Sempre se ouve por aí que política é pura sujeira e costumam incluir todos no mesmo saco dos corruptos e oportunistas, sem caráter, princípios e ética, mas quando começam as eleições, todos, por interesses particulares, caem dentro como porcos em lavagem, cada um para defender seu ladrão. Nós brasileiros, nos alimentamos da incoerência e seguimos aquela cultura secular do assistencialismo, para permanecermos no país da pobreza e da miséria.

Mesmo no curso da pandemia, as imagens das aglomerações nas campanhas pelo interior a fora não negam. Até mesmo antes da corrida oficial, todos estão lá no ajuntamento, pulando, soltando fogos e fazendo suas zoeiras na torcida pelos seus candidatos, tudo por um lugar ao sol, ou à doce sombra na sua Prefeitura e na Câmara. Definitivamente, não existe essa de ideologia. Fazemos de conta que a briga é por um país melhor e sem injustiças sociais. O negócio mesmo é mamar nas tetas da nação.

UMA VERSÃO MELHORADA

No embalo da festa, que muitos “entendidos do riscado” chamam de cívica e democrática, o Bozó, lá do alto do seu trono, resolveu, que ele também não é besta, dar uma de Lula à direita, anunciando seu Renda Cidadã, uma versão melhorada do Bolsa Família, com mais “dindim”, para cair mais votos nas urnas a seu favor e levantar sua popularidade de “mãe dos pobres”.

Para justificar os fins e sobrar uma grana para seu populismo, o governo federal falou em tirar recursos do Ministério da Educação e em dar um calote nas dívidas dos precatórios. Afinal de contas, para que educação e cultura nesse país onde os próprios brasileiros preferem sepultar o conhecimento e sair por aí proferindo um monte de besteiras nos botecos da vida, desde que tenham um dinheirinho no bolso para tomar umas geladas e comprar um carrinho e um celular.

A briga agora é entre os ministros fura-tetos e os contra. Lembra aquele animal que popularmente é conhecido como furão. Enquanto isso, cada semana sai mais um retrocesso contra as conquistas da sociedade. Do lado do Ministério do Meio Ambiente retira-se a proteção às áreas de restingas e manguezais. Por sua vez, o Ministério da Educação, chefiado por um homofóbico, baixa um decreto excluindo as pessoas com deficiência a frequentarem escolas do ensino normal, ou inclusivas.

O saber dá muita canseira e queima os neurônios. O conhecer é coisa de esquerda comunista metido a intelectual. Melhor mesmo é ser teleguiado, sem consciência política e massa de manobra, mas com uma renda esmola. Para que progredir na vida com seu próprio esforço e trabalho, se ela é mesmo passageira? Vamos mesmo no varejo, na mesma toada de sempre, tocando a mula ao estilo brasileiro, ou dançando conforme a música, sem pressa de avançar! Melhor ficar na roça no cabo da enxada, do que ir para escola aprender a lição!

QUEREM  É QUEIMAR O FILME DELE

Diante de tudo isso, campeia, ou navega a corrupção em mar aberto, de vento em popa, sem mais essa de investigações dessa Força Tarefa da Lava Jato. Deixa os meninos curtirem suas estripulias de pestinhas danados e ficarem bem escolados nas roubalheiras! O povo já se acostumou com esse jogo, e até gosta da brincadeira! Acha divertida a competição cheia de truques, tramas e golpes de mestre, como acontece num filme de efeitos especiais.

Os esquemas de estratégias de roubo têm audiências garantidas com milhões de visualizações para os mais espertos que conseguem sair do fogo cruzado. No final, os arquivos vão ser mesmo arquivados! Tudo começa novamente, e todos serão felizes para sempre! Agora, a tática política é inocentar Lula de todos os processos para queimar de vez o filme do ex-juiz Sérgio Moro, e eliminar suas pretensões de se candidatar a presidente da República. Quem é seu maior desafeto, depois de ter sido endeusado?

As mordomias das castas, os privilégios e os supersalários já fazem parte do nosso roteiro cultural, bem como os “lalaus” que dão mais atração. Afinal, eles são os maiores protagonistas, senão não existiria o papel disfarçado dos “capas pretas” para dar algumas sentenças e depois mandar soltá-los, com galhardia e glamour nos falatórios técnicos e políticos.

O Congresso Nacional já tem seu palco teatral bem armado e encenado para animar a galera, e olha que a plateia de adeptos é animada e só faz crescer. No lugar dos bacalhaus do Chacrinha, joga-se pacotes e mais pacotes de leis recheados de cédulas para as bancadas e, vez por outra, umas sobras do banquete para o povão. É um barato em cada sessão! Somos um pais bem criativo, divertido e inovador! Acabar com tudo isso, perde-se a graça!

É TUDO BALELA DE FILME REPETIDO

Para misturara uma coisa com outra, para não ficar muito monótono esse papo, os “visionários de plantão”, travestidos de profetas (já assisti muito a esses filmes de se dizer que tudo não será mais como antes) estão por aí propagando que depois que passar a pandemia da Covid-19 (não se sabe quando), tudo será diferente e que até a humanidade vai ser mais solidária, boazinha e humana uns com os outros.

Tem gente por aí prognosticando que as lojas comerciais e os escritórios físicos vão se acabar, e que todo mundo só vai comprar no virtual, no on-line. Ninguém mais vai sair de casa para comer fora e fazer compras nas feiras e supermercados. É tudo balela de “sabichões” metidos a gênios e querendo aparecer. É papo para boi dormir.

Quando essa onda da peste do vírus passar, tudo vai voltar ao seu normal, com muita gente jogando conversa fora nos bares e restaurantes. As pessoas vão continuar indiferentes nas ruas, nos ônibus e nos metrôs.  Por enquanto, o ódio, a intolerância, o preconceito e a tendência pelo moralismo conservador de extrema-direita vão continuar ganhando mais espaços nas telas dos filmes de terror.

Cada um vai manter seu individualismo egoísta, puxando a sardinha para si, sem pensar no coletivo. As vendas pela internet e presencial vão voltar ao seu ponto, no mesmo ritmo crescente do consumismo. De uma coisa se tem certeza, que é o aumento da ignorância, da alergia pela leitura de livros e do menosprezo pela arte e pela cultura.