Poema inédito de autoria do jornalista Jeremias Macário

Galopeia, galopeia,

O cavalo deus rei galopador,

No sereno orvalho do prado,

Na poeira do cascalho da areia.

 

Desceu do Olimpo o cavalo,

Para nas bigas ser gladiador,

Poderoso como o Prometeu,

Veloz na arena como vencedor,

Rei deus da ventania a cavalgar,

Lenda guia na viagem milenar,

Esperado como deus inca-asteca,

Da América ao Novo Mundo veio.

 

Do cavalo o homem sugou sua força,

Pra cortar serras e matas da mãe terra,

Nas andanças invadir e colonizar,

Oprimir pela arma e matar na guerra,

Com aço espalhar germes e doenças,

E ainda impor suas fanáticas crenças,

Como nas Cruzadas das matanças.

Templários cavaleiros dos mistérios.

 

Cavalo-vaqueiro nos rastros da res,

Nos agrestes dos engaços do Nordeste,

Das Volantes no cerco à Coluna Prestes,

De valentes tenentes rumo ao Pantanal,

E sem ele não teria Caubói faroeste,

Nem o som da divina canção do genial,

Assovio italiano de Ênio Marricone,

Nas filmagens áridas de Sérgio Leone.

 

Campolina, manga-larga machador,

O puro sangue mustang e o árabe,

Pelo deserto beduíno o alado voou,

Na África teve que arrastar escravos,

No oeste dos bravos puxou diligências,

Com Pizarro executou o rei Ataualpa,

E Cortez prendeu o asteca Montezuma,

Tudo pelo ouro pra suas excelências.

 

No frio russo como máquinas biônicas,

Guerreou nas batalhas napoleônicas;

Júlio César no rio ergueu sua espada,

Lançou a sorte e foi rei dos romanos,

E o sanguinário Átila usou seus cascos,

Pra queimar toda grama por onde passou,

E os mangoiós adoravam como deus animal,

O feroz que lutou até a I Guerra mundial.