Como numa guerra, onde a maior vítima é a verdade, numa campanha eleitoral, a maior vencedora é a mentira, e o pior é que geralmente seus mentores terminam ganhando o pleito porque os eleitores têm memória curta, a maioria é ignorante, ou ficam cegos quando estão ao lado de seus candidatos. Cada apoiador acha que deve ser assim mesmo para derrubar seu adversário que, por sua vez, usa do mesmo artifício e mente.

É um festival de mentiras quando começa o embate, sem falar das promessas vãs. Todos são pelo social e pela melhoria de vida dos cidadãos, tudo num plano genérico mentiroso. As propostas e os projetos viáveis de serem realizados são as maiores vítimas. Antes, o povo diz que detesta toda essa sujeira política, mas na hora cada um está lá defendendo seu preferido nas ruas, em plena aglomeração, desrespeitando o protocolo de distanciamento por causa da pandemia do coronavírus.

É IMORAL

A Justiça Eleitoral pouco dá as caras, e sempre faz vistas grossas. Vez por outra pega um bode expiatório e aplica umas multazinhas para passar a impressão que está atenta e atuando. Tudo é imoral e prevalece a mentira, que conta com a cobertura da impunidade. Sem uma reforma política séria (eles nem querem falar nisso) de punição com rigor, os candidatos correm soltos praticando suas ilegalidades, e até acontece compra de votos por fora.

O candidato à reeleição, Hérzem Gusmão, diz abertamente que entregou a Via Perimetral J. Pedral, como se fosse uma obra exclusiva dele, quando apenas em seu início de governo fez os acabamentos finais, ou seja os arremates que faltavam. Do outro lado, Zé Raimundo fala da construção do Aeroporto Glauber Rocha que levou mais de 15 anos para ser concluído e teve várias pais como “criadores da criança”.

Quando tratam de números nas áreas da educação e da saúde, sobretudo, o volume de mentiras e contradições explode. A tática é maquiar dados e um rouba o feito do outro. A verdade sobre os fracassos da má gestão sempre é camuflada. Nada de ética nas informações, tão pouco seriedade e mea culpa no que deixou de ser feito, ou nos erros cometidos. Prefiro o termo mentiras à brasileira do que essa tal de “fake news” inglesada norte-americanizada.

A BARRAGEM É OUTRA MENTIRA

Há quantos anos eles estão mentindo para os conquistenses quanto a construção da barragem de abastecimento de água? Quantos aditivos já foram assinados para a concretização do projeto que ainda não saiu do papel? Mentem para os servidores públicos, para os professores, para os usuários do transporte coletivo e, lamentavelmente, traem a educação, a saúde e a cultura.

Aliás, no conjunto da obra, nós eleitores temos uma grande parcela de culpa porque alimentamos e aceitamos as mentiras, a negação da ética e a falta de compromisso, tendo em vista que depois das eleições passamos mais quatro anos sem fazer as devidas cobranças e fiscalizando de perto os seus atos,

Por sua vez, sem uma consciência política formada, votamos numa Câmara de Vereadores de 21 membros (um absurdo de parlamentares) que se torna refém do executivo e a tudo diz amém para conseguir uma obra para seu bairro ou zona rural. O vereador não mais legisla e cumpre o seu papel de fiscalizador.

Mais uma vez, nosso povo é cumplice de todas essas mentiras porque só quer tirar proveito próprio e não pensa na coletividade. Um eleitor quando vai ao gabinete de um vereador é para pedir favor, um cargo, uma ajuda financeira e um emprego para ele, ou para a sua família. Assim se fecha o ciclo da cultura do coronelismo, e todos contribuem para engordar, cada vez mais, as mentiras.

Em tempos de pandemia, a maioria dos candidatos promovem aglomerações, sem nenhum pudor, e os eleitores fundam dentro, colocando a possível vitória do seu político safado e desleal acima da vida, lembrando aquele torcedor fanático e idiota que abre a boca para afirmar que o seu time é a sua vida.

Em Vitória da Conquista, na escolha dos temas, proposto por um veículo de comunicação, os eleitores excluem da pauta das discussões com os candidatos a prefeito, as questões da educação, da cultura e da saúde. Preferem animais nas ruas, calçamentos de ruas e outros secundários. É uma total pobreza de prioridades, mas, pelo população que temos, é compreensível.