de salvação contra o que eles chamam de “comunistas traidores”. Para os bárbaros, os demais são os “inimigos da fé”, por não concordarem com lunáticos do fanatismo religioso moralista, que escondem suas sujeiras em quatro paredes.