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AS DIFERENÇAS ENTRE EURASIANOS E AMERÍNDIOS NA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

No final da Idade Média, ou no Renascimento, a maior parte da Eurásia já era governada por Estados organizados, como os dos Habsburgos, otomanos, chineses, o mogol na Índia e o mongol em seu auge no século XIII. As Américas tinham dois impérios, o dos astecas e dos incas, correspondentes aos eurasianos em tamanho, população, composição política, religiões oficiais e origens.

Até aí tudo bem, conforme relata o autor do livro “Armas, Germes e Aço”, de Jared Diamond, mas os sete Estados europeus (Espanha, Portugal, Inglaterra, França, Holanda, Suécia e Dinamarca) dispuseram de recursos para conquistar colônias americanas entre 1492 e 1666. O uso da escrita nas Américas era restrito às elites em uma pequena região da Mesoamérica.

OS EURASIANOS ERAM SUPERIORES

No tempo de Colombo, segundo o cientista, as sociedades eurasianas, com a escrita, eram muito superiores aos ameríndios na produção de alimentos, germes, tecnologia, armas e organização política. Esses fatores influíram no resultado dos confrontos pós-colombianos. A produção de alimentos começou a suprir uma grande parcela das dietas humana nas pátrias eurasianas cerca de cinco mil anos mais cedo do que nas pátrias das Américas.

A produção de alimentos começou a se expandir, inicialmente, no Crescente Fértil, na China, na Eurásia, nos Andes, na Amazônia, na Mesoamérica e no Leste dos Estados Unidos. Depois do Crescente Fértil, os avanços chegaram com atraso em outras partes do hemisfério.

Quatro motivos que explicam esses atrasos, como conjunto mais limitado de animais e plantas selvagens disponíveis para domesticação, maiores barreiras à difusão e áreas mais isoladas de populações humanas densas nas Américas do que na Eurásia.

Quanto as vantagens, os humanos já habitavam a Eurásia por cerca de um milhão de anos. De acordo com indícios arqueológicos, os humanos só entraram nas Américas pelo Alasca, por volta de 12000 a.C. Espalharam-se pelo sul do Canadá como caçadores Clovis alguns séculos antes de 11000 e chegaram ao extremo meridional da América do Sul em 10000 a.C.

A produção de alimentos já estava surgindo no Crescente Fértil apenas 1.500 anos depois da época em que os caçadores-coletores derivados dos Clovis chegavam ao sul da América do Sul. Houve cinco mil anos de atraso das aldeias produtoras de alimentos das Américas, que foram ocupadas por caçadores-coletores num período de poucos séculos depois da chegada dos primeiros colonos.

O ALASCA E O ATRASO TECNOLÓGICO

Diz o autor do livro, que os antigos agricultores do Crescente Fértil e da China herdaram as técnicas que o Homo Sapiens desenvolvera para explorar os recursos nessas áreas durante milhares de anos. Por outro lado, os primeiros colonos das Américas chegaram ao Alasca com equipamentos apropriados à tundra do Ártico siberiano. Tiveram que inventar equipamentos adequados a cada novo habitat. “Esse atraso tecnológico pode ter contribuído para a demora no progresso dos ameríndios”

Diamond esclarece que a produção inicial de alimentos competia menos com o estilo caçador-coletor nas Américas do que no Crescente Fértil, ou na China, em parte porque quase não havia mamíferos selvagens domesticáveis nas Américas.

No Crescente Fértil e na China, a domesticação de animais veio logo depois da domesticação de plantas, criando um pacote de alimentos que prevaleceu sobre o estilo caçador-coletor. Os animais tornaram a agricultura no Crescente mais competitiva por fornecerem fertilizantes e puxarem arados.

A pequena quantidade de plantas e animais disponíveis no Novo Mundo é exemplificada pelas transformações das próprias sociedades ameríndias após a chegada de outras culturas, como o milho, a lhama e o cavalo.

Os progressos na Eurásia foram também acelerados pela difusão mais fácil nesse continente de animais, plantas, ideias, tecnologia e povos por causa de vários fatores geográficos e ecológicos. O eixo principal leste-oeste da Eurásia permitia a difusão sem mudança de latitude e de suas variáveis ambientais, ao contrário das Américas.

O Novo Mundo era espremido em toda a extensão da América Central, principalmente no Panamá, com suas florestas tropicais, separando as sociedades da Mesoamérica das andinas e amazônicas. Os desertos do |México separam a Mesoamérica das sociedades do sudoeste e do sudeste dos Estados Unidos. Como consequência, não houve difusão de animais, da escrita, ou de entidades políticas. Houve uma propagação limitada e lenta da agricultura e da tecnologia.

A lhama, o porquinho-da-índia e a batata das regiões andinas jamais chegaram às montanhas mexicanas. Por isso, a Mesoamérica e a América do Norte continuaram sem mamíferos domésticos, com exceção dos cães. O girassol domesticado no leste dos Estados Unidos nunca chegou à Mesoamérica, e o peru dessa região não alcançou a América do Sul, ou ao leste dos Estados Unidos. O milho e o feijão, como a abóbora da Mesoamérica levaram mais de três mil anos para percorrer os mil e cem quilômetros de terra cultivada do México ao leste dos Estados Unidos.

CULTURAS E ALFABETOS

Por sua vez, as culturas do Crescente Fértil espalharam-se para o leste e oeste com rapidez suficiente para evitar a domesticação independente da mesma espécie, ou a domesticação de espécies relacionadas. As barreiras dentro das Américas propiciaram o surgimento de muitas dessas domesticações paralelas de culturas.

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