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:: 2/jul/2020 . 23:06

EM REFEIÇÃO

Depois de pegar no pesado durante todo dia de trabalho, puxando carroça pra e pra cá, felizmente ele teve seu descanso merecido e saiu por aí até encontrar sua refeição sossegada num terreno vazio, com muito capim nesses tempos chuvosos. Ainda tem gente, inclusive carroceiros ingratos e brutos, que praticam agressões e surram animais fazendo pegar peso e trabalhar além do seu limite. Como ele, o burro, seu irmão jumento, também sofre e ainda está sendo levado ao matadouro para servir de carne e pele para os chineses. São animais em extinção que já ajudaram muito o homem, principalmente o sertanejo nordestino, no sustento da família. É muita ingratidão. Este a pastar foi um flagrante do jornalista Jeremias Macário que, com sua máquina, clicou sua bela refeição do dia. Ninguém sabe do seu dono, mas o bom é que naquele momento ele estava se sentindo livre e à vontade.

DE LIVRO NA MÃO

Poema (atualizado) de autoria do jornalista Jeremias Macário

O Brasil vai ter armas nucleares,

Cortar nossa magra educação;

A cultura definhar como cambito;

Todo povo viver em corrida manada;

O meio ambiente sumir pelos ares,

No buraco negro fundo do infinito;

A Amazônia, uma fazenda de boiada;

Os índios morrendo de calamidade;

E todos de armas em punho sem lição.

 

De livro e com a escrita na mão,

Me livro das armas e dessa cilada,

Do soldado a torturar e a matar

Negros e pobres nos tiros favelada.

 

Não vou ser mais lenha na fornalha,

Nem ser boi ferrado, caça de caçada,

Inocente útil de cabeça fútil dominada,

Nem cangalha dessa tropa de canalha.

 

Vou de livro na mão e sair da contramão;

Ser poeta pra falar de razão, amor e dor;

Voar alto e livre nas asas do Condor,

Pra condenar quem nega a ditadura,

Planta veneno e esconjura nossa Sofia,

Mente que não existiu porões da tortura

E ainda tenta roubar o livro da nossa mão,

Pra nos fazer de massa guia de manobra,

Pau mandado e reio cru pra toda obra.

 

CONQUISTA PODE VOLTAR A FECHAR

Precisou realizar uma pesquisa em São Paulo para constatar que os mais pobres e miseráveis estão sim no grupo dos vulneráveis ao coronavírus por vários fatores já conhecidos. Desde março que venho comentando sobre essa questão pelo simples fato do ambiente onde mora esta camada em casebres apertados, sem água potável e serviços de saneamento básico, sem uma alimentação adequada (milhares passam fome) e pela necessidade de deslocamento constante das pessoas para trabalhar, como informais ou não, para a própria sobrevivência.

No entanto, não é este o assunto do qual pretendo abordar. Quero focar a situação da Covid-19 em Vitória da Conquista onde cerca de 800 moradores já foram infectados e, por pressão dos comerciantes e empresários em geral, o prefeito, ou o comitê de crise, resolve abrir as portas de praticamente todas as atividades, inclusive academias, bares e restaurantes. Mesmo com todos cuidados, a população insiste em sair às ruas, muitas das vezes sem precisar.

Como apontam os dados diários de contaminados, os casos só fazem aumentar, e a tendência é que dentro de pouco tempo, o prefeito Hérzem Gusmão, que sumiu e não aparece em entrevistas, como faz o seu colega amigo de Salvador, vai ser obrigado a endurecer novamente e determinar o fechamento das lojas e outros setores da economia, como está ocorrendo na vizinha Itabuna. É só uma questão de tempo e, não é necessário ser especialista ou infectologista, para prever esse retorno do arriar as portas.

Pela sua situação geográfica, numa encruzilhada entre os estados do Sudeste e Nordeste e ponto de entrada e saída para várias cidades da região, Conquista recebe muita gente de fora, sem contar que é uma central de abastecimento comercial e referência na área da saúde. Diariamente, entram centenas de pacientes vindos de várias partes à procura de tratamento, inclusive do coronavírus.

Entendo que essa reabertura geral está sendo precipitada, e o número de infectados pode subir ainda mais, como está acontecendo nas grandes cidades baianas (Feira de Santana, Juazeiro e Ilhéus). Esse abre e fecha cria mais incertezas e abala até o psicológico das pessoas, principalmente daquelas que leva esse vírus a sério e cumpre as regras de isolamento, porque a maioria nem está aí para a pandemia.

Não é somente em Conquista que os dados estatísticos só fazem subir, mas em todo Brasil, um país precário em todos setores, com um povo sem instrução e indisciplinado que só obedece aos decretos e leis na base do ferrão e do policiamento ostensivo, sem contar a ausência de uma liderança central de um presidente que trabalhe em sintonia com estados e municípios.

Por essas e outras, talvez o Brasil seja o único país do mundo a baixar o número de infectados e a sair dessa pandemia, a não ser através de uma vacina. Infelizmente, nosso país é um caso único de bagunça geral onde até corruptos se aproveitam para roubar, Os governantes não respeitam nem os mais de 60 mil mortos e depois agem com falsidade e hipocrisia fazendo campanhas políticas de homenagens. Não acredito nesse embuste de “lamentamos”.





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