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:: 1/jul/2020 . 1:05

O MARCO DO SANEAMENTO BÁSICO E A DESCONSTRUÇÃO DO NOSSO BRASIL

Seria interminável fazer uma lista das metas propostas ao longo desses anos direcionadas ao desenvolvimento social, à saúde, à economia, à educação e de outros setores da nossa vida nacional que deixaram de ser cumpridas. Inúmeras ficaram para trás, perdidas pelo caminho da corrupção e da má gestão, sem contar que muitas instituições e órgãos foram destruídos, e o nosso Brasil só faz retroceder aos olhos internos e externos do mundo.

Agora, o Congresso Nacional aprovou o marco regulatório do saneamento básico para que até o ano de 2033 mais de 90% das habitações brasileiras tenham o serviço de esgotamento sanitário (mais da metade da população não têm saneamento) e água potável, que falta nas casas de 36 milhões de brasileiros.

Esse marco será prorrogado

Pelo andar da carruagem, não é questão de ser pessimista, mas recomendo aos otimistas mais jovens anotarem em suas agendas ou celulares e acompanhar esse processo até o ano 33. Não sei se chego lá para comprovar minha posição, de que esse marco será prorrogado por várias vezes.

Para citar um caso mais recente, alguém lembra aí do programa que obriga todas cidades de porte médio e grande construírem seus próprios aterros sanitários, acabando de vez com os lixões proliferadores de doenças e miséria?

Pois é, já faz mais de dez anos, e essa meta já foi adiada por várias vezes por desculpa de falta de recursos e outras justificativas esfarrapadas, mas tudo se resume na falta de planejamento, decisão política e seriedade em reduzir a desigualdade social e a degradação humana de tanta pobreza.

Depois de prontos e anunciados, os marcos e propostas ficam nas gavetas e caem no esquecimento. Só voltam a ser lembrados quando estão próximos do vencimento do prazo. Então, entra a pressão dos agentes políticos, estaduais e municipais para serem prorrogados por mais alguns anos. Coisas que só acontecem em nosso país. De antemão, eles (os responsáveis executores) já sabem que o plano será postergado.

Enquanto isso, o Brasil continua sendo uma nação doente e enferma terminal, devastada por pandemias, endemias, mosquitos da dengue, zica, chicunkuhya, sarampo, febre amarela, varíola, malária e vírus transmitidos por ratos e morcegos que já deveriam ter sido eliminados, se o Brasil tivesse mais de 90% de cobertura de esgotamento sanitário e água potável para todos.

Como não existe prevenção sanitária, o Brasil gasta bilhões de reais em todos os tipos de vacinas, e o sistema de saúde já vive em colapso há anos, com os hospitais superlotados e milhares morrendo por ano por falta de atendimento médico.

É um extermínio indiscriminado que já poderia ter sido evitado. Os responsáveis por essa matança em massa poderiam ter sido condenados por um Tribunal Internacional de Justiça como crimes de lesa-humanidade.

Toda essa montanha de dinheiro destinada todos os anos à vacinação poderia ter sido economizada para programas sociais (educação, saúde), se alguns bilhões já tivessem sido aplicados, há anos, nos serviços de saneamento básico, de modo que mais de 100 milhões não vivessem nas periferias, favelas e casebres, pisando e respirando esgotos a céu aberto.

DESCONSTRUÇÃO

Não é somente isso que está levando o país ao caos. O Brasil vem sendo desconstruído há anos, principalmente a partir do golpe civil-militar de 1964, com a repressão às liberdades e o desmonte das reformas de base propostas pelo Governo João Goulart.

No rápido Governo Collor, foi aquele desastre. Acabou com a Ancine e outros órgãos, e os marajás continuaram a corroer como ratos o orçamento público. Fernando Henrique Cardoso se concentrou nas privatizações das grandes empresas estatais, como a Vale, Companhia Siderúrgica Nacional e tantas outras. Bilhões de reais foram investidos para recuperar o sistema financeiro, e o social sempre permaneceu sendo secundário.

Os trabalhadores urbanos foram perdendo rendas para o capitalismo e, no campo, a almejada reforma agrária nunca saiu do papel. Até no Governo do PT ela não passou de um arremedo, que cedeu às pressões da elite burguesa.

Com o tempo, acabaram com os grandes projetos estruturados por economistas de renome internacional, como a Sudene, o BNDES e até a Petrobrás, desmantelados pela corrupção voraz. Os Correios é uma empresa falida, e perdemos a confiança dos investidores do exterior.

Atualmente, entrou um Governo que não veio para construir, mas para destruir com os restos que ainda sobraram da educação, da saúde e de outros setores essenciais para o desenvolvimento sustentável do Brasil.

O Ministério da Saúde passou a ser Ministério das Armas, ou da Bala. Na educação, uma verdadeira Torre de Babel, culminando com a indicação de um embusteiro plagiador de títulos e diplomas de mestrado e doutor.

O meio ambiente está sendo destruído através do desmatamento da Amazônia e extermínio dos índios, sobretudo agora com o coronavírus. Temos um capitão-presidente que é contra a ciência e ataca as populações mais excluídas. Consegui acabar com a cultura e o Ministério do Trabalho e tem um pacote pronto para fechar os restantes das estatais a preços de banana.

Para não prolongar, porque a lista de desmandos e má gestão é extensa, infelizmente, esse é o quadro de um Brasil em desconstrução, que agora entrou em retrocesso total e desacreditado.

O povo padece de memória e vai aos reboques de governos que transformaram o público em coisa privada. As desigualdades sociais se aprofundaram. A pobreza e a miséria só crescem. O futuro é incerto, e as metas não são cumpridas, como vai ocorrer com o marco do saneamento básico.

 

 





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